terça-feira, 26 de abril de 2011

CUMPRIR ABRIL

Hoje é impossível deixar um flash fugidio: é preciso fazer uma séria reflexão.

«Vivemos o mais sombrio 25 de Abril depois daquele que há 37 anos» comemorámos euforicamente.


Conjugando esta sensação ontem transmitida por Boaventura Sousa Santos com as sombras que cada vez mais se adensam sobre o regime, como têm, transversalmente, opinado tantos e tantos cidadãos, é altura de sossegarmos o ministro das Finanças lembrando-lhe onde pode cortar mais (passe a ironia).


Não é por muito se ter batido nessa tecla que, governo e “sus muchachos”, deste PS mais os seus neoliberais gémeos do PSD, se convenceram mesmo que o povo não é mentecapto. Nem lhes convém interiorizar isso, antes bem ao contrário.


E quando virá o dia em que seremos capazes de afirmar: acabou o recreio e o receio?


É que o povo está com os olhos abertos e disposto a tudo para mudar o rumo de toda a espécie de abusos a que vai assistindo.


E todos os “governantes” (ou seja - na sua quase totalidade e de uma forma geral - os que se governam) falam vagamente em cortes de despesas, sem as identificar, e em aumentos de impostos.


Mas porque não aceitam eles a sugestão das reduções com as mordomias dos três ex-Presidentes da República (gabinetes, secretárias, adjuntos, assessores, suportes administrativos, carros e motoristas) com o que suponho eles (dois, pelo menos) concordariam face ao momento que se vive?


Assim como a sugestão de diminuição de deputados e o fim das escandalosas mordomias que lhes respeitam?


Assim como a sugestão de acabar com as “baldas” e os gastos desnecessários em que se traduz a manutenção das centenas de Institutos e Fundações públicos?


E porque não acabar com as empresas municipais cujo alcance parece ser apenas o de aumentar os proventos de alguns funcionários municipais?


Porque não se procede a uma reforma drástica das Câmaras e das Assembleias municipais que nem, pelo menos, a do Mouzinho da Silveira em 1821?


Simultaneamente, porque não se aproveita para reformular o número das Juntas de Freguesia e não se acaba com as senhas de presença?


E na mesma onda porque se não põe termo à distribuição de carros a presidentes e assessores das Câmaras assim como à contratação de motoristas particulares 20 h/dia, com o agravamento de horas extraordinárias, na sua generalidade para uso em funções não oficiais?


E não será tempo de acabar com as frequentes e escandalosas renovações da frota automóvel nos organismos públicos? E já agora de colocar chapas de identificação de serviço público para refrear ânimos e evitar escândalos nas utilizações dos mesmos?


Não será tempo de acabar com iguais escândalos que se verificam com as frequentes deslocações de avião, em classe executiva, e com instalações em hotéis de 5 estrelas quando, entre os contribuintes, alguns não têm uma morada condigna?


Não será de pôr termo, quanto antes, aos milhares de pareceres jurídicos, caríssimos, pagos sempre aos mesmos escritórios que têm canais de comunicação fáceis com o Governo, no âmbito de um tráfico de influências que há que criminalizar, autuar, julgar e condenar.


Não será de pôr termo às obscenas reformas que premeiam escassa e fugaz dedicação a instituições oficiais, muitas delas cumulativas?


Não será de controlar seriamente os gastos de muitos milhões com o serviço público de televisão que resultam, sobretudo, para pagar salários milionários a alguns dos seus funcionários?


Não será já tempo, desde há muito, de acabar com o regabofe da pantomima das PPP (Parcerias Público Privado), que mais não são do que formas habilidosas de uns poucos patifes se locupletarem com fortunas à custa dos papalvos dos contribuintes, fugindo ao controle seja de que organismo independente for e fazendo a "obra" pelo preço que "entendem"?


Não será altura de “Criminalizar, imediatamente, o enriquecimento ilícito, perseguindo, confiscando e punindo os biltres que fizeram fortunas e adquiriram patrimónios de forma indevida e à custa do País,
manipulando e aumentando preços de empreitadas públicas, desviando dinheiros segundo esquemas pretensamente "legais", sem controlo, e vivendo à tripa forra à custa dos dinheiros que deveriam servir para o progresso do país e para a assistência aos que efectivamente dela precisam”?


Quando se aplica a lei, rigorosamente, para não deixar um único malfeitor de colarinho branco impune fazendo com que paguem efectivamente pelos seus crimes, adaptando o nosso sistema de justiça a padrões civilizados, onde as escutas VALEM e os crimes não prescrevem com leis feitas à medida e à pressa?


Quando é que finalmente se aplica e cumpre a lei no respeitante à promiscuidade entre os Ex-ministros e as suas ex-tuteladas?


Quando chega o dia de os contribuintes receberem de volta os milhões que taparam o buraco do BPN e do BPP?


