domingo, 30 de novembro de 2008

ABRIL

Que pena tantos confundirem Abril com ardil, revolução de cravos com extorsão por crápulas!...
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A CONDIÇÃO DOS SEM CONDIÇÕES

Sempre se viu, até nas maiores metrópoles, gente a vasculhar os caixotes do lixo para recuperar o que os outros rejeitaram. Durante muito tempo, tais pessoas tinham, quase invariavelmente, aspecto de indigentes. Verdade que algumas procuravam, mesmo, ali, restos que lhes pudesse, por breve tenpo, acalmar a fome.
E já, mesmo então, se distinguiam aqueles que frequentavam esses locais mais por vício que por necessidade.

Com o agravamento de uma das doenças do século, o consumismo, a maioria dos bens de consumo não perecíveis (móveis, electrodomésticos e outros objectos) passaram a ser jogados no lixo, quando a sua reparação se tornava mais cara que a sua aquisição no mercado.

(Quase tudo passou a ser descartável... Até a amizade, o amor, o respeito, a consideração... etc.)

Daí uma nova categoria de clientes destes “cemitérios”. Alguns desses consumidores pertencendo a uma nova classe, emergente de um nivelamento social por baixo, se não promovido intencionalmente, ao menos conseguido com grande eficácia – a pobreza envergonhada.

E é assim que hoje vemos acorrer àqueles locais maior e mais diversificada casta de fregueses deste novo mercado, existente, quase sempre, a céu aberto, junto dos ecopontos.

Da mesma forma que aí convergem, além dos obviamente indigentes, os curiosos e aproveitadores de bens mais ou menos recuperáveis, ainda que com evidentes sinais de excessivo uso ou má utilização.
Como constatei há dias: um indivíduo com claros sinais de activo trabalhador, mas visivelmente “atirado” para o reino dos proscritos, desempregados, reformados ou outros “socialmente inúteis” (como avalia qualquer yuppie que se preze – ou ex-yuppie, já sénior na actividade -, com certificado de tecnocrata e com guia para qualquer instituição financeira ou negócio de enriquecimento rápido e garantias de futuro promissor, com reforma a condizer), pois o sujeito – ia a dizer – de martelo e alicate em punho, tratava de consertar e aproveitar, junto ao ecoponto onde as encontrara, duas janelas de correr, daquelas de marquise, ainda com os respectivos vidros translúcidos e com, pelo menos, parte da restante estrutura.
E depois de martelar aqui, apertar ali, vergar acolá, apertar de novo mais ali, e martelar, martelar sempre... Por fim lá abala, levando com ele a peça, para qualquer destino ou negócio.

Este, como tantos deles que “esgravatam” naqueles restos e trastes, são dos tais que, se tivessem outro estatuto bem poderiam concorrer a um esses “paradisíacos” lares que o espírito altamente “humanitário” e indisfarçavelmente “solidário” dos seus promotores fazem pagar com escandalosos valores, a troco de tristes condições... (Uma espécie de Valle dos Reis à portuguesa, não é Ivone?)

Mas não: com as mesmas dificuldades com que sempre viveram, assim vão acabar o resto dos seus dias...

Até...

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sábado, 29 de novembro de 2008

SABEDORIA POPULAR – DITOS E EXPRESSÕES...

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(...Força de expressão?...
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Expressão de força?...)

Fazer das tripas coração!

Ultrapassar as maiores dificuldades, vencer qualquer oposição, garantir o êxito ainda que a custo elevado...
A persistente tentativa de atingir, com orgulho, um objectivo.

Trata-se, efectivamente, de dar tudo por tudo, de fazer o possível e o impossível para, de forma honrosa, obter um resultado. É como se, de dentro de si próprio, o "lutador" tivesse de fazer um apelo até às próprias entranhas, a todo o seu ser, para que, todo ele, resultasse como um irresistível reforço do vital e impulsionador órgão.
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Aí temos, seguramente, uma muito eloquente força de expressão.
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HISTÓRIA

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“A História é aquela coisa que está sempre a acontecer, mas que uns dias bate mais forte do que noutros”. (Rui Tavares, historiador)
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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O BPN E O SEU FERMENTO



Chover no molhado é o que se pode dizer que está a acontecer nesta matéria, atendendo à recorrente análise que os media têm levado a efeito acerca da bomba do “banco laranja” que recentemente deflagrou.

O PR apressou-se a negar a maliciosa insinuação da sua envolvência no assunto.

Na verdade, todos convêm que Cavaco é, não só o cidadão sisudo e discreto que o mundo conhece, como é igual e geralmente referenciado pela sua probidade.

Mas ninguém ignora, por outro lado, que foi no seu consulado que se criou e alastrou aquele empório que, qual bolha infectada, rebentou e expeliu toda a matéria purulenta que o consumia.

E a única dúvida que, não obstante aquela pública certificação da honorabilidade do presidente, subsiste, conquanto para ele embaraçosa, é a seguinte: é que Cavaco nunca pareceu nem se mostrou distraído! Nem se crê que o seja!
Por outro lado, atentas as suas conhecidas afirmações de determinação (“nunca me engano e raramente tenho dúvidas”) e a sua pressurosa “nacionalização” daquele banco, é suposto que, obviamente, não pudesse ignorar a ambiência em que certo fermento levedou nas mais diversas instituições, durante a década da sua governação, de que resultaria, designadamente, a virose que se alastrava e intumescia naquela instituição financeira.

Não sei que mais incomode Cavaco Silva: se os ditos falsos rumores que o fizeram quebrar o silêncio, se a tal ambiência atreita a tão preocupantes e escandalosos resultados.

Mas que se mostrou agastado, lá isso mostrou.

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quinta-feira, 27 de novembro de 2008

QUESTÕES DE SEMÂNTICA

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Se daquelas banhistas que, na praia ou na piscina, oferecem às carícias do Sol a quase totalidade dos seus elegantes corpos, cobrindo-os com apenas duas reduzidas peças ou até com uma única, se diz que estão de BIQUINIou de MONOQUINI, porque não havemos de dizer daquelas que ao “bronze” expõem, assim como aos “acetinados” olhos dos cavalheiros, o seu esbeltos corpos, tão apenas cobertos com uma pulseira no tornozelo, que estão SENQUINI?

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

RACISMO: CATEGORIAS

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Numa recente crónica, no Público, intitulada OBAMANIA, acerca da recente eleição do primeiro negro como Presidente dos EU, o que tem sido registado como um feito histórico assinalável, num país que ainda há poucos anos vivia num indisfarçável apartheid, o seu autor – o jornalista e prof de Direitos Humanos no Bard College, de Nova Iorque, Ian Buruma -, lembrava que a Europa, que sempre acolheu com os braços abertos e com a maior hospitalidade as estrelas negras americanas, seria incapaz de eleger um presidente ou um primeiro-ministro negro.
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No fundo, pretendia o autor deixar à nossa reflexão uma importante distinção entre racismo institucionalizado e racismo interiorizado.
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Esta matéria trouxe-me à memória as frequentes imagens que, em tempos não muito recuados, a propaganda oficial da ditadura apresentava com brancos, negros e mestiços no mais fraterno convívio (para estrangeiro ver e impressionar e para aparente sossego de certas consciências)... Mas camuflando um racismo entranhado (categoria extrema que escapou a Buruma) que escamoteava um elucidativo Estatuto do Indígena e até a existência oficial da distinção, mesmo entre a população branca, de portugueses de primeira e de segunda, consoante nascidos em Portugal ou nas colónias.
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Eram as más acções das boas consciências!
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terça-feira, 25 de novembro de 2008

