cartoon, relativo ao BPN, cuja autoria não consegui decifrar
Ontem recebi um mail com o seguinte teor, onde apenas alterei as respectivas referências temporais:
“Há cerca de uma semana o Governo anunciou o corte no subsídio de Natal para arrecadar 850 milhões. Há cinco dias atrás foi publicado este despacho, transferindo (mais) mil milhões de euros de dinheiros públicos em garantias para o BPN, para serem entregues a quem ficar com o banco no processo de privatização:
Diário da República, 2.ª série — N.º 125 — 1 de Julho de 2011
É para ali que vai o teu dinheiro!”
É evidente a intenção que emana da conclusão do mail. E, conquanto eu seja de esquerda, sou independente, o que significa que não faço a menor cerimónia com a autocrítica que ele sugere: há realmente algo de demagogo naquele epílogo da mensagem. Porquê?
Muito simplesmente porque há duas perspectivas sob que, necessariamente, se pode avaliar a questão:
a) a que resulta da necessidade de o Estado assegurar a confiança e a credibilidade no sistema bancário, sem o que a economia nunca poderá progredir a favor do país. E aí não apoio aquele espírito;
b) a que emerge da concomitante avaliação da responsabilidade civil e criminal de todos os administradores, gestores e “desinteressados servidores” (!!!???) da instituição levada à falência e que se quer regenerar. Designadamente de todos os aproveitadores que conscientemente actuaram no sentido de arrecadar para si importâncias manifestamente exageradas e impossíveis de corresponderem a uma avaliação séria (onde, claro que se pode incluir Sua Excelência o nosso Presidente Cavaco, atendendo sobretudo à sua formação académica que o não podia deixar abonar-se irresponsavelmente, como todos sabemos que aconteceu. Aquilo que, difícil, mas hipoteticamente, poderia ser levado à conta de ingenuidade em qualquer cidadão comum, nele era impossível de aceitar). Nesta parte estou absolutamente de acordo com a intenção da mensagem.
Posto isto, que concluir:
Que quanto à questão a) se compreende e aceita e exige que o Estado actue em conformidade com essa necessidade de manter a credibilidade e a confiança do sistema bancário. Mas simultaneamente quanto à questão b) deveria levar tão longe quanto possível (deveria apertar o “torniquete” até à última gota, até onde fosse possível) para apurar responsabilidades e fazer repor pelos desastrosos e criminosos gestores tudo quanto fosse possível daquilo com que cada um se “abotoou”, sem comiserações. Declarando nulos, mesmo, os negócios que ainda fosse possível anular para recuperar os correspondentes valores… Obrigando, por exemplo, a penhorar e vender algum super-luxuoso resort em Cabo Verde… A congelar algumas contas bancárias… Sei lá que mais.
Fiz-me entender?
3 comentários:
A vida está difícil.
Temos que manter a compostura e deixar que os "presidentes" das mais variadas instituições,tipo República,Sindicato dos Juízes,Sindicato do Ministério Público,Sindicato dos Conselheiros de Estado,etc. "presidam",em liberdade.
Se não,de lixo passamos a cinzas.
Concordo. Mas para que isso acontecesse era preciso que este País tivesse jeito...
Perfeitamente.
JR
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