sábado, 24 de março de 2007

UM PORTUGAL MEDÍOCRE E “PEQUENINO”














José Ricardo
Costa

Jorge

Carreira Maia


Repito: não é só nos media de maior referência que se faz bom jornalismo.

Também num mais modesto Jornal Torrejano isso acontece.

Temos na edição de hoje, daquele periódico, dois textos a merecer uma leitura atenta.

"O Portugal de Mourinho a Calisto", do nosso já conhecido José Ricardo Costa, contém traços de caricatura. Mas, mais que isso, é um retrato. Tão impiedoso quanto real.
Um retrato de corpo inteiro.
Em jeito de conclusão, remata:

«O patriotismo não é um exclusivo lusitano. Há-os [“um inglês, um francês, um espanhol”...] até bem mais patriotas do que nós. Só que há uma enorme diferença entre os dois tipos de orgulho.

(...) Os outros sentem orgulho por serem quem são. Nós sentimos orgulho apenas porque nos lembram que existimos.»



Curiosamente, dentro do mesmo mote da "apagada e vil tristeza" de ser português, hoje, também o colega e amigo de José Ricardo Costa, Jorge Carreira Maia, na coluna logo a seguir, no mesmo número do JT, afinou por igual diapasão. O tom é o mesmo: mi bemol menor.

Mas o "Poupem-nos", de Jorge Maia, é mais austero. Só racional. E doloroso. E duro. Mas muito bom.

E conclui: «Portugal é, cada vez mais, uma caricatura de um país, entregue ao delírio extremo e à mais acintosa venalidade. Poupem-nos!»

Ambos, muito bons.

Ou não foram eles dois maduros filósofos!

Só que, “O Portugal de Mourinho a Calisto” é, além de igualmente racional, nada austero, antes carregado de pólvora, de veneno. Ácido e cáustico a valer. Mordaz!

Sem que uma pessoa se dê conta, o indígena protótipo está estraçalhado, como a ucraniana da notícia o foi pelos rottweiler...

Ou seja – e na minha perspectiva, evidentemente – os dois textos são duas partes do mesmo concerto, da mesma peça, da mesma sinfonia.

“O Portugal de Mourinho a Calisto” inicia-se num registo andante, variando para allargando, para terminar em movimento andantino, vivace assai.

Já o “Poupem-nos” começa largo, passando a meno mosso, e conclui num registo poco adagio, con spirito.

Mas o concerto, nas suas duas partes, é muito bom.

Além de duas partes do mesmo concerto, são dois matizes da mesma cor: um Portugal medíocre e “pequenino”...

Leram os dois textos?

E que me dizem?

(sei que o endereço dos dois artigos muda, a partir do próximo dia 30. Mas desconheço para qual)

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