Recebi em anexo a um mail. E tanto quanto me quis parecer circula como matéria de evidente gozação.
Experimentei ver o vídeo de um outro jeito.
E parece-me bem possível este ângulo de leitura.
.
.
.
O safado do brasuca vai mesmo muito bem.
Isto não é mais que uma "conversa da treta", mas num monólogo dum "tony" cujo nome desconhecemos.
O cara é convincente, destemido, afoito.
E sereno. Tão sereno como se divagasse acerca da pesca da truta no rio Minho ou no Lima.
É sem qualquer sobressalto que fala do galhudo (cornus tristis solitariusque, de seu nome científico).
Não fala dele como se de uma fatalidade se tratasse. Antes como uma característica feliz e heróica com que nasce qualquer homem.
Faz a apologia do dito e legitima o seu papel, tirando-lhe a carga que o torna objecto da gozação ou da comiseração geral.
Mais que legitimar, o pantomimeiro invoca o orgulho de ser isso mesmo. Parece, inclusive, querer defender que sem o ser nunca se pode ser feliz.
Esclarece, até, o benefício que lhe pode advir de proveitosa transacção de sua companheira com outros parceiros.
Atrevido, na perspectiva de alguns, argumenta placidamente, com a naturalidade de quem fala de uma trivialidade, como antes referi.
Como se tal característica fosse um normal requisito de qualquer homem, recordo de novo.
Alguma vez se lhe viu um sorriso denunciador da comédia?
Nunca, durante a exposição, cheia de argumentos mais que abonatórios da honrosa condição, alguém lhe adivinhou o sorriso malandro.
Nunca?
Nunca, não.
O cameraman não cortou a tempo, e, mesmo no final, no derradeiro instante da apresentação, o magano solta o sorriso safado que sempre conseguiu conter do melhor jeito durante a ousada cena.
Muito bem representado, o chifrudo. Muito boa performance do actor.
Sustentar o nonsense, defender o indefensável, fazer a apologia do reprovável (nos nossos normais parâmetros) serão, estou em crer, os quadros mais difíceis da comédia.
O que o "moleque" conseguiu da melhor forma.
.
1 comentário:
Gostei daquela proposta para "terapia de grupo" dos cornudos...
Entre 69 e 72,já não me lembro,assistimos no Parque Mayer a um espectáculo notável.
O humorista,brasileiro,contava "histórias" deliciosas.Uma,que ainda lembro,era sobre um velho de setenta anos,já muito caquético,casado com uma miuda,podre de boa,nos seus vinte aninhos.
Então,toda a comunidade sabia que a miuda,mulher do velho,satisfazia os seus apetites com a rapaziada,lá da terrinha.
Questionado,o marido,respondeu de forma desarmante:
"Mais vale repartir um pudim com os amigos,que comer um pote de merda sózinho"...
Enviar um comentário