O FULGOR, A FORÇA E A ARTE DA EXPRESSÃO CORPORAL



Foi há 27 anos que o fabuloso coreógrafo Moses Pendleton fundou e garantiu com o seu extraordinário talento a genialidade do Momix.
De sublinhar que além de ter sido fundador da companhia, ao celebrado Moses Pendleton cabem, ainda hoje, a sua direcção artística e coreografia.
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Ao som de diferentes músicas, os intérpretes - também bailarinos, acrobatas e ilusionistas - representam diversas cenas, repletas de acção, num jogo cénico onde os variados movimentos do corpo conjugados com um habilidoso jogo de luzes e sombras, proporcionam ao público visões verdadeiramente surrealistas, insólitas e aparentemente impossíveis.
Contudo, a força, a extrema beleza física, a elasticidade do corpo e a inventividade é que são os pontos fulcrais nestes espectáculos.
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Sediada em Washington, D.C., a companhia Momix (MOses+MIX) tem levado a sua espectacular e excepcional criatividade a todos os cantos do mundo, em espectáculos únicos e inesquecíveis.
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O espectáculo de que ora aqui deixo um clip, e cujo fundo musical é a canção "I migliori anni della nostra vita", numa interpretação de Renato Zero, ocorreu em Roma em Junho de 1999 e foi transmitido pela Raiuno.
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Pena que a imagem do vídeo não corresponda à qualidade do espectáculo e seus intérpretes. E ao gabarito do seu cenógrafo e director artístico.

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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

QUEM NÃO DEVE...


para além do visível e expectável

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Será que o aforismo bate sempre certo?
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Nitidamente exasperado, o PR veio ontem a público defender-se, aparentemente, de acusações ou (pior ainda) insinuações acerca da sua pessoa, no respeitante ao conhecido e escandaloso caso BPN. (Um humorista diria, talvez, tratar-se de um caso com situações bpn – bem pouco nítidas!)
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Mas digo defender-se, aparentemente, para não vaticinar defender-se antecipadamente – que é aquilo para que o próprio Chefe de Estado nos empurra, talvez inconscientemente, dado todos acompanharmos o imbróglio complicadíssimo em que nunca divisámos matéria factual suficiente para tão destemperado e misterioso “desmentido”.
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Bom, a menos que algo se passe (a insinuação é, ao fim e ao cabo, da responsabilidade da atitude do Presidente) com o escamotear da única resposta que do venerando Chefe de Estado se aguarda e que respeita à manutenção, ou não, da sua confiança política no conselheiro de Estado de sua escolha e designação: Manuel Dias Loureiro.
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E porquê?
Porque, exactamente sobre esse ponto de esclarecedora importância, o Prof Cavaco Silva “aos costumes disse nada”... (Disse e, como abaixo se constata, no “post scriptum”, redisse...)
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“É certo – afirma Paulo Ferreira no editorial do Público de hoje - que em termos formais não recai hoje nenhum ónus judicial sobre Dias Loureiro. Mas pode uma personalidade nestas circunstâncias manter o seu posto de conselheiro de Estado, para onde foi escolhido com a caução da confiança do Presidente da República? Esta é a questão a que, Dias Loureiro primeiro e Cavaco Silva depois, terão que responder rapidamente”.
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Naturalmente que os portugueses pensantes e não tão distraídos quanto os governantes e ex-governantes sabem, desde antes de assumirem os seus cargos, os portugueses, repito, esperam que o Chefe Supremo das Forças Armadas e Presidente de todos os portugueses declare manter, ou não, a sua confiança naquele conselheiro de Estado (atente-se bem na alta função) e, de preferência, fundamente a sua pública atitude.
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Claro que tudo ficaria melhor esclarecido, no que ao PR respeita, com, apenas, a espontânea demissão de Dias Loureiro daquele distinto cargo.
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PS: “O Presidente da República, Cavaco Silva, afirmou hoje que «não pode pactuar com insinuações ou mentiras», justificando assim a publicação da nota oficial em que se demarca de qualquer ligação ao Banco Português de Negócios (BPN).
«Se não houvesse necessidade [de publicar a nota oficial na página da Internet da Presidência da República], eu não o fazia», afirmou o Chefe de Estado”
- telegrama Diário Digital/Lusa, das 13:50 de hoje.
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O PR veio adiantar alguma coisa à sua preocupante declaração de ontem?
Não me parece.
Cuido, antes, que se adensa o mistério (o que nem deixa de ser normal, no cidadão que hoje incorpora a veneranda figura).
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E com tudo isto, o país aguarda ser convemientemente esclarecido.
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É que, convém sublinhar, o ónus da prova de que se não está a cair em insinuações ou mentiras cabe a todos os que acerca do caso vieram a terreiro com públicas declarações...
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Ou será que estou equivocado?
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NATÉRCIA FREIRE

Num dos seus blogues, "POESIA", Rui Lucas ofereceu-nos recentemente, de Natércia Freire, “NADA QUE TIVE ERA MEU”.

Para mim, pessoalmente, a tela de Dali, «L'énigme sans fin», de 1938, que ilustra aquele poema, tem um especial significado pois que confere com o mistério que de há muito me acompanha relativamente a Natércia, e é ele o de não entender como é que uma mulher, cuja poesia se caracteriza por «um comovente lirismo da ausência, de frustração, do incorpóreo, do fantasmático», nas palavras de Jorge de Sena, e que «assumiu, corajosamente, perante a Censura a responsabilidade de, nessas páginas [do DN], dar voz aos malditos», no dizer de Natália Correia, como é que essa mulher é marginalizada e esquecida a partir da Revolução dos Cravos...

Verdade que nunca aprofundei a matéria, até porque não sou
expert em tal área.
Sabe-se, contudo, que em 1940 Natércia começa a colaborar na Emissora Nacional, com uma crónica mensal. Como se sabe que em 1955 começa a dirigir a página de “Artes e Letras” do Diário de Notícias, a convite do próprio director, o situacionista Augusto de Castro – cargos estes de que é afastada após a queda do regime salazarista.

Não se percebe bem: ou tivemos nela a cidadã corajosa que deu voz aos proscritos e que foi incompreendida e injustiçada pelos arautos do novo regime, ou Natércia se comprometeu, mesmo, com a ditadura, tendo naturalmente perdido a confiança dos defensores e restauradores da liberdade.

Independentemente da resposta àquele mistério, a verdade é que o poema trazido por Rui Lucas, que integra a colectânea “poemas”, publicada em 1957, é um belo texto de densa e pungente, mas sempre límpida linguagem.
Sua contemporânea e da sua geração, Natércia faz-me lembrar O’Neill. E, curiosamente, um e outro me trazem à memória esse génio inconformista e de força arrebatadora que foi Ary.
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domingo, 23 de novembro de 2008

ANTES QUE ALGUÉM REBENTE DE TANTO RIR...

.....Luís Afonso,
Público, DM 23NOV2008, Opinião/"preto, branco... e também cinzento"
Luís Afonso regista, com sua costumada sagacidade, o que se crê ser a primeira atitude de uma instituição calando um dos seus hilariantes elementos da sua veia irónica em nome do bem-estar físico de todos...

