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A notícia caiu hoje nas redacções, julgo que de forma não indiferente para ninguém: morreu Raul Solnado.
Raul Augusto Almeida Solnado (1929-2009), que na história do teatro e do humor ficará gravado a letras de ouro como, apenas, Raul Solnado, não foi, de facto, mais um actor nem mais um humorista que constará das suas páginas. Será, sim, um dos raros de quem se poderá dizer que foi O Actor, O Humorista. Com mérito absoluto e nota máxima.
O seu apogeu terá sido atingido, creio, quando, com Carlos Cruz e Fialho Gouveia criaram o ZIP-ZIP – o fogo brando da censura possível que a muito custo a ditadura salazarista, agora tendo como seu timoneiro Marcelo Caetano, suportou de Maio a Dezembro de 1969. E neste, o sensacional e impagável Fritz que ele encarnou de forma notável e delirante.
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Gravadas em disco ou em vídeo ficaram, também, entre outras, as estórias hilariantes por ele interpretadas da “Guerra de 1908” e de “A História da Minha Vida”. Ou o seu Agradecimento do Aumento de Salário a Salazar – todos disponíveis no YouTube.
Solnado nunca precisou de utilizar o humor rasteiro, grosso e frívolo, ao nível da sargeta (que viria a tornar-se regra para outro candidato a humorista), para nos deliciar e para ganhar projecção.
De Solnado, muitas vezes, apenas a mímica e o gesto eram suficientes para nos fazer esquecer a sisudez da vida que nos era imposta.
Outra intervenção dele de boa memória foi no concurso de elevado nível A Vaca Cornélia.
Recordo-me dum episódio pitoresco seu (só não estou certo quanto à data e ao outro figurante, que foi Ramalho Eanes ou Mário Soares) em que ele, participante na respectiva campanha presidencial, fez um pacto com o candidato: nem este contaria anedotas nem ele falaria de política.
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Solnado era, acima de tudo, um homem bom. E simples.
E é, inegavelmente, um marco inesquecível no nosso panorama cultural.
Solnado nunca precisou de utilizar o humor rasteiro, grosso e frívolo, ao nível da sargeta (que viria a tornar-se regra para outro candidato a humorista), para nos deliciar e para ganhar projecção.
De Solnado, muitas vezes, apenas a mímica e o gesto eram suficientes para nos fazer esquecer a sisudez da vida que nos era imposta.
Outra intervenção dele de boa memória foi no concurso de elevado nível A Vaca Cornélia.
Recordo-me dum episódio pitoresco seu (só não estou certo quanto à data e ao outro figurante, que foi Ramalho Eanes ou Mário Soares) em que ele, participante na respectiva campanha presidencial, fez um pacto com o candidato: nem este contaria anedotas nem ele falaria de política.
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Solnado era, acima de tudo, um homem bom. E simples.
E é, inegavelmente, um marco inesquecível no nosso panorama cultural.
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