quarta-feira, 27 de julho de 2011

BREIVIK: O PROTÓTIPO DO “LOBO SOLITÁRIO” E DO RADICAL DE EXTREMA DIREITA

Anders Behring Breivik, quando adolescente, é descrito por seu pai, que vive no Sul da França e não vê o filho há mais de 15 anos, como um jovem apagado e calmo, introvertido, sem amigos.

É este lobo solitário norueguês que, como tudo leva a supor, levou a cabo uma dupla chacina, que provocou 76 mortos em Oslo e na pequena ilha de Utoya na passada sexta-feira, com uma frieza arrepiante.

Xenófobo e violento, é esta insignificante criatura que o seu advogado se prepara para apresentar como louco, no tribunal, numa tentativa da sua irresponsabilização.

Louco, sim, talvez, mas de uma loucura consciente, de uma gélida sensibilidade como todos os radicais da direita extremista, xenófoba e brutal.

No seu extenso relatório de 1500 páginas em que este ser abjecto fundamenta e descreve a sua acção – autêntico manual de terrorismo – ele revela o seu ódio, designadamente, em relação a Portugal, acerca do qual «fala em campanhas de “ataque decisivo” com antraz que deveriam ter como alvo cerca de 11 mil “traidores” em Portugal» (mais exactamente “10.807”! Aprecie-se bem o pormenor!).


Esses “traidores” serão provável e designadamente elementos dos partidos políticos que repudiam a xenofobia. Na verdade, ao referir a «identificação dos partidos políticos dos diferentes países que apoiam o multiculturalismo, o autor refere as seguintes formações portuguesas que apoiarão os “marxistas culturais, os humanistas suicidas e os capitalistas globalizados”: Partido Socialista, Partido Social-Democrata, Partido Comunista Português, Bloco de Esquerda e Partido Ecologista "Os Verdes". Todos estes partidos estão correctamente identificados com os nomes em Português e respectiva tradução para inglês.» Já agora, e «mais à frente o autor enumera também os partidos portugueses nacionalistas ou “contra-imigração”: Centro Democrático e Social - Partido Popular (identificado como “moderado”), Partido Nacional Renovador, Frente Nacional (identificado como micro-partido radical), Partido Popular Monárquico e Partido da Nova Democracia.»


Esta, uma das várias referências a Portugal, como por exemplo estoutra: «No cenário hipotético de guerra civil e de choque civilizacional que Breivik traça para o futuro - e que teria fim em 2083 (daí o título do manifesto: "2083 - A European Declaration of Independence") - o autor enumera ainda algumas instalações vitais em Portugal, como as refinarias do Porto e de Sines, ambas assinaladas como pertencentes à Galp Energia e identificadas pela produção diária de barris de crude. É igualmente assinalado neste contexto o reactor de pesquisa pertencente ao Instituto Tecnológico e Nuclear.»

É demoníaco o cérebro deste ser minúsculo e desprezível!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

VA PENSIERO

Há umas semanas recebi a seguinte mensagem que transcrevo e divulgo

«Actualmente, nos países da velha Europa, vivem-se momentos difíceis que estão a criar movimentos de cidadania contra a desenfreada governação cega de alguns políticos incompetentes (para não lhes chamar outro nome) cujas medidas conduziram ao estado a que as coisas chegaram. Em Itália, país coração da cultura Europeia, o Governo do famoso Berlusconi prepara-se para fazer um corte no Orçamento da Cultura.

O vídeo que segue abaixo mostra uma significativa cena durante um espectáculo em que o maestro Riccardo Muti, em forma de protesto patriótico, pede a colaboração do público na interpretação do 'Coro dos Escravos', de Nabuco.

Aconteceu e foi um momento inesquecível. Riccardo Muti (1941), italiano, maestro e director musical da Orquestra Sinfónica de Chicago, acabara de reger o célebre coro dos escravos hebreus, Va pensiero, do terceiro acto da ópera Nabucco, de Verdi, e o público do Teatro da Ópera de Roma, aplaudia incessantemente e bradava bis! (Cabe lembrar que, para além de sua intrínseca beleza, que é inexcedível, o VA PENSIERO foi também uma espécie de hino informal dos patriotas do Risorgimento - e daí o enorme apelo emocional que preservou entre os italianos.) Que faz, então, Ricardo Mutti? Volta-se para a plateia e, depois de recordar o significado patriótico do Va pensiero, pede ao público presente que o cante agora, com a orquestra e o coro do teatro, como manifestação de protesto patriótico contra a ameaça de morte contida nos planeados cortes do orçamento da Cultura.»