E porque vem a talhe de foice, quando se virá a exigir a Rendeiros, Loureiros, Oliveiras e Costa, Varas e outros que tais que, não tendo onde caírem mortos, de início, de repente se encheram mediante ilegalidades, truques e artimanhas – quando se lhes pedirão contas?


Quando se deixará de poupar os banqueiros e se lhe exigirá que cumpram os seus deveres relativamente aos milhões de lucros das suas instituições?


Como vêem, senhores (maus) representantes do povo e senhores (maus) governantes… O que não falta é matéria para corrigir e enfileirarmos por um país de gente decente e feliz!


Projecto original ideal do 25 de Abril, quem não se recorda da célebre trilogia dos três “D”: descolonizar, democratizar e desenvolver?


O projecto ainda está nas covas: descolonizar cumpriu-se, para desgosto de alguns: mas levámos a que as diversas independências florissem perdendo o estatuto de colónias. Porém, em matéria de democratizar retrocedemos, assim como na de desenvolver.


No fundo, ABRIL CONTINUA POR CUMPRIR.




VAMOS EXIGIR QUE SE CUMPRA ABRIL!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

UMA BOA SOLUÇÃO


O velho Alfredo não se mostra surpreendido... Acha é que é "munta fixe" a ideia...


(Luís Afonso/Publico/Opinião/Bartoon/hoje)

NOBRE DEU UM TIRO NO PÉ?

Ouvi-lo na entrevista de Fátima Campos Ferreira, há poucas horas atrás, no 1º canal, foi altamente revelador: o discurso habitual de todo o videirinho acabado de chegar cheio de convicções de iludir todo o mundo. (No fundo é do que se trata).

Não foi um tiro no pé: foi uma metralha cerrada.



Depois de um percurso errático, do Bloco ao PSD, pelo menos, e depois de uma campanha em prol da cidadania contra a diabólica e “repugnante” política (partidária) democrática – sintetizada na tal profissão de fé e jura de inflexibilidade (a Judite de Sousa, como vimos) e na tal afirmação de uma atitude sem concessões e sem equívocos, eis que revela tanta ligeireza e tanta inabilidade como qualquer principiante pouco sensato, pouco certo e pouco seguro. Ao ponto de o patriarca da família real soarista se confessar “estarrecido”.



Afinal o homem não só se equivocou como fez concessões sem dificuldade ao jogo partidário por um preço “especulativo”. E ilusório.

Não sem a cada passo se esconder na falsa capa “do interesse da cidadania” e de Portugal. Tal qual os políticos interesseiros e sem escrúpulos.

Certo que tentou convencer a entrevistadora e todos os ouvintes que se tratou de uma decisão após uma semana de profunda e dura e difícil reflexão.

Mas a encenação não colheu, é claro.



Repito: tem o seu preço, como os mais arrivistas!



Soares manifestou-se (escandalizado e arrependido), mas para outros seus apoiantes deve ser, igualmente, uma novela dolorosa.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

FALAR VERDADE…

Caiu na política de pára-quedas, com um discurso que além de ter convencido a experiente família real socialista cá da paróquia (família Soares), levou à certa alguns outros militantes do mesmo partido igualmente de costas voltadas para Manuel Alegre.

Além de ter sido logo escolhido como candidato por grande parte dos conservadores cá do burgo.



Trazia um discurso convincente do exercício da cidadania no seu estado puro: o mais abrangente que é possível politicamente, livre de vínculos partidários, duma eventual e impressionante verticalidade, duma equidistância sem sombra de contaminação, duma honorabilidade sem preço. O que tudo se sintetizava numa resposta absolutamente unívoca



Afinal, vai-se a ver… Tem o seu preço, como outros arrivistas!

Acabado de chegar ao mundo da política, e logo à respectiva ribalta, e já mostra um conhecimento perfeito de todas as máscaras possíveis de utilizar.

E não é nada modesto nas suas exigências.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

AINDA O XVII CONGRESSO DO PS

Recebi por mail um vídeo do YouTube acerca de uma intervenção do militante do PS Rómulo Machado no Congresso Socialista deste fim de semana.

Não concordo (e recuso-a) com a expressão que foi escolhida para título do filme, mas não vou, só por isso, deixar de o transportar para aqui pelo que a sua mensagem revela de coragem numa reunião tão "reveladoramente unanimista" (!?).

Estranho foi o comentário que se seguiu (ali bem audível) de Almeida Santos. É que das duas uma: ou não constitui surpresa a livre expressão de pensamento de um militante, nos órgãos respectivos do partido, sobretudo - e então a intervenção de Almeida Santos não faz sentido -, ou ela é surpreendente e ousada, e nessa altura o "paternalismo" do presidente do partido é compreensível.

Mas ouçam o que Rómulo Machado, militante socialista, disse no Congresso do seu partido, na tribuna e nos passos perdidos do pavilhão.

domingo, 10 de abril de 2011

E AGORA, “ZÉ”?

