.
Na Conferência Mundial sobre Educação Artística da UNESCO, realizada em Lisboa de 6 a 9 de Março de 2006, António Damásio, na sessão inaugural, referiu que “a ciência e a matemática são muito importantes, mas a arte e as humanidades são imprescindíveis à imaginação e ao pensamento intuitivo que estão por trás do que é novo”. Mais, advertiu o celebrado neurocirurgião português que "as ciências e as matemáticas não fazem cidadãos", explicando que “desde a revolução industrial só há a preocupação em criar indivíduos eficazes, deixando de lado as artes e as humanidades, mas sublinhando que sem criatividade e imaginação não haveria evolução cientifica e tecnológica porque não haveria curiosidade ou capacidade de imaginar alternativas”. Nessa mesma conferência, por seu lado, Ken Robinson, defendeu que “a imaginação é tão importante para os alunos do século XXI como os números e as letras, apesar de as artes estarem quase sempre no fim da lista de prioridades do ensino escolar público”. Ou seja, para o autor de “Out of Our Minds: Learning to be Creative” “as artes devem ser vistas como motor de transformação do sistema de ensino”: "Gastamos muito tempo e energia a tentar fazer com que o actual sistema de ensino assimile as artes, quando devíamos era pensar em formas de criar, através delas, um sistema novo” – concluía Sir Ken Robinson, o renomado professor internacionalmente conhecido pelo seu trabalho nas áreas de desenvolvimento da criatividade, inovação e recursos humanos, salientando o papel da criatividade na educação contemporânea.
Não admira, pois, que, na sua óptica, Ken Robinson defenda que se deve alimentar a criatividade em lugar de a minar. Ou seja, é urgente “a necessidade da criação de um sistema educacional que desenvolva (no lugar de tolher) a criatividade”
Aliás, e do mesmo ângulo, Damásio, o autor de «O Sentimento de Si», sustenta que "as emoções trabalham como qualificadoras para as nossas ideias e acções, são como uma banda sonora da nossa acção, a decorrer em paralelo e dando-lhe sentido".
O futuro do ensino só tem sentido, segundo Damásio e Ken Robinson, se for uma “aposta na interdisciplinaridade e no equilíbrio entre as várias disciplinas”.
A educação terá de se preocupar “com a satisfação pessoal assim como com a transmissão de valores, em vez da competição”. E a criatividade deve, portanto, ser “vista como algo a ser estimulado”, naturalmente, “através da arte e do ensino das humanidades”.
Ou seja, o pomo da questão não se deve situar nas capacidades em “adquirir conhecimentos mas sim na criatividade que permite usar esses conhecimentos para criar algo”.
Daí os dois vídeo clips seguintes (somando cerca de 20 minutos) de uma das conferências TED (Technology, Entertainment, Design) do professor Ken Robinson acerca da referida temática, sob o título: ESCOLAS MATAM A CRIATIVIDADE?
Trata-se, pois, de duas passagens da mesma conferência.
.
.
.
.
2 comentários:
"Foi você que falou em competição? Onde, onde?"
...realmente, só interessa a criatividade negativa, é ver as notícias, tão malfadadas!
Obg ZL pela causa do "Conta-me" que é sujeito a tantas pressões... nem tu imaginas.
Abç
da bettips
Infelizmente, pelo menos por este nosso querido país, a importância reside apenas na competência cognitiva. As disciplinas são estanques, como uma colecção, em vez de haver uma integração e interrelação de saberes, com prejuízo para a criatividade e relacionamento. Ao tempo que se fala que há vários tipos de inteligência e que o Eusébio ( agora o C.Ronaldo) era sobredotado na inteligência motora, mas o que continua a contar é apenas o diploma, como diz esse excelente pedagogo.
Aquele abraço
Enviar um comentário