sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

CAMPOS E CUNHA E O PS E A LIBERDADE

Não me recordo de alguma vez ter visto entronizado Campos e Cunha entre os mais destacados defensores da democracia e das liberdades.

Recordo-me de já ter visto desenhado o perfil do ex-ministro de Sócrates como «Académico brilhante», «disciplinado», «liberal». E escreveu um dia Paulo Ferreira que «“disciplinado”, “íntegro”, “rigoroso”, “cordato”, “civilizado” são palavras frequentes quando se pedem os traços essenciais de Luís Campos e Cunha a quem o conhece e já trabalhou próximo dele».


O que já acarreta bastante de positivo a seu respeito.


Campos e Cunha é colunista semanal no Público. Nem sempre me entusiasmaram muito os seus artigos. Nem sempre aplaudo os seus pontos de vista e os seus argumentos. (Não falo nos técnicos, sobre que não me pronuncio).


Verdade é que, ainda antes de ser nomeado ministro das Finanças de Sócrates, já Campos e Cunha produzia declarações que não revelavam grande consonância com o programa de governo apresentado pelo actual primeiro-ministro. Declarações que o partido socialista não valorizava... Mas que já estavam na base da sua futura demissão.


Verdade, também, é que foi este antigo ministro que criou a primeira crise no actual executivo, onde apenas esteve pouco mais de quatro meses. Por razões de incompatibilidade política com o chefe do governo.


Na verdade, Luís Campos e Cunha é um moderado crítico deste governo.

Moderado... Bem, tem uma ou outra crítica que destoa um pouco dessa moderação, como uma célebre declaração sua, ainda recentemente, em Novembro último, em que ele escrevia que “a Estradas de Portugal é um mistério”. E explicava: «O Governo nunca perdeu nenhuma oportunidade para perder a oportunidade de explicar o OE para 2008. E, em particular de explicar a Estradas de Portugal, SA (EP, SA), que permanece um mistério».


A matéria foi, na verdade, objecto de grande polémica


Assim, ao fim e ao cabo, e por outro lado, tenho apreciado bastante algumas suas intervenções.


E hoje tive de o aplaudir, na sua coluna intitulada “A liberdade não é grátis”, que rematava deste jeito:

«Em Londres, este fim-de-semana, havia grande celeuma (e bem) porque um membro do parlamento (MP) britânico tinha sido escutado pelos serviços de informações antiterroristas. Esse MP é, por acaso, trabalhista e muçulmano.
O Presidente Bush legalizou a tortura e passaram a fazer-se interrogatórios utilizando métodos atribuídos à PIDE, para defender a liberdade e o Estado de Direito. Tudo legal, naturalmente.
E tudo isto em defesa da liberdade. Se tal não for atalhado e a corrida para o abismo não parar, os terroristas podem reformar-se, pois os democratas entretanto fizeram o trabalho por eles. Cada vez mais, os políticos-representantes, com o pragmatismo elevado a ideologia, põem em causa a política e os princípios. A liberdade já não é grátis, mas devia sê-lo, e pode vir a ter um preço que pode ser a própria liberdade. Professor universitário

PS: Não conheço o bastonário Marinho Pinto, mas a sua campanha contra a corrupção revela muita coragem e deve ser apoiada, porque tem razão. Compreendo que é uma posição de equilíbrio difícil e que pode resvalar para o populismo, mas, até prova em contrário, apoio veementemente.»

É, de facto, motivo para uma reflexão séria sobre a liberdade.


1 comentário:

aminhapele disse...

Pois!
Temo que António Marinho,quando precisar de apoio,tenha muitos "apoiantes" a lavarem as mãos e a desejar-lhe boa sorte!
Afinal,porque todos lançam pistas e se calam??!!

 

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