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sábado, 22 de novembro de 2008

AS ESCALAS DO NOSSO DESCONTENTAMENTO

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O “PP” (honni soit qui mal y pense), seja, o Ponteiros Parados, do já vosso conhecido José Ricardo e de Ivone Mendes, trazia ontem uma curiosa estatística acerca da felicidade.
De acordo com os dados trazidos a lume pelo meu amigo JR, “os portugueses são o terceiro povo mais infeliz da Europa”, por razões facilmente identificáveis e aí explicadas.
Constatamos, assim, e em conclusão, naquele post, que “a felicidade média dos europeus é de 7,5, [enquanto que] a felicidade média dos portugueses é de 6,9”.
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Nem terá sido tanto nessa estatística que se fixou a minha preocupação, já que é consabido de todos os portugueses, bem ou mal pensantes, e desde os mais remotos idos da nossa história, que somos um povo triste e “desanimado” (já não me recordo de quem fez esta – mais uma – injusta avaliação – mas não vá pensar-se ter sido MLR ou WL...).
Não. Esta estatística que nos situa nos 6,9 pontos na escala da felicidade fez-me convolar, em primeiro lugar, para a simulação posta em marcha este fim-de-semana, pela Protecção Civil, de um hipotético sismo igualmente da magnitude dos 6,9, mas desta vez da escala Richter...
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Só?
Também não. Mais ainda, fez-me pensar na mais que nunca periclitante situação em que vivemos mergulhados neste país em termos, já não de felicidade (a tanto não aspiramos, para já), mas de sobrevivência, depois do tsunami, na escala máxima respectiva (equivalente aos 8 ou 9 pontos da referida graduação de Richter), que se abateu sobre o mundo financeiro e que provoca maior número de vítimas nos, já de si, pobres países de cujo número fazemos parte.
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Ou seja, deixe-me que lhe pergunte, José Ricardo: na análise em que se baseou, os 6,9 da escala da felicidade não seria já uma medida altamente aceitável e encorajante para todos nós?
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Quem nos dera, meu bom amigo, não acha?
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DO NEGÓCIO DE TOSTÕES AO DE MILHÕES

Da epígrafe poderia pensar-se que se tratava de outro homónimo daquele a que aqui se alude... Não são familiares, mas em termos de progressão patrimonial... são ambos muito singulares.

Da estória, de como do paternal bpn (bem pequeno negócio) se chega ao fenomenal BPN (Banco Português de Negócios), a síntese ressalta de um pequeno diálogo, ao telefone, há alguns anos atrás:

- PAAAaaiiii SOU M’NIIIiistro...

- qu’orgulho, meu filho!

- ? (um riso nervoso)

- E depois? - insiste o pai, lá da sua pequena mercearia da aldeia.

- Depois? Ora, depois é sempr’a abrir... Virão os Conselhos de Administração... a alta roda... os tais amigos... e o BPN, claro!
- ?!...

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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

FERREIRA LEITE SUGERE “INTERLÚDIO”...

imagem Adriano Miranda/Público
zanzilhão, ferrabrás... ferr'o cão, zás-pás-trás
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Não contribuí - logo no começo do consulado o declarei - para colocar José Sócrates no pedestal do poder.
Como, muito menos, o irei lá reconduzir.
Pelos vistos, irei votar, de novo – porque votar, voto sempre; e nunca em branco -, num “condimento” e num “travão” que torne mais tragável e menos agressiva a maioria deste PS.

O actual maior partido da oposição nunca merecerá o meu voto, dado que nem o seu conservadorismo nem o seu liberalismo alguma vez serão capazes de me seduzir.
A questão da presente falta de credibilidade do PSD, a mim, pouco me afecta, pois que a minha atitude, a minha leitura ideológica da vida e da política e a minha prática, nesse domínio, sempre foram de esquerda.
Mas imagino que para outros portugueses esse problema possa ter alguma relevância, em termos de alternativa político-social, situando-se, tantos deles, por atávica idiossincrasia, num cómodo e politicamente correcto centro-direita.

Contudo, a verdade é que este PSD parece condenado a um irreparável desmembramento. Desde o “menino guerreiro” ao inefável defensor do “Norte contra os mouros do Sul”, passando por génios e barões que dominam outras coutadas do seu conturbado universo, o PSD – aliás o PPD/PSD – faz lembrar um mosaico de sensibilidades, uma arena onde se digladiam, permanentemente, representantes de pequenos potentados sem rei nem roque.

Com toda a sua difusa e perversa política, o PSD, na feliz comparação de Miguel Gaspar, está a abrir uma “ampla avenida” para este PS reconquistar uma nova maioria absoluta.
Tudo com o beneplácito e, pior ainda, a desajeitada e desastrosa contribuição da actual líder do partido social-democrata quando refere a impossibilidade de se prosseguirem reformas sob um regime democrático, declaração que reforça o cariz autoritário deste governo, e dos seus membros, que mais parece conduzir à preconizada – pela mesma líder – interrupção da vida democrática para “impor” – só disso se pode tratar – reformas quiçá pouco consentâneas com a mesma vivência e o mesmo regime democráticos!

Seja: esta oposição reforça, e de que jeito, os esgares de autoritário pendor deste governo que prossegue uma constante acção política “sobre brasas”.

O sr engenheiro (credenciado com este título não sei se por mérito próprio se por ínvios caminhos, como aos costumes rezam alguns) é, na verdade, uma figura altamente polémica e, insuspeitamente, criticada, por correligionários e adversários. E o seu governo é tão criticado por gregos como por troianos.

Até...
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quarta-feira, 19 de novembro de 2008

RODNEY SMITH, O FOTÓGRAFO

uma das mais emblemáticas fotos do autor, acompanhada por Where Do I Begin, da banda The Chemical Brothers

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Inspirado por Alfred Hitchcock (1899-1980), esse mago do cinema, mestre do "suspense", e por Rene Magritte (1898-1967), pintor belga representante do "realismo mágico" (surrealismo realista), Rodney Smith, um dos grandes nomes da arte e da técnica fotográfica da actualidade, revela-nos um trabalho delicado, criando universos fascinantes.
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Rodney Smith estudou fotografia na Universidade de Yale, onde mais tarde recebeu uma graduação e foi professor. Antes, recebera convites para ser leitor em diversas universidades, como na de Columbia, do México, de Madrid e Harvard, mas declinou todos os convites para percorrer mundo, designadamente a Índia.
Hoje, RS é um celebrado fotógrafo com uma extraordinária abrangência de temas e sensibilidades. Realizou dezenas de exposições e ganhou , pelo menos, 75 prémios. Integra colecções dos Carnegies, Whitneys e Rockefellers assim como de muitos mecenas de orquestras e de museus e ainda de algumas estrelas do rock interessados pelas coisas da cultura.
Os seus trabalhos estão expostos em todas as importantes galerias por esse mundo fora.
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Rodney Smith é autor de dois livros,
The Land of Light e The Hat Book. Recebeu uma bolsa de estudo que lhe permitiu viver três meses, em 1975, em Jerusalém. Aliás, é do “mundo” que ele fotografou enquanto aí esteve que resultou a primeira daquelas obras, e, curiosamente, da sua publicação é que se seguiram aqueles convites para leitor das referidas universidades...
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Por último veja o portfólio do autor, .
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terça-feira, 18 de novembro de 2008

AS MÁXIMAS DO MEU HERÓI




Hoje, mais uma versão da velha “estória” do vilão e da sua vítima! Aqui a contraposição dos moe aos calvin – e a filosófica conclusão do meu herói em mais uma demonstração da razão da força que bate, por KO, a força da razão.