. Notáveis no congresso de "unidade" do PS: O ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, ajoelha-se junto à mesa do Congresso do PS, em Matosinhos, diante de outras figuras proeminentes do partido. Na reunião, os militantes do PS cerraram fileiras em torno do primeiro-ministro demissionário José Sócrates. Fotografia: Paulo Pimenta/Público. . . . Está mais que visto que o Congresso de um partido (de qualquer partido) não é o momento azado para virem ao de cima eventuais divergências mais marcantes entre os seus associados. Não é o momento de cavar divisões, mas de construir pontes. Isto, claro, enquanto as coisas estão mornas ou não chegaram ao rubro. De todo o modo, e à cautela, o guião dum desses congressos prevê sempre que os mais críticos falem num momento mais oportuno, ou seja, numa hora mais mortiça: quando a mesa tem apenas um elemento (decorativo - estando a milhas o “estado maior” do partido e o seu chefe) e quando sala está mais vazia. . . . Falando em concreto, do Congresso do PS que hoje terminou em Matosinhos, não foi por acaso que António Vitorino (pena que não no seu normal estado de saúde mental, mas delirante) falou no horário mais nobre para, entusiástica e repetidamente, aclamar o “Zé” (que até parecia um menino modesto, meio encabulado com tais aclamações… Sem entender bem o seu porquê, quem sabe…). O delírio naquela sala atingiu, então, o seu clímax. (Ao ponto de um elemento do Eixo do Mal, pouco depois, e muito verrinosamente ter feito a comparação com uma transmissão da IURD! Que diabo, também é um pouquinho exagerado!) . . . Foi assim que Ana Gomes falou, noite dentro, para meia dúzia de delegados presentes na sala, clamando no deserto que nem tudo tinha rolado sobre esferas com o Governo, e mais umas tantas observações do mesmo jaez, embora sem a contundência que noutras ocasiões é capaz de usar com justeza. . . . Haverá quem seja capaz de dizer umas tantas verdades ao “Zé”, passada a festa e passada esta ocasião de unidade mais aparente que real? . .

sexta-feira, 8 de abril de 2011

ABERTURA DO XVII CONGRESSO DO PS

foto:Estela Silva/Lusa (Net)

Sócrates, hoje, no Congresso


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Conquanto dois dias, apenas, depois da dramática declaração de Sócrates acerca da gravidade da situação do País, o congresso do PS foi um manifesto apoio ao líder. . Bom, no fundo, a festa do PS foi a festa de qualquer congresso de qualquer partido: uma ocasião para fazer uma análise não demasiado contundente da sua situação, para a analisar com perícia, com moderação e com cautelas as medidas tomadas, passando ao lado das questões mais delicadas ou de maior fracasso, para fazer solenes declarações de fé e de esperança no seu programa, para proclamar a certeza no acerto das suas medidas, enfim, um hino e uma apologia do que poderemos referir como a situação dentro do partido – em contraste com alguma eventual oposição, larvar ou de relevo. . Acabado o discurso da consagração do líder e após o fim da festa, foi ver o corrilório das vedetas do partido à volta das televisões, como borboletas atraídas pela luz. E alguns tiveram sorte (suponho que um ou dois prefeririam não a ter tido). Foi assim que vi passar, a um passo das TV’s, para um lado e para o outro 527 vezes o deputado e super-vedeta Ribeiro de Almeida (claro que é uma provocação de exagero, pois ele só rodopiou por ali 39 vezes!). Mas não teve sorte, coitado. E deve-se ter imaginado irracionalmente marginalizado, como não terá compreendido que os media ousassem dispensar as suas declarações. Terá saído derrotado, desta vez, mas sem qualquer desfalecimento no seu ego. .

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De resto tudo correu de acordo com o figurino mais usado. Não sei quem vai convencer o PS (e quem, dentro dele) que, neste momento, Sócrates faz mais parte do problema que da solução.




. (Perdão: esqueci-me de esclarecer que o deputado-estrela do PS Ribeiro de Almeida é no partido mais conhecido por José Lelo. Desculpem: José Lello).


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quinta-feira, 7 de abril de 2011

SÓCRATES E A GRAVIDADE DOS PROBLEMAS

Afinal, e contrariamente ao que prometera, Sócrates viu-se forçado a recorrer à ajuda externa. . Nos bastidores da política passou-se algo de muito grave que precipitou a decisão de declarar ao País essa sua intenção! E tudo se prepara, no canal 4, no sentido de apresentar a mensagem. . Um nó na garganta, quase sufoca o primeiro-ministro. Um turbilhão na cabeça não pára de provocar a pior sensação que alguma vez sentiu. A gravidade da situação é enorme. O peso da responsabilidade, os fracassos por culpas várias, próprias e alheias, um sentimento de angústia e de profunda mágoa por não ter sido capaz de conseguir o melhor para o País, deixam-no prostrado. . Mas não há nada como assistir. Veja, então, aqui. . .
 

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