quinta-feira, 7 de junho de 2007

QUASE “REQUIEM”

Hoje, chegado ao fio do horizonte, de EPC (ia a sair-me do Prado Coelho – pensando em termos de gerações, o que de facto não é suficiente – mas acudiu-me à memória, e a tempo, felizmente, que EPC é Professor de uma Universidade a sério e viveu em Paris – coisa que ultimamente ele se tem esquecido um bocado de nos lembrar...) , li a crónica do colunista acerca da Feira do Livro...

Pois é! Antes, também não acontecia uma Feira do Livro que me escapasse (lembro melhor as do Parque Eduardo VII... Mas eu tive uma infância diferente da do prof... diria uma infância normal, para o comum do portugueses, sem uma família que me puxasse (ou empurrasse) muito para os acontecimentos culturais...)


(Bom, e por um lado, ainda bem que assim sucedeu!
Imagine-se que tinha caído numa daquelas famílias muito politicamente assépticas, de então!... Ou fanática e fervorosamente conformes!...
Abrenúncio!)


Como havia, ainda, os concertos da juventude musical, no Tivoli, e as sessões do Cine-clube, ali ao Chile (um dos raros cartões que ainda guardo), e as sessões no Estúdio do Império...

Depois, as exposições e os espectáculos ao ar livre, na Gulbenkian...

Mais tarde (saltando por cima dos anos), as exposições e os concertos no CCB...

E os serões inesquecíveis (e alguns seminários, à tarde) no Palácio Fronteira (serões temáticos, variados, muito participados, muito aplaudidos)...

Que maravilha! Que saudades!

Pois!...



Entretanto... Um cansaço dormente. E quase hibernei.

QUASE!

Um cansaço, talvez, não só, ou não tanto, físico...
Mental...

É o ruído. A poluição política.
Por exemplo, esta de um socialismo que se sepulta numa gaveta, que depois ressuscita numa sacristia e passa a ter o comando numa repartição de finanças!...

De um clube de autistas neo-liberais, autoritários e demagogos, militantes dum compadrio aviltante e que se dizem socialistas!!!


Cuido que não sou só eu que acho demais!


Pois... Cansaço!
Quase hibernei. (Não tenho defesas suficientes para tamanha virulência. Estou também “leucémico”).

QUASE!
Por enquanto.


Ainda não “RIP”, qu’ainda não fui a sepultar.

3 comentários:

aminhapele disse...

EPC habituou-nos a crónicas que,muitas vezes,nos fazem atirar pedras...
Ele tem razão quando diz que nas livrarias há muitas e melhores opções que na Feira.
Agora quando ele diz que se encontram livros ao preço da chuva!!!
Quando escreve "Sabe-se que aqueles que foram ricos e de repente empobrecem são mais infelizes do que os que foram sempre pobres"!!!
Não acredito que ele saiba do que está a falar.
Quando ele se lembra,e quanto a mim bem,do "Mito de Sísifo",deve-se lembrar também que,nesse tempo,as editoras tinham os chamados livros de bolso(ainda tenho a edição da referida obra),o que tornava os livros mais acessíveis a quem se interessava por essas coisas.
Hoje não há livros de bolso e qualquer livro é estùpidamente caro.
Na Feira,aproveitando os 20 ou 30%,compro dois ou três livros mais actuais.
Os outros vou-os lendo quando me são oferecidos,ou quando me são emprestados.
Mesmo nas Bibliotecas Públicas,espera-se muito tempo até um livro mais recente estar disponível.
A tradição das nossas Feiras do Livro,é mesmo de ver e comprar livros.
Essa história da cafetaria ou dos concertos não leva ninguém lá.
Os que querem isso vão a outros sítios melhores.
EPC teve a sorte de ter o mundo dos livros dentro de casa e desconhecer o que "custa" dar 20 euros por um livro.
Peço desculpa por tão longo desabafo.

jlf disse...

Mas o que é isso, amp?
Está a pedir desculpa de quê?
Homessa!

Este espaço é mesmo isso: o divã onde, quem queira fazer terapia de grupo, pode sentar-se e desabafar...

Tenho à porta um letreiro que diz: Margarida Moreira, vai... à tua!
E tenho uns rapazes corpulentos que a impedem de entrar.
Por isso - e por enquanto - estamos à vontade.

Foi muito bom o Rui ter entrado. Deixou dito a sério o que o meu bocejo só permitiu dizer, a brincar, em poucas linhas.
(Porque haverá gente que nos faz bocejar tanto?!)

Depois derivei. Como quem quer lembrar ao prof que quem não nasceu rodeado da cultura que ele respira em casa, desde bebé, com as estantes recheadas, com o piano à mão, com os autores e actores e artistas entrando e saindo, com os editores atropelando-se no hall - teve de correr muito, suar as estopinhas para, à custa de uma magra mesada, ir a todas e poder beber um pouco de tudo isso...

Fez muito bem em ter postado esse seu comentário.
Eu e todos (tá bem: quase todos!) que por aqui passamos, mesmo os que passam em silêncio, gostámos da sua reflexão.
zl

aminhapele disse...

EPC faz-me lembrar sempre um "naco" saboroso que,há uns anos foi publicado pelo pai Jacinto.
O filho Eduardo começava a dar os primeiros passos como crítico.
Então o pai Jacinto,escreveu que o crítico EPC já tinha idade para levar umas bengaladas que,infelizmente,não lhe tinham sido dadas quando era pequenino...
EPC não deve esquecer,felizmente,as palavras introdutórias de Camus,ao MITO DE SÍSIFO: ...responder a se a vida merece,ou não,ser vivida é responder a uma questão fundamental da filosofia".

 

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