Até...

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(Calvin & Hobes
por Bill Watterson - tradução de Helena Gubernatis, in Público 18.11.08)
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QUESTÕES DE SEMÂNTICA


Se de uma pessoa generosa e liberal se diz que é magnânima, porque de uma picuinhas e somítica se não há-de dizer que é minânima?!

O ENGANADOR SISUDO

O humorista Pedro Tochas terá dito, um dia, que ser sisudo não é sinal de competência, mas tão apenas um sinal de que se é sisudo.
Aliás, a velha sentença não o deixa mentir: “o que faz o doido à derradeira, faz o sisudo à primeira”.
Claro que, felizmente, bastantes são as excepções a esta regra, em nome de um conveniente equilíbrio.

domingo, 16 de novembro de 2008

BPN

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A alta finança, com todas as
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suas costumadas habilidades
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malabarísticas, designadamente
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com base numa sempre obscura
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mas bem sucedida engenharia
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financeira, construiu uma
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complicada teia e pôs-se a salvo
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dos olhares e expectativas dos
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pequenos e incautos
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investidores, sob a sonâmbula
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passividade do responsável pela
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fiscalização de tais tramóias, o
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Banco de Portugal e o seu
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máximo responsável, o
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respectivo Governador, o que já
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lhe valeu, a este último, o
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cognome de Vítor InConstâncio...
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Não se incomodem, meus

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senhores. Pelo amor de Deus!
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Descansem: os contribuintes
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pagam...

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DITOS: FORÇAS DE EXPRESSÃO OU EXPRESSÕES DE FORÇA?

“Longe da vista, longe do coração” - diz-se.

Depende mais do órgão vital que da visão.

Se mais força, maior expressão.


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postado, também, na "Marmita Filosófica..."
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SARAH PALIN E AS SUAS PORTAS, PELA “PENA” DE LUÍS AFONSO

(in Público DM 16NOV08 / Opinião / “Preto, branco... e também cinzento” / Luís Afonso)
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postado, também, na "Marmita Filosófica...".
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sexta-feira, 14 de novembro de 2008

DIREITOS QUANTOS?

Xeique (rei) Abdullah Bin Abdul Aziz Al Saud
da Arábia Saudita


Não é só a china que detém recordes na aplicação da pena de morte. A Arábia Saudita do rei Abdullah Aziz tem vindo a executar, em média, duas pessoas por semana. Das 38 execuções em 2006, passou para 158 em 2007, e este ano, a Amnistia Internacional já confirmou 71. A decapitação pública é o principal método de execução da pena capital usado no país.

Então não é tão simples e cómodo afastar do caminho as pessoas incomodativas cortando-lhes, publicamente, a cabeça?

Criminosos?
Talvez não só.

E mesmo que o foram?
De que poder se pode arrogar uma criatura para poder mandar liquidar um seu semelhante?

Não faço a apologia da anarquia... Longe, bem longe disso. Mas também não me situo nos antípodas dessa posição, no outro extremo que se lhe opõe.

A sociedade precisa de regras para que nos possamos entender. A disciplina não é incompatível com a democracia e a liberdade. Embora estas exijam um preço muito elevado.

Daí até a lei punir com pena de morte... Vai uma percurso enorme. Distância que, no séc XXI, só por embotadas mentalidades pode ser eliminada, em defesa dessa irracional pena máxima.


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quinta-feira, 13 de novembro de 2008

TREMENDO EQUÍVOCO?

Andamos, todos, mas é distraídos.
Senão, vejamos.
Os professores protestam e exteriorizam a sua justa indignação em gigantescas manifestações.


(Eh, pá! Isto não são umas “manifzecas”!
Isto é a sério! Os profs estão carregadinhos de razão! –
convêm os cidadãos, apreensivos)

Ninguém reparou ainda, ao cabo e ao resto, é que professores e tutela estão – tudo leva a crer – sintonizados, pois que se batem – à primeira vista - pelo mesmo objectivo: “é preciso reformar, transformar o sistema educativo”.

Assim sendo... (Bah!...)... Está tudo certo!
Então, porquê e para quê tamanha moscambilha (perdoe-se mais este plebeísmo)?
Ora isso só pode querer dizer que não há qualquer diferença entre as duas posições, concluirá alguém mais distraído.

Apressadamente, assim se pode concluir.
Porque, na verdade há uma diferença.
E grande que ela é.
Enorme.
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Os professores, que o ministério se tem esforçado (e com palpáveis resultados) por desrespeitar e desautorizar, continuam a bater-se pela dignificação da escola e por uma melhor qualidade de ensino.

Com a sua persistente política de confrontação, desrespeito e desautorização dos professores o ministério incendiou o ambiente na escola pública, “pondo” os discentes a protagonizar cenas de igual, pelo menos, senão mesmo pior, confronto, desconsideração e desacreditação.

(Quando o exemplo vem de cima...)

É, pois, da exclusiva responsabilidade da tutela o ambiente grave que se gerou na escola pública. Ambiente onde será difícil restaurar a necessária disciplina.

Todos nós temos filhos, netos ou sobrinhos a constatar esta realidade.
No terreno. Confusos. Receosos. Incrédulos.

Ou seja, ambos – professores e tutela – só aparentemente falam a mesma linguagem quando referem que “é preciso reformar, transformar o sistema educativo”.

Sendo que os professores, pela sua formação, se batem pelo incentivo, a motivação, a aprendizagem, o progresso efectivo e o avanço intelectual dos jovens (até porque uma apreciável e substancial maioria deles são professores e, simultaneamente, pais de alunos seus ou de colegas seus).

Já o ministério é movido, apenas, por um móbil político, ao arrepio dos verdadeiros interesses do país que pretende um sério e efectivo progresso do ensino.

Seja: o país (o interesse nacional) quer que os professores trabalhem para os alunos. Para o seu crescimento intelectual. Para a sua elevação cultural.
A tutela pretende pô-los ao serviço de falsas e irrealistas estatísticas.

E isto dói a todos os portugueses, quer sejam professores ou pais ou mesmo responsáveis alunos.

Em suma, o ensino é encarado pela equipa ministerial como mero instrumento de propaganda política.

Mas com a dor dos políticos podemos nós todos muito bem.

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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

MÁ CONSCIÊNCIA POLÍTICA

Perorar contra a secular dicotomia esquerda/direita costuma ser a posição de quem tem má consciência política.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

AFINAL: "RENOVA"!

terça-feira, 11 de Novembro de 2008 13:53

ME: Avaliação só vai pesar
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no concurso dentro de 4 anos
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«Ainda hoje faremos a entrega de uma nova proposta que representa uma aproximação à posição dos sindicatos. Vão ser incluídas disposições transitórias, em que a bonificação pela avaliação de desempenho apenas terá efeitos no concurso de 2013», afirmou Jorge Pedreira, em declarações aos jornalistas.

Diário Digtal / Lusa.
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Uma data de gente mesquinha e maldosa disse que o sindicato dos professores ganhou no braço de ferro com a tutela.

Absolutamente mentira!
Uma infâmia, só para deixar mal o ME.