É este o link do vídeo que registou este acontecimento memorável.


Va Pensiero

Va', pensiero, sull'ali dorate.
Va', ti posa sui clivi, sui coll,
ove olezzano tepide e molli
l'aure dolci del suolo natal!
Del Giordano le rive saluta,
di Sionne le torri atterrate.
O mia Patria, sì bella e perduta!
O membranza sì cara e fatal!
Arpa d'or dei fatidici vati,
perché muta dal salice pendi?
Le memorie del petto riaccendi,
ci favella del tempo che fu!
O simile di Solima ai fati,
traggi un suono di crudo lamento;
o t'ispiri il Signore un concento
che ne infonda al patire virtù
al patire virtù!

 
Da ópera nabucco de verdi
 
Vai pensamento, sobre as asas douradas
Vai, e pousa sobre as encostas e as colinas
Onde os ares são tépidos e macios
Com a doce fragrância do solo natal!
Saúda as margens do jordão
E as torres abatidas do sião.
Oh, minha pátria tão bela e perdida!
Oh lembrança tão cara e fatal!
Harpa dourada de desígnios fatídicos,
Porque você chora a ausência da terra querida?
Reacende a memória no nosso peito,
Fale-nos do tempo que passou!
Lembra-nos o destino de jerusalém.
Traga-nos um ar de lamentação triste,
Ou o que o senhor te inspire harmonias
Que nos infundam a força para suportar o sofrimento.
 
 
 
 
 
 
 

sábado, 16 de julho de 2011

NOVO IMPOSTO EXTRAORDINÁRIO: UMA MEDIDA INJUSTA

Vitor Gaspar - qual prestidigitador



Segundo nos transmitia ontem (no Público online) o jornalista João Ramos de Almeida, o pensamento do Governo quanto à universalidade (e progressividade) garantida do imposto extraordinário, agora anunciado, traduz-se no seguinte:
«Só os contribuintes assalariados e pensionistas pagam novo imposto, este ano.»
Mais:«apesar de isentar os juros, dividendos e os rendimentos das empresas, o governo afirma garantir o respeito pela equidade fiscal

Certo que o ministro das Finanças explicou o porquê, presumivelmente aceitável, da isenção dos juros e dos rendimentos (lucro tributável) das empresas. Mas nada disse sobre os dividendos (rendimento do capital). E aí (pelo menos aí) não garante aquele respeito.
Realmente, quando infere que apesar de isentar os dividendos garante o respeito pela equidade fiscal (progressividade e universalidade) está a deixar “patinar” o seu raciocínio, já que, não o justificando, está a admitir o não respeito pela equidade fiscal, no que concerne aos dividendos ou rendimentos do capital, como logo se deixa ver.

E é de notar que o princípio da progressividade também não é aplicado, pois que a taxa é aplicada a qualquer patamar dos rendimentos considerados.

Logo, trata-se de um imposto injusto e agravante apenas (ou de forma mais dura) da situação dos contribuintes mais débeis da classe média e média baixa. Só como atitude demagógica se podem entender as enunciadas universalidade e progressividade.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

A NOSSA DRAMÁTICA SITUAÇÃO

Recebi, já há semanas, o seguinte vídeo. Que encaminho com o comentário que trazia, com que concordo.

«Um vídeo excepcionalmente bem feito e oportuno para despertar as pessoas para uma realidade que tem sido displicentemente subestimada.»

Então veja o vídeo aqui

terça-feira, 12 de julho de 2011

MAIS UMA PROVA DE QUE SE NÃO DEVE SUBESTIMAR O ADVERSÁRIO

Recebi de um amigo a seguinte mensagem:

“Eis uma nova perspectiva sobre o valor político, talvez de radar, do PCP e do BE:” (e envia para artigo do jornal “Económico” a que, pela sua importância, dou honras de APOSTILA, por merecer ser arquivado como testemunho de uma leitura menos habitual)

Em nota, a mensagem sublinha: “o autor é um especialista em filosofia política, e não vem da área da esquerda, pelo menos da mais radical. Julgo que parte substancial da sua formação foi feita com o João Carlos Espada, nesta sua já longa fase de gentleman inglês disfarçado de português.”

