Muito se tem dito e escrito sobre a matéria da crise financeira que se abateu sobre as mais florescentes economias e que afinal se constatou serem "economias de casino", eivadas de "produtos tóxicos".
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Os experts na matéria não se têm poupado a esforços para atenuarem os efeitos do alvoroço que o assunto provoca…
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Outros comentadores – mormente na blogosfera – apresentam versões ou excessivamente catastrofistas ou menos espalhafatosas, conquanto mais mordazes…
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Mas que o assunto é sério e que é com inteira razão que alguns comentadores falam nos mil e um cuidados com que o poder acautela as consequências dos desastres dos grandes gestores e dos mais destacados financeiros, aplicando receitas de tratamento e restabelecimento dos seus sobressaltos e das sua ruinosas gestões à custa dos contribuintes, vários especialistas o têm admitido.
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Não se trata de um especialista, mas ainda hoje Mário Soares, que, por vezes, tão compreensivo se mostrou com tão eméritos benfeitores da humanidade, veio hoje a terreiro defender a justeza da indignação dos atónitos cidadãos, na sequência de tão grave e criminosa actuação de tais gestores sem escrúpulos, com um artigo no DN - A CRISE E OS MILHÕES – que rezava: «A crise aprofunda-se e generaliza-se. Os Estados desviam milhões, que vêm directamente dos bolsos dos contribuintes, para evitar as falências de bancos mal geridos ou que se meteram em escandalosas negociatas. Será necessário. Mas o povo pergunta: e as roubalheiras, ficam impunes? E o sistema que as permitiu - os paraísos fiscais -, os chorudos vencimentos (multimilionários) de gestores incompetentes e pouco sérios, ficam na mesma? E os auditores que fecharam os olhos - ou não os abriram suficientemente - e os dirigentes políticos que se acomodaram ao sistema, não agiram e nem sequer alertaram, continuam nos mesmos lugares cimeiros, limitando-se a pedir, agora, mais intervenções do Estado, com a mesma desfaçatez com que antes reclamavam "menos Estado" e mais e mais privatizações?Pedem-se e pediram-se sacrifícios para cumprir as metas do défice, impostas por Bruxelas. Mas, ao mesmo tempo, os multimilionários engordaram - os mesmos que agora emagreceram na roleta russa das economias de casino - e os responsáveis políticos (os mesmos, por quase toda a Europa) não pensam em mudar o paradigma ou não anunciam essa intenção e não explicam sequer aos eleitores comuns, os eternos sacrificados, como vão gastar o dinheiro que utilizam para salvar os bancos e as grandes empresas da falência, aparentemente deixando tudo na mesma? E querem depois o voto desses mesmos eleitores, sem os informar seriamente nem esclarecer? É demais!»
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Dos tais outros opinantes, veja-se este exemplo, brasileiro, que hoje recebi por mail.
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Texto do Neto, diretor de criação e sócio da Bullet, sobre a crise mundial.
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«Vou fazer um slideshow para você.
Está preparado?
É comum, você já viu essas imagens antes.
Quem sabe até já se acostumou com elas.
Começa com aquelas crianças famintas da África.
Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele.
Aquelas com moscas nos olhos.
Os slides se sucedem.
Êxodos de populações inteiras.
Gente faminta.
Gente pobre.
Gente sem futuro.
Durante décadas, vimos essas imagens.
No Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de foto.
Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados.
São imagens de miséria que comovem.
São imagens que criam plataformas de governo.
Criam ONGs.
Criam entidades.
Criam movimentos sociais.
A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em Bogotá sensibiliza.
Ano após ano, discutiu-se o que fazer.
Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se sucederam nas nações mais poderosas do planeta.
Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o problema da fome no mundo.
Resolver, capicce?
Extinguir.
Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta.
Não sei como calcularam este número.
Mas digamos que esteja subestimado.
Digamos que seja o dobro.
Ou o triplo.
Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.
Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse.
Não houve documentário, ONG, lobby ou pressão que resolvesse.
Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bilhões nos EUA, 1.5 trilhões na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia. Bancos e investidores.
Como uma pessoa comentou, é uma pena que esse texto só esteja em blogs e não na mídia de massa, essa mesma que sabe muito bem dar tapa e afagar.
Se quiser, repasse, se não, o que importa?
O nosso almoço tá garantido mesmo.. .»
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Enquanto à cabeceira de tais enfermos se sentar vigilante, preocupado e pronto a reanimá-los, o Estado... Sem curar de saber da responsabilidade dos mesmos na etiologia da doença e nas suas consequências epidémicas... Nada feito.
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1 comentário:
Gostei mesmo foi da farpa que o Marocas meteu no Constâncio...
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