Há políticos que mentem com a maior desfaçatez. Fazem-no com a mesma naturalidade com que respiram.
Por vezes chegam a ministros, e é claro que continuam, nessa função, a não primar pela verdade.
Outros há que, não mentindo, contudo não são exemplo de grande virtude em matéria de seriedade.
E se, tal como à mulher de César, aos políticos se exige que, além do mais, também pareçam sérios, quanto mais se lhes não há-de exigir que o sejam!...
Vem isto a propósito das, como sempre, calmas declarações do actual ministro das Finanças, muito recentemente, acerca da introdução, entre nós, do patamar dos 23% do IVA na factura do gás e electricidade.
Afirmou Vítor Gaspar, com a sua habitual serenidade, que tal medida já é praticada na maioria dos países europeus.
Dêmos de barato que sim. O ministro, portanto, não terá mentido…
Contudo, não foi sério, pois esqueceu deliberadamente e omitiu – o que é grave – que na generalidade dos países da mesma área se praticam salários muito (em Espanha) ou abismalmente superiores aos praticados aqui na paróquia (nos outros).
Logo, não é exemplo de probidade comparar o incomparável.
Basta atentar na comparação do salário mínimo nacional com o de outros países europeus.
Vejamos:
Suíça - 2.916€
Luxemburgo - 1.757,56€
Irlanda - 1.653€
Bélgica - 1.415,24 €
Holanda - 1.400 €
França - 1.377,70 €
Reino Unido - 1.035 €
Espanha - 748,30€
Portugal - 485 €
E, mais, outros índices, ainda, se podem aduzir para reforçar aquela falta de seriedade:
Como por exemplo que uma botija de gás em Espanha custa menos 10€ do que aqui na nossa aldeia, ou que cada litro de gasolina 95 é mais barata lá do que aqui cerca de 20 cêntimos. Ou ainda isto: nos supermercados do LIDL houve muito recentemente uma promoção, simultaneamente em Portugal e em Espanha, dum produto que cá era vendido por 9,99€ e lá 6,99€ não havendo qualquer diferença nem sequer na embalagem. E as frutas? E os produtos de higiene? E os produtos de 1ª necessidade, o peixe, a carne, etc. etc..
O sr ministro esqueceu-se destes elementos no seu juízo tão assertivo mas tão infeliz? É pena. E indesculpável.
Omitiu-os deliberadamente? É grave e imperdoável.
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1 comentário:
O homem é cursado, quiçá com um pós-doutoramento, está ali a economizar: se é na batata ou no sushi, se é no spa ou no porsche
... que lhe interessa a ele? A cabeça dele são números a abater; pouca sorte se vão pessoas dentro.
Abçs
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