«Há mais de um ano o primeiro-ministro disse que
criar o crime de enriquecimento ilícito era 'asneira'.»
Eduardo Dâmaso, "Diário de Notícias", 4 de Novembro de 2008
Eduardo Dâmaso, "Diário de Notícias", 4 de Novembro de 2008
Ora vamos ver se nos entendemos: é que antes de mais há que ser realista!
Não, e não vou falar nos pobrezinhos e desvalidos. Nada dessas cenas.
Vou lembrar, isso sim, os bairros (e localidades) onde vive a média e baixa classe no nosso país... E até a média-alta.
Já viram bem o que é rusga aparecer às sete da matina e levar de cana os moradores de sucessivas casas em sucessivas ruas, por aí encontrar insofismáveis sinais de riqueza? Ele é uma televisão, um vídeo, um telemóvel, um frigorífico... Sei lá!
Um carro à porta para levar a família a um passeio no fim-de-semana. Imagine-se só!
Mais: ele são livros e outros desperdícios! Onde é que já se viu tal e tamanha afronta?!
Para já não falar nas respectivas piscinas, solários, campos de ténis e mini-golfs que enxameiam os seus quintais...
Não. Claro que o primeiro-ministro tem razão: é impraticável deitar a mão a tanto peixe graúdo!
Demais, o peixe miúdo começava a temer sofrer, por tabela, invasões injustas e desagradáveis nos seus pobres condomínios privados, nas suas sossegadas e discretas casotas que, de cada banda, até ao alto muro que as resguarda das alheias invejas e maus olhados, mais não tem que dois ou três metros - onde, ao relento, se arrumam três ou quatro carros de parentes e amigos emigrantes! (Até os filhos, para jogar ao berlinde, o têm de fazer na rua, sujeitos a perigos e intempéries... Vejam só!).
Haja Deus!
Felizmente que temos um líder de um partido de esquerda e simultaneamente chefe do governo que vê com lucidez esses hipotéticos disparates (crimes não sei quantos) e que com tal ideia não pactua! (“Ni hablar!”)
Para engrandecimento e glória da República e sossego de todos nós.
Sócrates está coberto de razão: não liguemos a minudências!
Bem haja!
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