O imigrante sem papéis cujo braço foi atirado ao lixo pelo patrão, que o mandou ficar calado
Por Nuno Ribeiro (Público), de Madrid, aos 12.06.2009.
Chocante e impressionante é a história recente do jovem boliviano Franns, de 33 anos que, imigrante sem contrato (“sem papéis”, na classificação legal) desde 2006, em Espanha, em 28 de Maio último protagonizou uma experiência trágica, de revoltante desumanidade e de bárbara crueza.
Depois de durante estes cerca de três anos ter penado, por Madrid, na construção civil, por Múrcia, numa serração, e, desde há ano e meio, numa panificadora, em Valência, eis que vive aí um episódio de indescritível brutalidade.
Como habitualmente, naquele fatídico dia, Franns ligou a máquina de amassar o pão, lançando 40 quilos de farinha às pás. Mas com o farelo foi um papel. Acto reflexo, e para o retirar, o boliviano tentou apanhá-lo com o braço esquerdo. “Sentiu uma dor, viu sangue e, ainda assim, desligou a máquina. Salvou a vida”, mas não se livrou da dor nem das consequências da criminosa actuação da entidade patronal e da indiferença da lei!
O filho do patrão, Juan Rovira, tendo lançado o braço do empregado ao contentor de lixo, enrolado em sacos de plástico, levou-o ao Hospital. Mas parou a
Para cúmulo da tragédia, e da desumana situação dos imigrantes, o drama de Franns, sem braço, é certo, nas referidas condições, mas, porque sem contrato, não pôde ser catalogado como acidente de trabalho…
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A frio e sem mais palavras ou quaisquer juízos… Aí fica a sumária descrição do episódio.
O “mundo cão” não é uma fantasia mórbida.
É uma realidade.
Ainda hoje.
Sobretudo hoje.
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1 comentário:
Absolutamente terrífico - aqui ao lado e gente cristã...etc.
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