quinta-feira, 25 de junho de 2009

NEDA (“A VOZ”)

"Fotos de Neda distribuídas pela internet: o rosto da repressão contra os manifestantes (Crédito: AFP)"
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«Querida Neda, não tenhas medo...

Neda é o símbolo universal de um movimento imenso e forte de gente que hoje vemos como igual a nós
O que se sabe da jovem de cabelo negro e jeans azuis que morreu no sábado numa rua de Teerão, vítima de uma bala assassina, é que se chamava Neda, que tinha 26 anos, ou 27, que era estudante de Filosofia, que morreu em segundos, nos braços de alguém que lhe pedia para não ter medo. As imagens da sua morte quase irreal são um nó na garganta que não se desfaz. As autoridades quiseram silenciar o seu enterro, como se isso pudesse apagá-las. Aconteça o que acontecer daqui para a frente no Irão, seja qual for o número de vítimas da repressão do regime teocrático ou o número de dias da resistência iraniana, Neda é o símbolo universal de um movimento imenso e forte de gente que ontem talvez ainda olhássemos com a reserva do nosso olhar ocidental e que hoje vemos como igual a nós.»
Texto de Teresa de Sousa, no Público de ontem.
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Um regime teocrático – esta teocracia em concreto – é a negação absoluta dos valores do espírito, de qualquer além, do amor fraterno e da coragem da perfeição, segundo os cânones pregados por qualquer fé.

Não, não são os homens que se iludem. Os homens – certos políticos – optam, mesmo, e abertamente, pelo equívoco.

Como em todos os tempos, as guerras de cariz religioso são as mais ferozes. O que, em absoluto, não daria para entender, ou não foram elas, sempre, lutas encarniçadas pelo poder político, pelo domínio total (na vertical) e o mais globalizante (horizontal) possível. Donde lhes advém essa característica da sua maior ferocidade, atendendo ao sempre cego radicalismo que as move.
E então as vítimas, os entes verdadeiramente livres, tombam numa imolação que poderá tardar a dar frutos.

Agora, em Teerão, caiu Neda – que em persa (farsi) significa “a voz” – a somar a perto de uma vintena de mortos, até há dias.
Neda tombou baleada pela milícia que apoia Ahmadinejad. E a sua morte foi registada e divulgada na rede pela France-Presse associada à VEJA.
No vídeo seguinte vê-se Neda cair de costas de olhos muito abertos, baleada, e, segundos depois, vê-se o sangue jorrar abundantemente, cobrindo-lhe o rosto e o pescoço.



(Fonte: Veja.com de 22.06.2009 com Agência France-Press)

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Em Teerão têm-se contado por milhões as “nedas” que se ouvem, ansiosas por uma democracia que lhes escapa.
Na verdade, e como Teresa de Sousa, naquele artigo, lembrava que Obama tinha afirmado no seu célebre discurso do Cairo, “há valores que não são ocidentais ou muçulmanos, porque são o património de toda a humanidade”, como os mais elementares direitos de opinião e de manifestação, a par da liberdade, educação e outros mais.
A conquista desses direitos tem, por vezes, um preço muito elevado: grandes sacrifícios. E a própria vida, quantas vezes.
Como acabou de acontecer com a jovem Neda.
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1 comentário:

aminhapele disse...

Segundo o meu amigo Marcelo C.R.,a expressão "politicamente correcta" para comentar isto,é:
ENTUBE-SE!

 

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