foto Lusa-Público, hoje
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Espontaneamente generosos e verdadeiros, os líderes executivo e ideológico de Abril, Salgueiro Maia (cuja determinação foi hoje recordada na Assembleia da República pelo Chefe de Estado) e Melo Antunes já não estão entre nós para poderem, mais que com o seu exemplo, com a sua palavra verberar a distorção que farsantes e arrivistas introduziram num processo em que a liberdade e a fraternidade conduziriam a um Portugal novo.
Um sonho, apenas, já que tem sido maior a desilusão que a alegria do acontecimento.
Realmente, a corrupção instalou-se enquanto a desdita da pobreza e da ineficácia se agravaram. Da noite para o dia têm surgido fortunas fabulosas, entre aqueles para quem, exactamente a noite, a escuridão e a opacidade são o meio normal de poderem exercitar o seu obscuro poder.
A data, claro, foi celebrada na Assembleia, com pompa, sim, mas sem circunstância. Um pró-forma burlesco, faz-de-conta hipócrita para tantos e tantos dos que aí se encontravam.
Uma tristeza, já que o espírito de Abril foi traído por uma larga maioria de “espertos” que, simulando servir o país, dele se têm servido à tripa forra.
Governantes e governados – tudo farinha do mesmo saco, em grande parte dos casos – têm abancado à mesa do orçamento sem pudor ou o mínimo escrúpulo, insatisfeitos, conluiados, tão exigentes, muitos, quão incompetentes.
Governantes, note-se, mesmo, e sobretudo, os da facção do PS que ora detêm o poder e que têm o arrojo de se afirmarem socialistas…
Será ainda possível concretizar Abril?
Muitos acreditamos que sim. Mas com políticos doutro jaez que, não se compreende porquê, se têm aquietado.
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4 comentários:
Como dizia o eufemisticamente chefe? "fortunas imerecidas"?... foi o máximo que conseguiu; isso e o advogado (do diabo) tão revolutionary que realmente! - só farsantes. Felizmente, a rua!!!
Abç da B.
Uma vez mais me interrogo: Até quando permitimos que nos enganem? O que será preciso para que os olhos se abram? Um dia, mas quando?...
Mesmo com todos estes farsantes a bloquear-nos,continuo a pensar(e a praticar) que nos vai ser possível construir Abril.
Mas, afinal, que história é essa do espírito de Abril? Descolonizou-se. Está certo, é política. Democratizou-se. Muito bem, continua a ser política.
Agora queremos o desenvolvimento? Pois, aqui já a porca torce o rabo. Se não for com dinheiro comunitário produzido por quem produz a sério, não sei bem como poderá ser. Talvez com os Magalhães que se andam a oferecer a criacinhas que não sabem ler e escrever e com novas oportunidades consigamos resolver o problema em duas gerações.
JR
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