Efectivamente o que aconteceu foi o seguinte:
a) a ministra decidiu, ainda ontem, passar a ser cliente da Renova. “Lá em casa – disse ela – vamos voltar a contratar a Renova”.
Nas perguntas e respostas esclareceu que com o “lá em casa” pretendia referir-se não só à sua casa, e dos seus colaboradores, mas também ao seu Ministério;

b) por outro lado, a prova de que não teve medo nenhum da situação explosiva que se vivia - deixou entender -, é que das sete vezes que foi à TV, no dia da insignificante manifestação, foi desarmada e sem qualquer guarda-costas ou elemento das forças de segurança a acompanhá-la;

c) por último, não houve qualquer cedência por parte da tutela, ao contrário do que os conspiradores afirmam, pela simples razão de há imenso tempo que preconizava a solução agora proclamada, pois que já há mais de duas horas a preparava.
Mais acrescentou que se, naquele dia, não apareceu uma oitava vez nas pantalhas, para demonstrar, desta vez, a sua nova solução, ainda e sempre corajosa e de peito feito (vá de graçolas!...), foi por os canais estarem ocupados com telenovelas, 3 deles, e um quarto com uma entrevista com o “Zé Castelo Branco”. Mais referiu o porta voz do Ministério que só não promoveu a nova conferência de imprensa (a tal 8ª) pela SporTV, por o sr Oliveira não ter conseguido, em tempo, a anuição dos srs PC, VL e LP por menos de 1 milhão e quinhentos mil “ouros” (sic!) pelos 3 minutos e meio de antena.

Em suma: a oposição e os submarinos do partido mentiram de boca cheia ao propalarem notícias de capitulação do Ministério – concluiu o sr Pedreira.


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DO MAL O MENOS: ANTES RASGAR

terça-feira, 11 de Novembro de 2008 13:04
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Educação: Ministra acusa
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sindicatos de
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rasgarem memorandum
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A ministra da Educação acusou, hoje, em Fafe os sindicatos de terem «rasgado» o memorandum de entendimento assinado para a aplicação do sistema de avaliação do desempenho dos professores. (...)

Diário Digital / Lusa

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Onde? Em Fafe?
Os “olhos e ouvidos” da ministra e seus submissos cúmplices não mediram bem o risco que correram: é que em Fafe é memorável uma ancestral justiça popular que, aquando da passagem da ministra e seu séquito por esta cidade, e no momento destas declarações da governante, devia estar de folga, de férias ou distraída: a Justiça de Fafe.
(Talvez a dormência habitual nas instâncias judiciais, se bem que com grande espanto de todos nós, dado que esta justiça fafense nunca antes e em tempo algum – “jamais” – foi assim “adormecida”!!!)
E é que se (por mor de tal Justiça) com Fafe ninguém fanfe, muitos dirão que com a Educação se há-de passar o mesmo.


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a lendária Justiça de Fafe

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Mas, vejamos a surpreendente declaração da ministra: acusou os sindicatos de terem rasgado um memorando!...
De imediato ocorrerá a qualquer professor, sindicalizado ou não, e a qualquer português atento, que, a ser pontualmente verdade (e talvez não seja) aquela acusação, de bem menos elegantes maneiras foi o destino dado pela tutela (ministra e seus dóceis seguidores), aos memorandos e outros papeis igualmente importantes subscritos por ambas as partes!

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OS MELHORES PRÉSTIMOS

"Se nos podemos tornar inúteis e desnecessários num processo (de mediação) isso é o melhor que há a fazer"

(Martti Ahtisaari (1937), novo Nobel da Paz (2008), que foi presidente do seu país, Finlândia, e que se destacou como diplomata e mediador da ONU em conflitos como os da Namíbia, Bósnia e Herzegovina e ainda no Kosovo, entre outros.)
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segunda-feira, 10 de novembro de 2008

QUESTÕES DE SEMÂNTICA


Se digo a alguém vem comigo, porque não hei-se dizer vai semigo?
Ou então, se digo vai connosco, porque, na inversa, não hei-de dizer vai sennosco?

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domingo, 9 de novembro de 2008

“VIAGEM DO ELEFANTE” OU O SARAMAGUIANO PERCURSO



Acaba de ser dado à estampa e de aparecer nos escaparates e prateleiras das livrarias a “Viagem do Elefante”, da autoria de José Saramago.


O que logo nos traz à memória
(como trouxe à dos mais chegados ao autor que conheciam o seu projecto)
a delegação d'O Venturoso, pai de D. João III,
enviada na segunda década de 1500 ao papa Leão X, recentemente eleito,
“a tradicional embaixada de obediência”,
desta vez mais grandiosa e de rara opulência, encabeçada por Tristão da Cunha,
para impressionar o mundo,
“fazendo desfilar no coração da cristandade o exotismo de mundos distantes”
e “prendas sumptuosas, em jóias e tecidos”,
além de “um cavalo persa, uma onça e um elefante indiano”
para pasmo de italianos e de embaixadores aí (em Roma e na Santa Sé) credenciados.
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(cfr João Paulo Oliveira e Costa, D. Manuel I,
Círculo de Leitores, 2005, Colecção Reis de Portugal, XIV, pág 165).
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Ao contrário do que se possa pensar, como atrás se refere, «o livro narra uma viagem de um elefante que estava em Lisboa, e que tinha vindo da Índia, um elefante asiático», sim, mas «que foi oferecido pelo nosso rei D. João III ao arquiduque da Áustria Maximiliano II (seu primo). Isto passa-se tudo no século XVI, em 1550, 1551, 1552. E, portanto, o elefante tem de fazer essa caminhada, desde Lisboa até Viena, e o que o livro conta é isso, é essa viagem», disse o escritor, em entrevista à Lusa.
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«A “Viagem do Elefante” é (...) talvez a obra mais cervantina do escritor nascido na Azinhaga, embora, no fundo, pudesse constituir um ensaio implícito, uma ficção do próprio escritor sobre a sua obra e sobre a sua concepção do ofício.
(...)
Enquanto se lê a épica transeuropeia de Salomão [o elefante], tem-se a sensação de participar numa espécie de ágape, de oferecimento gastronómico, para sorver e saborear palavras, talento, liberdade narrativa e uma imaginação assombrosa. Um amálgama de criatividade temperada por um perito em fornos verbais que, depois de ter frequentado todos os fogões, sabe que a única verdade culinária é a da própria condição dos ingredientes, respeitando sempre a sua natureza original: como se desta vez, a modo de tributo, só tivesse cozinhado para convidar os próprios alimentos com que tinha partilhado a sua vida e os caldos com que os regou: as palavras da língua portuguesa e o idioma da efabulação.»


Trata-se da
saborosa crítica literária (já que no reino da culinária nos situamos) de Fernando Gómez Aguilera, no último número do JL Jornal de Letras, Artes e Ideias, a págs 17, integrando um Especial Saramago, de págs 14 a 20.

