Boa peça literária, a de hoje, de Pacheco Pereira, no Espaço Público/Opinião do Público.
Como se trata, igualmente, de um bom motivo de reflexão.
Artigo exemplar quanto à caracterização de uma época e seus actores, de que enumera alguns dos nomes.
Nomes que recordam “coisas um pouco sinistras”, ligadas à corrupção, ao tráfico de influências, e a outras situações irregulares que, se não cabem no conceito de crime ou de outras irregularidades, traduzem, pelo menos, uma extraordinária falta de ética.
Foca, ainda, a mais escandalosa inversão dos valores, reflectida, nomeadamente, na alteração dos destinatários do apoio e das preocupações do Estado, que em lugar de serem os cidadãos e instituições mais carenciados, são antes outra ordem de mais rentáveis beneficiários, como “a Estoril-Sol, os Espírito Santo, a Lusoponte, o Futebol Clube Felgueiras, etc., etc.” Mais rentáveis para quem exerce o poder, é óbvio.
Os neoliberais acelerados que campeiam por esse mundo, não olham a meios para alcançarem os seus fins (leia-se: os seus interesses, os seus benefícios, os seus privilégios, primeiro; depois os dos amigos e correlegionários). Desconhecem que o carácter dos políticos é um factor primordial em democracia.
Depois, PP, recordando que, comparativamente com as modas da sociedade, também a história tem as suas modas, demonstra como, entre, nós, ultimamente se tem passado “da versão carbonária à versão ao modo do Senhor Dom Duarte Nuno”. Ou da súbita mudança da referência à realeza da nossa história: antes, “ao Rei D. Carlos, agora o Senhor Dom Carlos, Rei de Portugal”.
E avança com uma mordaz apresentação do Portugal desses idos até ao de hoje.
Além de que se não esquece de aludir à evolução da novela das eleições dos states, entre os nossos mais entendidos em política internacional, que já colocaram Obama na Casa Branca..
É pois, um texto paradigmático. Singular documento uma época, para mais uma prosa em muito bom e elegante português.
Daí que fique a fazer parte dos textos de maior relevância (de entre outros, segundo o meu critério) seleccionados para o arquivo do FLASH, o APOSTILA.
Remeto, assim, para Não, não estamos nos nossos melhores dias..., da autoria de José Pacheco Pereira.
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Nota: imagino que para alguns dos meus poucos leitores a minha atitude de trazer textos de consagrados autores, publicados em conhecidíssima imprensa, para o APOSTILA possa ser interpretada como um intuito de ajudar à projecção, aqui, de certos trabalhos dos media. Logo, possa parecer uma presunção... pelo menos ingénua (para me poupar a mais contundentes juízos).
Algo de ridículo, do género da formiga que quer ajudar o elefante a passar o rio.
Mas a minha intenção é bem outra. Nem direi mais modesta, porque não se inscreve no binómio “(desmesurado) convencimento”/“modéstia”. É sim, e apenas, a de perpetuar, também eu, em espaço igualmente público, os textos que considero particularmente singulares, em matéria, ao mesmo tempo, de actualidade e de qualidade literária.
Talvez assim seja compreendido e relevado.
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2 em 1:
Tu falas da política que eu entendo, eu digo da poesia que tu lembras.
Encontros...
Abraços!
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