quinta-feira, 19 de março de 2009

PRELECÇÃO DA MONTANHA E OS SKILLS COGNITIVOS

O Sermão da Montanha, pintura de Carl Heinrich Bloch (1890)
.
.
.

«Irei pesar os seus “skills cognitivos” e detectar
a eventual “diferencialidade” que possa manifestar
relativamente ao mais comum dos “básicos” docentes...»
Valterius Anahs Lemus

.
.
.
«Naquele tempo, Jesus subiu ao monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem. Depois, tomando a palavra, ensinou-os dizendo:“Em verdade vos digo, bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles…”
.
Pedro interrompeu:- Temos que aprender isso de cor?
André disse:- Temos que copiá-lo para o caderno?
Tiago perguntou:- Vamos ter teste sobre isso?
Filipe lamentou-se:- Não trouxe o papiro-diário.
Bartolomeu quis saber:- Temos de tirar apontamentos?
João levantou a mão:- Posso ir à casa de banho?
Judas exclamou:- Para que é que serve isto tudo?
Tomé inquietou-se:- Há fórmulas? Vamos resolver problemas?
Tadeu reclamou:- Mas porque é que não nos dás a sebenta e… pronto!?
Mateus queixou-se:- Eu não entendi nada… ninguém entendeu nada!
.
Um dos fariseus presentes, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada, tomou a palavra e dirigiu-se a Ele, dizendo:
“Onde está a tua planificação?
Qual é a nomenclatura do teu plano de aula nesta intervenção didáctica mediatizada?
E a avaliação diagnóstica?
E a avaliação institucional?
Quais são as tuas expectativas de sucesso?
Tens para a abordagem da área em forma globalizada, de modo a permitir o acesso à significação dos contextos, tendo em conta a bipolaridade da transmissão?
Quais são as tuas estratégias conducentes à recuperação dos conhecimentos prévios?
Respondem estes aos interesses e necessidades do grupo de modo a assegurar a significatividade do processo de ensino-aprendizagem ?
Incluíste actividades integradoras com fundamento epistemológico produtivo?
E os espaços alternativos das problemáticas curriculares gerais?
Propiciaste espaços de encontro para a coordenação de acções transversais e longitudinais que fomentem os vínculos operativos e cooperativos das áreas concomitantes?
Quais são os conteúdos conceptuais, processuais e atitudinais que respondem aos fundamentos lógico, praxeológico e metodológico constituídos pelos núcleos generativos disciplinares, transdisciplinares, interdisciplinares e metadisciplinares?”
.
Caifás, o pior de todos, disse a Jesus:
“- Quero ver as avaliações do primeiro, segundo e terceiro períodos e reservo-me o direito de, no final, aumentar as notas dos teus discípulos, para que ao Rei não lhe falhem as previsões de um ensino de qualidade e não se lhe estraguem as estatísticas do sucesso. Serás notificado em devido tempo pela via mais adequada. E vê lá se reprovas alguém! Lembra-te que ainda não és titular e não há quadros de nomeação definitiva.”
.
… E Jesus pediu a reforma antecipada aos trinta e três anos…»
.
.
.

.
(Esta adaptação do Sermão da Montanha corre no ciberespaço sem referência ao seu autor. A citação inicial é uma passagem dum diálogo imaginário - “MICROFONE INDISCRETO” - postado neste blogue pelo seu autor. A imagem é da Wikipédia)

.
.

3 comentários:

aminhapele disse...

É mesmo "farisaico"!

José Ricardo Costa disse...

Ora bem, a "coisa", o "monstro" é mesmo assim. É no que dá o pobre Jesus Cristo meter-se com engenheiros e sociólogos...

JR

Unknown disse...

Duma criatividade invejável! Carlos

 

Web Site Counter
Free Dating Services

/* ---( footer )--- */