“Virtuoso cervantino”, refere acerca de Saramago, Aguilera. O que não difere grandemente de uma outra influência que o Nobel confessa: “a lição garrettiana é a que me preparou para o futuro, sem eu dar por isso”entrevista a Maria Leonor Nunes (op. loc. cit. pág 15).
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“A Viagem do Elefante" é, afinal, uma metáfora da vida humana, disse ainda o autor à Lusa.
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O “conto”, como Saramago prefere classificar este trabalho, terá sido interrompido, em 2007, após 40 páginas escritas, devido a um problema grave de saúde do autor. A retomada do trabalho e a sua publicação bem demonstram a capacidade de JS, amparado pela sua carinhosa mulher, ultrapassar uma fase de maior fragilidade para nos oferecer mais uma das suas pérolas.
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“Este livro é, além do mais, uma homenagem à Língua Portuguesa. E não creio que se possa querer mais ou melhor para um escritor do que a sua última palavra [se a hipótese se confirmasse – acabara de afirmar] ser uma homenagem à sua própria língua”cit entrevista a ML Nunes.
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Realmente FG Aguilera aponta no sentido de este mais recente título de Saramago poder constituir “uma ficção do próprio escritor sobre a sua obra e sobre a sua concepção do ofício”.
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EU SARAMAGUIANO ME CONFESSO
Na verdade, José Saramago – que Pilar (em boa hora?) nos “roubou” – continua a fascinar-me. Na sua densa e consistente fluidez o verbo desliza facilmente enquanto a nossa imaginação vagueia pelo mundo efabuloso de criaturas e de situações que ele criou ou refundou, de que o arquétipo são o par
Blimunda e Baltasar, figuras bem pouco socialmente correctas, de acordo com os padrões e as regras da época.
Depois, o que o seu laboratório, na sua oficina de letras montado, revela acerca de nomes e evocações históricas! Que de verdadeiro e fantástico ele nos revela de um Ricardo Reis, de um cerco cristão montado à mourisca Lisboa nos recuados idos da fundação pel'
O Conquistador, ou de um Cristo extremamente sensível e feito à imagem e semelhança do Homem!
Poderá parecê-la, mas não se trata de antinomia, coisa nenhuma, aquela densa fluidez.

Bom, e para sossego dos que se queixam da pontuação do autor – como se tanto bastasse para camuflar uma certa antivermelhidão e outras mentais psoríases, nuns casos, noutros para sintetizar uma incompatibilidade estilística – eis que Saramago voltou às vírgulas e à (quase) normal pontuação, como um
bom e qualquer cultivador das letras pátrias, voltando a estar próximo do escorreito e clássico uso da língua...


Mas é claro que por vezes lá resvala,
o criador do Sete-Sóis e da Sete-Luas,
e utiliz a vírgula como se de ponto se tratasse, seguindo-a de maiúscula.
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sábado, 8 de novembro de 2008

TERÁ COMEÇADO UM NOVO E LONGO PERCURSO?




Parece ter chegado o momento de o mundo fazer uma paragem no seu percurso e reflectir, seriamente, sobre a sua "translação". Até sobre a sua própria "rotação".
Pelo menos, se é que não chegou ainda, aproxima-se essa hora.

Quando se abate a crise profunda, os “náufragos”, desorientados, não correm aos fóruns políticos a indagar do programa minucioso que os salve. Vão procurar um líder que lhes fale claro, verdade e que os oriente.


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sexta-feira, 7 de novembro de 2008

“AS DUAS COISAS... É IMPOSSÍVEL” (DIRIA O CRIADOR)




A candidata republicana à vice-presidência dos EUA, Sarah Palin, pensava que África era um país em vez de um continente, segundo elementos do staff da campanha de John McCain.

DD quinta-feira, 6 de Novembro de 2008 17:29
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Mais, li ainda algures: pensava que a África do Sul fosse uma região desse país chamado África.

Julgo que não é caso de embasbacação.

Este episódio faz-me lembrar uma maldadezita que corria entre nós, os da minha geração e próximas, quando éramos jovens. (Sim, que hoje nem faria sentido)
Contava-se, então, que quando uma menina nascia, Nosso Senhor lhe perguntava: “ouve lá, meu anjo: quando fores crescida queres ser bonita ou ir p’r’o Técnico?” (Leia-se Instituto Superior Técnico, a faculdade de engenharia da sede da paróquia, onde as raras alunas eram como que “aves insólitas”. Algumas das quais (muito poucas, na verdade) constatei serem a excepção confirmativa da regra)

Pois, ao que suponho, Deus terá feito idêntica pergunta à recém-nascida Sarah, aqui há uns 40 e tal anos: “minha filha, diz-me cá: quando fores crescida queres ser bonita ou inteligente e culta?”

Nada a fazer...
Opções!

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COINCIDÊNCIAS

Não há como, rapidamente, desfazer equívocos: só por mera coincidência os nomes mais sonantes do BPN são sonoros nomes do PSD.

É que não foram eles que atraíram a crise, foi ela que os surpreendeu, por estranhíssima coincidência.
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GRAVADO NA MEMÓRIA DA HISTÓRIA

O Público deixou ontem “escrito na pedra”:
«Vou ouvir-vos sempre, sobretudo quando não estivermos de acordo»

Barack Obama, Eleito 44º Presidente norte-americano (1961-)

Verdade. Também ouvi e registei na hora.
E foi na sequência de ter dito:
nunca vos trairei e vou estar sempre atento para vos ouvir (assim, mais vírgula, menos letra).

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LEITURAS

São ambos Rui.
Um, Tavares. O outro, Ramos.
Cruzam-se no Público à Quarta-feira.
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Rui Tavares constrói. Ajuda a entender.
Rui Ramos, nem por isso.
Dois oficiais da mesma “arte” e com diferentes leituras da realidade histórica.
Nada que espante.
E de que se não possa tirar algum proveito se usarmos, também, a nossa cabeça.

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REPARAR O IRREPARÁVEL

Na hora da passagem do testemunho (trata-se de uma dura estafeta) Rui Ramos não se poupou, ontem, a esforços para redimir GWB, a figura do mais detestado e ridicularizado dos presidentes americanos.
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CARDEAL SECRETÁRIO DE JOÃO PAULO II?

secretário pessoal de João Paulo II

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Homessa!
E como é que nós íamos adivinhar que o Dr Mário Soares tinha sido o cardeal secretário pessoal do papa João Paulo II que Deus tem?
Essa agora!

E logo nós que embandeiramos em arco (e folgamos em sabê-lo e divulgá-lo amplamente, nos circuitos paroquiais dos nossos media) quando descobrimos que um português se tenha alcandorado num qualquer, mesmo que modesto, lugar de destaque em qualquer instituição no estrangeiro!

Era o que nos faltava!
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É na verdade o cúmulo da clandestinidade ou do desdobramento da personalidade!
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(Para mim é flagrante a semelhança: ora experimentem, se de tanto precisarem, a tapar a cabeça, da testa para cima, da foto do cardeal Stanislaw Dziwisz, da autoria de Daniel Rocha, publicada ontem na última página do P2 do Público)

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quarta-feira, 5 de novembro de 2008

YES, HE COULD!




«Fwd: Ele pôde!!!»

... mandava-me dizer, hoje, um amigo. E remetia em anexo o vídeo abaixo.
Pequeno filme já bastante divulgado, ao que acabei de constatar. Mas para mim desconhecido.
Deveras interessante.

Respondi, então, a esse amigo, como segue. O que “mutatis mutandis”, pode bem ser dirigido a quem me leia.


«YEEESSSsssss!

Se estou excitado?
Não. E se te deres ao trabalho de ler o meu apontamento de ontem, arrancado sobre a hora da vitória... talvez te dês conta de que agora é que eu fiquei mesmo perplexo, ansioso, expectante.

No entanto, a TR 04NOV08 foi, demais a mais, de uma extraordinária evidência quanto à sua importância, uma espécie de marcador do livro da História, para me sair aquele yes. Logo a mim, pouco dado a essas efusividades.
(...)»


