sábado, 16 de junho de 2007

INDEMNIZAÇÃO?




Há dias ouvi, não sei em que estação de rádio, uma notícia extravagante. Daquelas que só acontecem aos américas.

Um advogado intentara uma acção judicial contra uma empresa, detentora de uma sala de espectáculos, e contra uma banda rock que aí actuara, por ter nela assistido a um concerto desse grupo e, em consequência, ter ficado parcialmente surdo. Pedia, então, uma exorbitância de indemnização, uma cifra daquelas à americana, com muitos zeros à direita.

Mas o Tribunal declarou a improcedência do pedido. E, com ou sem humor (talvez sem, já que isso não se aprende nas escolas nem na universidade – não vem nas “sebentas”), o juiz (ou talvez o presidente do colectivo) considerou, e bem, a meu ver, que, quem compra ingresso para um espectáculo de rock se candidata também, e com bastas probabilidades de o conseguir, a ficar a sofrer de uma surdez parcial, de grau e gravidade variável.


“Tudo visto e ponderado... Aos costumes” poder-se-ia dizer que o venerando julgador actuou mais como um “bonus pater familiae” (ou, com mais rigor, e no genitivo arcaico, mais ao jeito da conservadora gíria dos juristas: “bonus pater familias”) do que como juiz.



Seria o mesmo que um casal português - ele, leitor d’ “A Bola” e do “24 Horas” (e do Correio da Manhã, ao Domingo), ela da “Gente”, da “Mulher Moderna”, da “Hola!” ou da “Lux”... e ambos consumidores d’ “O PREÇO CERTO” e de novelas várias, desde que a Sport TV lhe (a ele) não oferecesse mais apetecível alternativa -, intentassem uma acção contra o Quim Barreiros, com o pedido de uma gorda, uma choruda indemnização, porque a filha do casal, a Cátia Vanessa, de 11 anos de idade, que um dia levaram ao concerto do rei do disco, ali mesmo ao lado da verbena, começou a ser praticante das brejeiras intenções badaladas pelo popular artista...

Pois, se a pobre da garota assistia ao delírio com que os progenitores, em casa, ouviam o Quim, e outros artistas que tais! E, lá, no arraial, mesmo à beira da verbena, acompanhava os gritos entusiasmados e os gestos do pessoal que se rebolava de gozo com as letras do artista!... Como é que ela não se havia de sentir incentivada a entrar naquela roda e a viver tão saudável e divertida folia?!

Por exemplo (um entre vários)



“Indemnização?” (Interrogava-se o Quim, indicador e polegar erguendo o chapéu, médio e anular da mesma mão coçando a cabeça...)

Ele que apenas cobrava de cachet o valor das deslocações e do salário dos “compères” e das “garinas”, sem um cêntimo mais que fosse pelas gratuitas explicações...

Que topete! – desabafaria o mago. (Qu’eles gostam, às vezes, de falar caro, imitando um ou outro Professor.)

1 comentário:

aminhapele disse...

O que gostei mais,neste poste,foi aquele"por exemplo" a azul e sublinhado!

 

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