Há muitas maneiras de comemorar Abril. Eu escolhi o testemunho de Sophia de Mello Breyner Andresen (Porto, 06.11.1919-Lisboa, 02.07.04), transcrevendo dois dos seus poemas.
25 DE ABRIL
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
REVOLUÇÃO
Como casa limpa
Como chão varrido
Como porta aberta
Como puro início
Como tempo novo
Sem mancha nem vício
Como a voz do mar
Interior de um povo
Como página em branco
Onde o poema emerge
Como arquitectura
Do homem que ergue
Sua habitação
(datado de 27 de Abril de 1974)
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
REVOLUÇÃO
Como casa limpa
Como chão varrido
Como porta aberta
Como puro início
Como tempo novo
Sem mancha nem vício
Como a voz do mar
Interior de um povo
Como página em branco
Onde o poema emerge
Como arquitectura
Do homem que ergue
Sua habitação
(datado de 27 de Abril de 1974)
(Ambos os poemas transcritos da sua “Obra poética II, O nome das Coisas II”, pág 195, o primeiro; pág 196 o segundo – edição do Círculo de Leitores, 1992)
E deixo também um voto: que o cravo não murche e que Abril regresse à sua pureza.
2 comentários:
25 DE ABRIL,SEMPRE!
As palavras de Sophia são belas.
Quanto ao regresso à pureza,duvido.
Já não há puros.
Nós próprios,de tanto mexer a merda,já estamos mais que conspurcados...
Mesmo assim estamos muito melhor que há 34 anos!
Um abraço.
Abraços para ti, depois da emoção de ver/ouvir a "Associação do 25 de Abril" assumir-se e pincelar a memória de palavras.
Viva a Liberdade!
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