Vejam, então, uma amostra da dinâmica social do movimento Obama:


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OBAMA PRESIDENTE

em bom português... deu dois coices no telhado e arrumou o assunto


Foi agora mesmo: eram 4:19 no fuso de Carnaxide e a SIC dava em directo a declaração de derrota de John McCain: “cumprimento e dou os meus parabéns ao sr Obama, Presidente dos EU”.
Isto dito aos soluços e com gestos de apaziguamento, atendendo às manifestações de inconformismo das suas hostes.

Os EU vivem, sem dúvida, a sua grande catarse.

O óbvio ia sendo constatado no serão eleitoral por todos os analistas e comentadores. Até por Pacheco Pereira e Lobo Xavier.

A verdade, também, é que, muitos de nós, deixamo-nos impressionar muito facilmente e consentimos que a emoção nos domine.

Um facto?
Barack Obama é o 44º Presidente dos Estados Unidos. A contagem de votos ainda não acabou, mas ele ultrapassou já, e bem, a fasquia dos 270 eleitores do colégio.

Obama desencadeou um terrível tsunami que varreu os States de paralelo a paralelo, de meridiano a meridiano.
E incendiou o país. Mas quem se chamuscou e sucumbiu foi o candidato republicano.

E depois?

Depois... Vamos ver.

Agora é que vai começar o maior teste ao, antes candidato, ora Presidente.
Acabou a “poesia da campanha”. Vai começar a “prosa da governação”.
Seja: agora é que vamos ver.
Sem cenários modificados pelo barulho das luzes nem pelo clarão dos sons ou pelo movimento das cores.
No terreno.
A sério!

Aguardemos.


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terça-feira, 4 de novembro de 2008

“MENOS AMERICANO”?

Duas vezes, em 24h, a concordar com JMF, mesmo que só em parte, é um bocado constrangedor. Preocupante, diga. (Assustador, alguém me segredou).
Não, não é isso: não se trata de me incomodar, ou não, o que os outros possam ajuizar a meu respeito. É antes a desconfiança que em mim se instala e que a meu respeito se levanta. Dou comigo a olhar para mim mesmo, de soslaio, meio na dúvida sobre a minha identidade!

Na verdade, também cuido que o maior adversário de Obama “podem vir a ser as altas expectativas que criou”.
Aí a definitiva concordância.

Porém, logo um pouco abaixo (no seu editorial de hoje) encontro um objecto da minha discordância: quando refere que o candidato democrata surge ao olhos do resto do mundo como “menos americano” do que os outros americanos em idênticas circunstâncias!

Mas, meu caro senhor, aí o meu maior receio, na hipótese de Obama ganhar: o ele não conseguir aguentar a parada até por, ao cabo e ao resto, ser tão americano como os mais líderes que o são (mais ou menos fanaticamente). Refiro, como vê, a hipótese de ele possuir uma “qualidade” muito comum aos sobrinhos do tio Sam e que ronda muito por perto de um pouco recomendável chauvinismo. O que, a confirmar-se a sua vitória e entrada triunfal na, sempre nívea, Casa Branca receio que possa a vir ser também confirmado pela sua actuação como presidente.

Verdade, verdade é que bem gostaria de o ver eleito e de, quanto ao resto, me ter enganado! Ou seja: que, uma vez vencedor desta árdua batalha, não haja o mínimo fundamento para ver confirmados os meus pessimistas receios.

Inshalá !

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... “NI HABLAR”





«Há mais de um ano o primeiro-ministro disse que
criar o crime de enriquecimento ilícito era 'asneira'.»
Eduardo Dâmaso, "Diário de Notícias", 4 de Novembro de 2008


Ora vamos ver se nos entendemos: é que antes de mais há que ser realista!
Não, e não vou falar nos pobrezinhos e desvalidos. Nada dessas cenas.

Vou lembrar, isso sim, os bairros (e localidades) onde vive a média e baixa classe no nosso país... E até a média-alta.


Já viram bem o que é rusga aparecer às sete da matina e levar de cana os moradores de sucessivas casas em sucessivas ruas, por aí encontrar insofismáveis sinais de riqueza? Ele é uma televisão, um vídeo, um telemóvel, um frigorífico... Sei lá!
Um carro à porta para levar a família a um passeio no fim-de-semana. Imagine-se só!
Mais: ele são livros e outros desperdícios! Onde é que já se viu tal e tamanha afronta?!
Para já não falar nas respectivas piscinas, solários, campos de ténis e mini-golfs que enxameiam os seus quintais...

Não. Claro que o primeiro-ministro tem razão: é impraticável deitar a mão a tanto peixe graúdo!

Demais, o peixe miúdo começava a temer sofrer, por tabela, invasões injustas e desagradáveis nos seus pobres condomínios privados, nas suas sossegadas e discretas casotas que, de cada banda, até ao alto muro que as resguarda das alheias invejas e maus olhados, mais não tem que dois ou três metros - onde, ao relento, se arrumam três ou quatro carros de parentes e amigos emigrantes! (Até os filhos, para jogar ao berlinde, o têm de fazer na rua, sujeitos a perigos e intempéries... Vejam só!).

Haja Deus!

Felizmente que temos um líder de um partido de esquerda e simultaneamente chefe do governo que vê com lucidez esses hipotéticos disparates (crimes não sei quantos) e que com tal ideia não pactua! (“Ni hablar!”)
Para engrandecimento e glória da República e sossego de todos nós.

Sócrates está coberto de razão: não liguemos a minudências!

Bem haja!


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BUSH E A SUA FASQUIA




“Bartoon”, de Luís Afonso, no Público de hoje.


Com a devida vénia e respectivos créditos


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segunda-feira, 3 de novembro de 2008

«KAFKIANA MEDIDA»

e este é um elefante bebé...
Agora repare-se: se um elefante bebé incomoda muita gente,
imagine-se o que não incomodam dois elefantes adultos!...



Não sou, exactamente, um fernandiano (fã de JMF, para rimar com kafkiano) incondicional. Bem longe disso e muito mais pelo contrário.

Mas pelo que sei, pelo que acompanho nos media, e pelo que oiço de sensatas fontes (no terreno) que me merecem todo o crédito, é de mestre a definição do director do Público acerca da avaliação dos professores que está a ser implementada pela tutela: trata-se de uma kafkiana medida que está a contribuir, nomeadamente, para a degradação da própria escola.

O problema?
O problema é que o elefante e o seu grosso, e grosseiro, “cabedal” não são sensíveis a estes disparos...

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OS NÓS E AS MEADAS...

Em Chicago - por anda, agora, Rui Tavares em trabalho -, como em todo o mundo, a crise desata uma série de nós e desfia muitas meadas.
E por falar em nós, hoje, que se fala muito mais de descasamento do que na ancestral instituição, naquela imensa metrópole que é Chicago até os advogados se aproveitam do momento difícil que se vive para publicitarem os seus onerosos (desta feita, só pode ser) préstimos: “se os maus tempos já excedem os bons, é tempo para pedir o divórcio – ligue-nos”.
Parafraseando a moral da história de hoje de RT (entrosando crise e expectativas de futuro a partir de depois de amanhã, com a questão por ele posta em concreto a muitos – em trabalho de campo – sobre se receiam ficar desiludidos) poder-se-á dizer: primeiro façamos história e salvemos o que for possível. Mais tarde haverá tempo para a desilusão.

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BOAS LEITURAS? VENHAM DAÍ...



É como quem mata vários coelhos com uma cajadada, apenas.

