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Hoje trago um pequeno filme premiado no Festival Internacional de Berlim de Fevereiro de 2006.
Nele se recorda que morrem diariamente, no mundo, 25 000 pessoas de fome e subnutrição.
Esta curtíssima metragem revela a face oculta, ou desconhecida, ou esquecida de uma importante parte da sociedade: as pessoas que sobreviverem com os restos e o lixo de outras pessoas.
Um indivíduo recolhe, habitualmente, os sobejos de um restaurante, em baldes, para satisfazer uma matilha de cães esfaimados e um bando de crianças famintas.
Antes, porém, dessa repelente amálgama de restos retira aqueles que tenham um pouco mais que ossos e raras aparas de carne para a sua família.
Depois do espectáculo dos animais disputando um osso, e das crianças precipitando-se sobre o balde na ânsia de encontrar qualquer sobra que lhes trave a fome, assistimos à alegria dos filhos do portador de tais iguarias que aguardam a distribuição, pela mãe, do precioso repasto.
A respectiva sinopse termina no que considero a evidência de uma afronta despudorada e gratuita, da mais farisaica provocação: “o que impressiona é a esperança e a espiritualidade sempre presentes nestas pessoas” – diz-se aí a propósito do recolhimento e da oração impostos por aquele pai aos respectivos filhos, crianças, em agradecimento de tão lauta refeição.
A igreja de Roma prega a humildade, a parcimónia e o desprezo pelos bens terrenos…
Mas pratica o fausto o luxo e a pompa.
Aos seus fabulosos rendimentos acrescem as generosas esmolas dos pobres, tornando ainda mais revoltante o desprezo a que os vota.
Prega a “caridadezinha”, a distribuição das sobras ou do supérfluo, fomentando a hipocrisia de uma farsa que reforça a marginalização dos mesmos pobres. E sente-se com isso reconfortada!
Incrível!
E eles – os pobres – ainda erguem as mãos e bendizem a sua marginalização.
É indigno e desumano, por parte de quem pretende pegar na bandeira da dignidade e do espírito humanitário, pactuar com estas situações.
Uma igreja que não sacode consciências (dos ricos e poderosos) mas as adormece num remansoso entorpecimento e indiferença.
Não creio que haja motivo para dar graças (com tamanha humildade) mas sim para demonstrar revolta por tamanha indignidade.
Isto para não falar de outras “igrejas” que despudoradamente apregoam o reino de Deus e onde ainda é mais revoltante a convivência do lixo e do luxo. Numa acção criminosa!
Até quando estas humildes e ingénuas criaturas vão suportar serem objecto de tão hipócrita manipulação?
Hoje trago um pequeno filme premiado no Festival Internacional de Berlim de Fevereiro de 2006.
Nele se recorda que morrem diariamente, no mundo, 25 000 pessoas de fome e subnutrição.
Esta curtíssima metragem revela a face oculta, ou desconhecida, ou esquecida de uma importante parte da sociedade: as pessoas que sobreviverem com os restos e o lixo de outras pessoas.
Um indivíduo recolhe, habitualmente, os sobejos de um restaurante, em baldes, para satisfazer uma matilha de cães esfaimados e um bando de crianças famintas.
Antes, porém, dessa repelente amálgama de restos retira aqueles que tenham um pouco mais que ossos e raras aparas de carne para a sua família.
Depois do espectáculo dos animais disputando um osso, e das crianças precipitando-se sobre o balde na ânsia de encontrar qualquer sobra que lhes trave a fome, assistimos à alegria dos filhos do portador de tais iguarias que aguardam a distribuição, pela mãe, do precioso repasto.
A respectiva sinopse termina no que considero a evidência de uma afronta despudorada e gratuita, da mais farisaica provocação: “o que impressiona é a esperança e a espiritualidade sempre presentes nestas pessoas” – diz-se aí a propósito do recolhimento e da oração impostos por aquele pai aos respectivos filhos, crianças, em agradecimento de tão lauta refeição.
A igreja de Roma prega a humildade, a parcimónia e o desprezo pelos bens terrenos…
Mas pratica o fausto o luxo e a pompa.
Aos seus fabulosos rendimentos acrescem as generosas esmolas dos pobres, tornando ainda mais revoltante o desprezo a que os vota.
Prega a “caridadezinha”, a distribuição das sobras ou do supérfluo, fomentando a hipocrisia de uma farsa que reforça a marginalização dos mesmos pobres. E sente-se com isso reconfortada!
Incrível!
E eles – os pobres – ainda erguem as mãos e bendizem a sua marginalização.
É indigno e desumano, por parte de quem pretende pegar na bandeira da dignidade e do espírito humanitário, pactuar com estas situações.
Uma igreja que não sacode consciências (dos ricos e poderosos) mas as adormece num remansoso entorpecimento e indiferença.
Não creio que haja motivo para dar graças (com tamanha humildade) mas sim para demonstrar revolta por tamanha indignidade.
Isto para não falar de outras “igrejas” que despudoradamente apregoam o reino de Deus e onde ainda é mais revoltante a convivência do lixo e do luxo. Numa acção criminosa!
Até quando estas humildes e ingénuas criaturas vão suportar serem objecto de tão hipócrita manipulação?
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Sofres, irmão,
a desdita da pobreza?
Acreditas, irmão,
nas palavras de veludo?
Revolta-t’ antes c’ o desprezo
e a falácia desse entrudo!
Se venceres o quebranto
e tiveres força p’ra tanto!
Sofres, irmão,
a desdita da pobreza?
Acreditas, irmão,
nas palavras de veludo?
Revolta-t’ antes c’ o desprezo
e a falácia desse entrudo!
Se venceres o quebranto
e tiveres força p’ra tanto!
3 comentários:
É a economia!
Este ano,o marquês de Fátima queixou-se que as esmolas decresceram 15%...
A consciencialização das situações leva de facto muito tempo a formar-se! Carlos
Já Agnès Varda, no seu filme "Les glaneurs et la glaneuse" de 2000, mostrava o que "os respigadores" retiravam dos restos dos mais ricos... Nunca mais esquecerei esse filme! Até porque passei a reparar mais, em vários sítios e nos contentores dos supermercados, gente dita "normal" a fazer o mesmo.
Quanto à "religião"...sabes o que penso da hipocrisia! Nada tenho contra quem pratica, com verdade o "ama o próximo como a ti mesmo". Mas onde?
Abç da bettips
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