Amazing Grace é um conhecido hino cristão composto pelo inglês John Newton e foi impresso pela primeira vez no Newton's Olney Hymns (1779).
Depois de um curto tempo na Marinha Real, John Newton iniciou sua carreira como traficante de escravos, por volta de 1750.
A vida de um comandante de navio negreiro era uma lucrativa rotina: demandar as costas africanas onde os «chefes tribais entregavam aos europeus as "cargas" de homens e mulheres, capturados nas invasões e nas guerras entre tribos. Os compradores seleccionavam os espécimes “mais finos” dando em troca armas, munições, licores e tecidos. Os cativos seriam trazidos então a bordo e “preparados” para o transporte».
Preparados? Vejamos como: eram acorrentados no convés para impedir suicídios e colocados lado a lado para aproveitar espaço, fila após fila, até que a embarcação estivesse "carregada", normalmente até 600 "unidades" de carga humana.
Iniciava-se, então, a viagem através do Atlântico.
«Os capitães procuraram fazer uma viagem rápida esperando preservar ao máximo a sua carga, contudo a taxa de mortalidade era alta, normalmente 20% ou mais. Quando um surto de disenteria ou qualquer outra doença ocorria, os doentes eram atirados ao mar. Uma vez chegados ao Novo Mundo, os negros eram negociados por açúcar e melaço que os navios carregavam para Inglaterra no pé final de seu "comércio triangular."»
John Newton transportou muitas cargas de escravos africanos trazidos à América no século XVIII. Numa das suas viagens, o navio enfrentou uma enorme tempestade e naufragou. Sobrevivendo a esta sua última viagem, afortunadamente, o capitão converteu-se ao cristianismo e dedicou o resto da sua vida à pregação e à contemplação mística, momentos estes em que compôs muitos dos seus hinos religiosos, de entre eles, este:
Amazing Grace
Amazing grace, how sweet the sound
That sav’d a wretch like me!
I once was lost, but now am found,
Was blind, but now I see.
’Twas grace that taught my heart to fear,
And grace my fears reliev’d;
How precious did that grace appear,
The hour I first believ’d!
Thro’ many dangers, toils and snares,
I have already come;
’Tis grace has brought me safe thus far,
And grace will lead me home.
The Lord has promis’d good to me,
His word my hope secures;
He will my shield and portion be,
As long as life endures.
Yes, when this flesh and heart shall fail,
And mortal life shall cease;
I shall possess, within the veil,
A life of joy and peace.
The earth shall soon dissolve like snow,
The sun forbear to shine;
But God, who call’d me here below,
Will be forever mine.
Esta versão é que consta como sendo a original (John Newton, Olney Hymns -London: W. Oliver, 1779)
(Fonte: além da wikipédia, uma versão dos factos que repetidamente surge integralmente copiada de blogue em blogue, mas de que se desconhece a autoria. Quanto à veracidade… Mais fantasia, menos palavra, a situação não devia andar muito longe desta descrição.)
De notar que de carradas sucessivas desta “mercadoria” é que resultou a grande massa de negritude das colónias e posteriormente Estados do Sul dos EEUU. Donde, por sua vez, a Guerra Civil Americana/Guerra de Secessão (1861/65).
A propósito: (…) “guerra civil na qual o número de baixas americanas foi maior do que a soma de todas as baixas americanas sofridas em todas as outras guerras na qual os Estados Unidos se envolveram, desde sua independência, até à actual Guerra contra o Iraque.” (wiki)
.
A ideia da criação do Il Divo surgiu após o empresário musical britânico, e conhecido jurado dos programas de televisão "Britain's Got Talent", Simon Cowell (n. 1959) ter ouvido, em 2001, a interpretação de Andrea Bocelli e Sarah Brightman da famosa balada italiana “Con te partirò”. Isso fê-lo reconhecer novas potencialidades para vozes líricas e de música clássica decidindo formar um quarteto vocal multinacional de ópera-pop sob os auspícios da Sony-BMG.
A busca conduzida por Cowell para recrutar jovens cantores para o seu projecto Il Divo ficou concluída em Dezembro de 2003 com a assinatura do quarto membro da banda, o americano David Miller.
Então, e seguindo a sequência da imagem, ficaram a constituir o quarteto:
o tenor suíço Urs Bühler (n. 1971), o cantor pop francês Sebastien Izambard (n. 1973), o tenor americano David Miller (n. 1973) e o barítono espanhol Carlos Marin (n. 1968).
Segundo se crê, foram encontradas diferentes versões deste hino religioso. E, na verdade, a versão interpretada pelos Il Divo é um pouco diferente da acima transcrita que consta da Wikipédia, atribuída ao converso traficante de escravos negros.
A versão do hino interpretada pelos Il Divo é a seguinte (e serve, aqui, de guião para acompanhar a respectiva performance)
[Canta Sebastião]
Amazing Grace, how sweet the sound,
That saved a wretch like me.
I once was lost but now am found,
Was blind, but now I see.
[canta David, com um coro de fundo, de Urs e Carlos]
T'was Grace that taught my heart to fear.
And Grace, my fears relieved.
How precious did that Grace appear
The hour I first believed.
[canta Urs, com fundo de música e coros]
Through many dangers, toils and snares
I have already come;
'Tis Grace that brought me safe thus far
and Grace will lead me home.
[cantam os quarto, mas com a voz de Carlos a sobressair]
When we've been here ten thousand years
Bright shining as the sun.
We've no less days to sing God's praise
Than when we've first begun.
[canta, de novo, Sebastião, agora acompanhado pelos outros três em fundo]
Amazing Grace, how sweet the sound,
That saved a wretch like me.
I once was lost but now am found,
Was blind, but now I see.
Há uma estrofe que consta da versão referida atrás, da Wikipédia, e de uma outra que encontrei na rede, mas que não consta desta interpretada por Il Divo. E reza assim:
The Lord has promis’d good to me,
His word my hope secures;
He will my shield and portion be,
As long as life endures.
Esta foi a diferença maior que encontrei, para além de outras de menor expressão (trocas de formas verbais: no singular, numas, enquanto que no plural noutras, ou vice-versa)
Siga, então, e veja quanta serenidade e suavidade, por um lado. Mas por outro, a qualidade excepcional do quarteto. O seu desempenho perfeito e brilhante. As vozes extraordinárias, poderosas de um “conjunto assumidamente romântico”.
Assista a esta espectacular interpretação do conhecidíssimo hino
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1 comentário:
Uma maravilha!
Também gostei do texto explicativo.
Ignorava a maior parte da história.
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