Boa malha: valentes bengaladas.

Como se eu o não conhecesse – e por isso o apreciasse, também -: verrinoso e cru até dizer basta.
Mas não letal, o que – como ontem referi acerca de outra pessoa – revela e releva uma apreciável qualidade.

De quem falo?
Ora, do JR (José Ricardo Costa). Da sua sagacidade. Do seu fino humor. Do seu lúcido filosofar.
E acerca de quê?
Pois, desta vez, da sua coluna no semanário torrejano. Leiam só:
Portugal Falsificado.
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Bom, mas há mais. Muito mais: mergulhem (ou dêem uma vista d’olhos, ao menos) no seu novo espaço cultural. E de reflexão. Daqui, talvez o nome do blogue: “
Ponteiros parados”.
Do José Ricardo e da sua especialíssima colega Ivone Mendes (ambos professores de liceu – saiu-me assim, não é grave -, ela de Clássicas, ele de Filosofia)
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domingo, 2 de novembro de 2008

SINAL DOS TEMPOS?


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O mais preocupante não é o hediondo crime! É o quase já não causar pasmo! É a passividade com que tais, e cada vez mais repetidas, situações são encaradas!
A tragédia maior não é a vivida por esta criança, por outras vítimas de tão gritantes afrontas à dignidade humana!
É o futuro da humanidade se não houver uma conjugação de esforços para eliminar tão animalescas criaturas como estes carrascos e seus mandantes!
Ou para fazer arrepiar caminho a alguns que se vão ensaiando para lhes seguir os passos.

É, talvez sobretudo, a outorga do poder a tão rastejantes e abjectos seres!
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Nuno Pacheco é um dos preciosos representantes de um raro jornalismo de alta qualidade.
É dele (um dos directores adjuntos do Público) o editorial para que aqui se remete.

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POLÍTICA OU MARKETING? PROMISCUIDADE!

"preto, branco... e também cinzento"/Público/DM 02.10.08

Não direi que Luís Afonso seja, natural e normalmente, absolutamente impiedoso, letal. O que, por certo, traduz uma sua relevante qualidade.
Mas é um cartoonista corrosivo qb. E bem cáustico.
E usa, quantas vezes, uma apreciável subtileza, qualidade maior de um humor que reúne particulares preferências.

A sua charge de hoje creio que será igualmente entendível pelos nossos amigos d’além Atlântico, do grande Brasil, pois que o seu objecto já ultrapassou, na sua pacóvia jactância, os muros da nossa pequena “paróquia”.

Depois, repare-se na designação que escolheu para a sua “coluna” semanal de humorística opinião, no Público, um jornal de referência cá na praça: «Preto, branco... e também cinzento», uma charge dentro da charge.

Interessante, não é mesmo?
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(É do original da referida coluna semanal do humorista, publicada hoje, que insiro uma cópia. Obrigado, LA, pela sua gentileza, e um abraço.)

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(postado, também, no “Marmita filosófica...”).

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A INCERTEZA...


"É a incerteza que dá cabo de mim", desabafava um apoiante de Obama. "Vai ser um efeito, mas de que magnitude?"

No fundo, estas atitudes de incerteza apontam no sentido do chamado 'efeito Bradley'.
O efeito tem o nome do democrata Tom Bradley.

O "Bradley effect" é mencionado, dada a vantagem de Barack Obama nas sondagens - se este efeito existir nestas eleições, será preciso descontar uma percentagem de inquiridos que tem vergonha de admitir que não quer votar no candidato negro. O efeito tem o nome de um político (que morreu há pouco mais de dez anos), o democrata Tom Bradley. Em 1982, o então presidente da Câmara de Los Angeles estava cinco pontos à frente do rival nas sondagens para governador da Califórnia, e já havia grandes expectativas (quase certezas, segundo as empresas de sondagens) de que seria o primeiro afro-americano a chegar a governador. Mas perdeu (por 52 mil votos em 7,5 milhões).

Ia a sair-me: espantoso!
Mas infelizmente não é.

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Hoje, curiosamente, e sem se referir explicitamente àquele efeito, também Vasco Pulido Valente deixa a sua reflexão, merecedora de apoio, na sua habitual coluna do Público, com a particularidade de o integrar num mais alargado espectro:
«Este fenómeno - o silêncio e o cumprimento formal das regras, que escondem intenções publicamente inconfessáveis - leva a suspeitar do resultado da eleição, apesar do avanço claríssimo de Obama. Mas, pior do que isso, leva a suspeitar do actual liberalismo do Ocidente. Sob a capa do "politicamente correcto", a América e a Europa não deixaram talvez nem o seu antigo racismo, nem a sua xenofobia; e continuam a execrar a homossexualidade e a lamentar a relativa "emancipação" da mulheres. Se Obama não ganhar (e espero fervorosamente que ganhe), a "tolerância" em que vivemos vai aparecer como a ilusão do século».
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AINDA A CRISE

Assistimos ao escândalo de ganantes e incompetentes tecnocratas, da fornada yupi, sacarem indecorosas e repugnantes recompensas por uma gestão desastrosa e criminosa. E isto perante a inércia das instituições que os fiscalizam (?) e regulamentam a sua actividade e perante a mais complacente indiferença daqueles a quem outorgámos mandato para prosseguir os interesses da comunidade.
Rui Tavares recordava, recentemente – parafraseando o Wall Street Journal – a imagem desses indivíduos a “forrar os bolsos com dinheiro dos accionistas...”

Só os bolsos, meu caro Rui? Só o fato? Então e as casas, os carros, o iate, o avião?

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FRATERNAIS DUELOS

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Figuras de referência do universo republicano dos States, antecipando a previsível derrota, vão-se digladiando e demolindo mutuamente.
O desespero tem sempre a mesma face.
E neste lado da barricada, com esgares mais dramáticos, habituados que estão, tantas vezes, a ganhar "seja como for"!
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(Só por mera coincidência estou a escrever no dia de “fiéis defuntos”.
Quanto ao desenlace que ocorrerá por estes dias, em boa verdade, e ao certo, só no dia 4 conheceremos o nome do "defunto" que - assim esperamos, muitos -, e segundo tudo aponta, será o do republicano)

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sábado, 1 de novembro de 2008

DEMOCRATAS DE ALTA SENSIBILIDADE



imagem: DD


Tudo se passa, desta vez, na República Democrática do Congo.

«É um massacre provavelmente nunca antes visto em África aquilo que está a desenrolar-se à frente dos nossos olhos, com mais um milhão de refugiados, com ataques muitos específicos, mutilações sexuais que fazem parte dos actos de guerra elementares nesta região», disse o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Bernard Kouchner.

Diário Digital / Lusa 31.10.08
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Não haverá, neste louco mundo, quem dê um jeitinho, agarre nos presidentes do democrático Congo e do Ruanda e leve esses hediondos títeres e seus homens de mão, sem armas nem bagagem, para uma qualquer ilha selvagem, distante, perdida, gelada, absolutamente estéril e sem qualquer hipótese de comunicação com o mundo, por forma que a natureza se encarregasse de os eliminar?
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... DISSE

Ken Duberstein, republicano
que apoia Obama,
sobre a escolha de Sarah Palin
para a vice-presidência, à MNSBC
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“Não se oferece um emprego a uma pessoa (muito menos a vice-presidência) depois de apenas uma entrevista. Até no McDonals se é entrevistado três vezes até nos oferecerem um lugar.”
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