Aí se destacam as hipóteses que fazem parte de múltiplas intervenções de políticos dessas áreas:

“Portanto, o destino parece traçado:
- Renegociação da dívida
- Saída do euro” – conclui a mesma mensagem, a que eu acrescentarei que fica provado, uma vez mais, que nunca se deve subestimar o adversário.



Leia, pois, RAZÕES RADICAIS.

sábado, 9 de julho de 2011

FALAR CLARO, E O MÍNIMO POSSÍVEL EM ECONOMÊS

Recebi de amigos este vídeo de uma entrevista a José Gomes Ferreira, responsável da SIC, especialista em assuntos de economia.

A mim, como a muitos, escapou-me esta entrevista.

Alguns estarão a revê-la.

Quer uns, quer outros não perderão tempo se ouvirem (ou reouvirem) com atenção esta curta explicação do responsável da SIC, onde ele fala sem papas na língua e nos explica, “sem espinhas”, em termos por todos entendíveis, uma matéria sobre a qual ouvimos, em geral, pouco esclarecedoras e genéricas referências.

São apenas uns 5 minutos. Vale a pena ouvir.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

AINDA O ESCÂNDALO BPN!

cartoon, relativo ao BPN, cuja autoria não consegui decifrar

Ontem recebi um mail com o seguinte teor, onde apenas alterei as respectivas referências temporais:



“Há cerca de uma semana o Governo anunciou o corte no subsídio de Natal para arrecadar 850 milhões. Há cinco dias atrás foi publicado este despacho, transferindo (mais) mil milhões de euros de dinheiros públicos em garantias para o BPN, para serem entregues a quem ficar com o banco no processo de privatização:


Diário da República, 2.ª série — N.º 125 — 1 de Julho de 2011


É para ali que vai o teu dinheiro!”



É evidente a intenção que emana da conclusão do mail. E, conquanto eu seja de esquerda, sou independente, o que significa que não faço a menor cerimónia com a autocrítica que ele sugere: há realmente algo de demagogo naquele epílogo da mensagem. Porquê?


Muito simplesmente porque há duas perspectivas sob que, necessariamente, se pode avaliar a questão:


a) a que resulta da necessidade de o Estado assegurar a confiança e a credibilidade no sistema bancário, sem o que a economia nunca poderá progredir a favor do país. E aí não apoio aquele espírito;


b) a que emerge da concomitante avaliação da responsabilidade civil e criminal de todos os administradores, gestores e “desinteressados servidores” (!!!???) da instituição levada à falência e que se quer regenerar. Designadamente de todos os aproveitadores que conscientemente actuaram no sentido de arrecadar para si importâncias manifestamente exageradas e impossíveis de corresponderem a uma avaliação séria (onde, claro que se pode incluir Sua Excelência o nosso Presidente Cavaco, atendendo sobretudo à sua formação académica que o não podia deixar abonar-se irresponsavelmente, como todos sabemos que aconteceu. Aquilo que, difícil, mas hipoteticamente, poderia ser levado à conta de ingenuidade em qualquer cidadão comum, nele era impossível de aceitar). Nesta parte estou absolutamente de acordo com a intenção da mensagem.


Posto isto, que concluir:


Que quanto à questão a) se compreende e aceita e exige que o Estado actue em conformidade com essa necessidade de manter a credibilidade e a confiança do sistema bancário. Mas simultaneamente quanto à questão b) deveria levar tão longe quanto possível (deveria apertar o “torniquete” até à última gota, até onde fosse possível) para apurar responsabilidades e fazer repor pelos desastrosos e criminosos gestores tudo quanto fosse possível daquilo com que cada um se “abotoou”, sem comiserações. Declarando nulos, mesmo, os negócios que ainda fosse possível anular para recuperar os correspondentes valores… Obrigando, por exemplo, a penhorar e vender algum super-luxuoso resort em Cabo Verde… A congelar algumas contas bancárias… Sei lá que mais.

Fiz-me entender?









terça-feira, 5 de julho de 2011

"DEPENDE..."


O Alfredo e a sua proverbial acutilância...



(Luís Afonso, Bartoon, em sede de Opinião, Público, hoje)
 

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