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«A atmosfera continua carregada. Afinal de contas,
as eleições foram apenas um intervalo no ciclo,
já quase banal, de casos judiciais envolvendo actores
políticos, negócios pouco claros, jogos de influência
e acusações de corrupção. Parece mesmo que existem
ao mesmo tempo dois governos. Um público, que aparece
à vista de todos no Parlamento ou na televisão, a discutir
com a oposição ou a anunciar medidas. Outro oculto,
que longe dos olhares públicos intervém no mundo dos negócios,
capta financiamentos, influencia decisões empresariais.
Qual dos dois é o verdadeiro? Um e outro não estão distantes
quanto parecem. Não só a influência do Governo oculto se
estende aos negócios dos media como a propaganda do Governo público
se tornou num formidável instrumento de ocultação.
O problema de fundo é político - e ético.»
Miguel Gaspar, “O Governo Oculto”, in Público, TR 10.11.2009
as eleições foram apenas um intervalo no ciclo,
já quase banal, de casos judiciais envolvendo actores
políticos, negócios pouco claros, jogos de influência
e acusações de corrupção. Parece mesmo que existem
ao mesmo tempo dois governos. Um público, que aparece
à vista de todos no Parlamento ou na televisão, a discutir
com a oposição ou a anunciar medidas. Outro oculto,
que longe dos olhares públicos intervém no mundo dos negócios,
capta financiamentos, influencia decisões empresariais.
Qual dos dois é o verdadeiro? Um e outro não estão distantes
quanto parecem. Não só a influência do Governo oculto se
estende aos negócios dos media como a propaganda do Governo público
se tornou num formidável instrumento de ocultação.
O problema de fundo é político - e ético.»
Miguel Gaspar, “O Governo Oculto”, in Público, TR 10.11.2009
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Qual “donzela” de duvidosa pudicícia, mas que quer passar por cândida e respeitável criatura, o ministro Silva Pereira, no “Prós e Contras” de 9 de Novembro último, não gostou, achando-o ofensivo e deselegante, que Aguiar Branco tivesse referido o governo como “central de negócios”. Bom, deselegante… Talvez. Estou em crer que poderia ter adocicado a expressão.
Mas lá que é o que a maioria das pessoas – mesmo as melhores intencionadas e as de maior tento na língua – pensam… Isso creio estar fora de dúvidas.
Mesmo tendo dado a volta ao quarteirão dos conceitos, da sintaxe e das boas maneiras, Miguel Gaspar, no dia seguinte, se logrou fugir à expressão, não conseguiu escapar ao seu conteúdo ao referir-se ao governo público e ao oculto.
Aliás, e sem mais rodeios, já na legislatura anterior, e relativamente à AR dominada por maioria do partido que ora nos governa de novo, dizia então Paulo Morais, no JN de 4.2.09: o Parlamento, que “deveria ser o coração da democracia (…) transformou-se numa central de negócios, ao serviço de quem domina os directórios partidários”.
Claro que o tiro daquele colunista tinha vários destinatários, mas atingia, em cheio o, então e agora, partido do governo.
Não vale a pena tentar escamotear o problema com base no vocabulário utilizado ou ludibriar o cidadão atento e responsável: ele sabe bem distinguir quem serve a República de quem se serve dela. Ele não tem dúvida de quem unicamente possui o mérito que lhe atribui o cartão de militante partidário. Ou de quem o faz prevalecer. Que, logo se vê, é coisa que só com a lealdade partidária tem algo a ver, não com os superiores interesses nacionais.
A democracia não pode pactuar com tais critérios. Tem de os denunciar e combater.
Urge, pois, criar mecanismos que os penalize de forma frontal, pesada e exemplar.
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Qual “donzela” de duvidosa pudicícia, mas que quer passar por cândida e respeitável criatura, o ministro Silva Pereira, no “Prós e Contras” de 9 de Novembro último, não gostou, achando-o ofensivo e deselegante, que Aguiar Branco tivesse referido o governo como “central de negócios”. Bom, deselegante… Talvez. Estou em crer que poderia ter adocicado a expressão.
Mas lá que é o que a maioria das pessoas – mesmo as melhores intencionadas e as de maior tento na língua – pensam… Isso creio estar fora de dúvidas.
Mesmo tendo dado a volta ao quarteirão dos conceitos, da sintaxe e das boas maneiras, Miguel Gaspar, no dia seguinte, se logrou fugir à expressão, não conseguiu escapar ao seu conteúdo ao referir-se ao governo público e ao oculto.
Aliás, e sem mais rodeios, já na legislatura anterior, e relativamente à AR dominada por maioria do partido que ora nos governa de novo, dizia então Paulo Morais, no JN de 4.2.09: o Parlamento, que “deveria ser o coração da democracia (…) transformou-se numa central de negócios, ao serviço de quem domina os directórios partidários”.
Claro que o tiro daquele colunista tinha vários destinatários, mas atingia, em cheio o, então e agora, partido do governo.
Não vale a pena tentar escamotear o problema com base no vocabulário utilizado ou ludibriar o cidadão atento e responsável: ele sabe bem distinguir quem serve a República de quem se serve dela. Ele não tem dúvida de quem unicamente possui o mérito que lhe atribui o cartão de militante partidário. Ou de quem o faz prevalecer. Que, logo se vê, é coisa que só com a lealdade partidária tem algo a ver, não com os superiores interesses nacionais.
A democracia não pode pactuar com tais critérios. Tem de os denunciar e combater.
Urge, pois, criar mecanismos que os penalize de forma frontal, pesada e exemplar.
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1 comentário:
Parece uma intrigalhada dos pequenos e médios invejosos...
Que diabo,a mala não chegou a eles ou a que têm já não lhes chega?!
Será que um sobrinho-neto da porteira do Sócrates,algures no Cazaquistão,é que é o dono da mala?!
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