O radical e (não pelas melhores razões) bem conhecido cónego Melo, o bem pouco apaziguador, pouco fraterno, pouco complacente e pouco evangélico “ministro do Altíssimo”, finou-se.
O passamento de certas pessoas – reafirmo-o – não as deve nivelar, indiscriminadamente, no mesmo grau de admiração e saudade que outras nos suscitam. Nem devem ser objecto da condescendente avaliação que a efemeridade do percurso neste mundo geralmente sugerem.
Não há que fazer “lavagens”. Há que ser sério e coerente.
Claro que existem sempre, para certos declarantes, palavras de circunstância, mas que não passam disso: um código, uma fraseologia que debitam monotonamente em declarações oficiais (como, agora, as do presidente da edilidade de Braga, o socialista Mesquita Machado).
E ainda para certas “santas” almas – que não só as que rodopiam pelas sacristias -, há sempre aquelas enternecidas e comoventes palavras de perene saudade.
O intolerante, o bombista (não se sabe ao certo se activa, se só passivamente), o militante da direita radical, na hora da despedida, foi recordado, pelo jubilado arcebispo de Braga Eurico Nogueira, como alguém que viveu “oitenta anos gastos no serviço de Deus e do seu povo, (...) sempre norteado pelo sacerdócio”. (Ia a dizer: farisaísmo! Mas não digo).
Apagou-se. Com a serenidade que só os bons e os justos mereceriam. (Mas a justiça divina, vá-se lá entender porquê, não faz tais distinções.)
A criaturas que tais não se lhes pode desejar – como a outros que, de facto, o merecem – a leveza da terra...
2 comentários:
Em tempos,quando não perdia as quartas-feiras europeias,deslocava-me aos estádios das Antas,Luz e Alvalade.
Num deles,por uma questão de preço de bilhete,costumava ficar junto da claque da equipa da casa.
O tipo mais ordinário da claque era conhecido por "cónego"...
Ora ainda bem que lembras! Uma das coisas que me dana é que depois de mortos, "semos" todos bonzinhos. Que a leveza lhes pese...!
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