sábado, 26 de janeiro de 2008

DA GENEALOGIA A UM MODESTO “OBSERVATÓRIO”

Há uns anos atrás, deu-me para ir procurar o nome dos meus antepassados, na linha do meu pai, apenas (apenas, porque já era ciclópica tarefa). Saber quem foram, como se chamavam, como e quando viveram, quando e com quem casaram, de quem foram pais, avós, etc., como de quem eram filhos, netos, e por aí adiante, quando e onde se finaram e se ficaram sepultados na igreja, no adro ou em cemitério público. (No caso – freguesia – sobre que me debrucei, até 1833, os defuntos eram enterrados ora na igreja ora no adro, opção que obedecia a algumas circunstâncias ou a certas particularidades do defunto – nalguns casos, nitidamente, por razões de condição social; a partir daquele ano até finais da década de 60 da mesma centúria, só no adro da igreja ou espaço próximo. Sendo os defuntos sepultados exclusivamente em cemitérios públicos a partir de então, mormente por razões de saúde e higiénicas – o que levou a que a acção de uma espécie de “asae” dessa época, nesse âmbito, desencadeasse a revolta popular da Maria da Fonte).

Para além do nome dos avós e de todos os bisavós (oito: quatro em cada linha de antecessores), registei vários dos 8 trisavós da referida linha (sendo 16 na totalidade de ambas as linhas), vários dos 16 tetravós (quartos avós) (32); assim como alguns dos 32 pentavós (64), poucos dos 64 hexavós (dum total de 128), também um ou outro dos 128 heptavós (que totalizam, em ambas as linhas, 256), igualmente um ou outro dos 256 octavós (512), um ou dois dos 512 nonavós (1024), um ou dois dos 1024 decavós (2048) e um dos 2048 undecavós da mesma costela (os das duas somam 4096). Não cheguei a encontrar nenhum dos 4096 dodecavós desta banda (do total de 8192, de ambas).

E desisti deste intento por várias razões. Não, por acaso não fui vencido pelo cansaço (foram horas e horas a fio, manhãs e tardes inteiras, na Torre do Tombo, meses a fio; assim como várias idas a Santarém, ao respectivo arquivo distrital, onde me enclausurei dias inteiros).
Cheguei foi à conclusão de que estava a fazer um trabalho sem um real interesse, para além da satisfação do ego e da curiosidade, tanto meus como dos meus 5 irmãos – certo que com o entusiasmo dos meus dois filhos e dos meus 13 sobrinhos, e provavelmente, mais tarde, dos meus, para já, três netos, além, também provavelmente dos meus 26 sobrinhos netos. Ou seja, pareceu-me ser demasiado trabalho (tempo perdido) para tão escasso e pobre objectivo.
Além de que esse seria sempre um trabalho incompleto: para o vulgo, só existem registos paroquiais de baptizados (alguns com a data de nascimento mencionada), casamentos e óbitos desde finais do séc XV. Eventualmente poderia encontrar-se um ou outro elemento na Biblioteca Genealógica de Lisboa (que também frequentei), um das centenas de braços da rica biblioteca dos mórmons (os fiéis d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias), em todo o mundo, nessa área. Mas logo me apercebi de que muitos são os elementos que estão em falta, ou são de duvidosa credibilidade, no que concerne aos registos relativos a Portugal nesse arquivo.
Assim, continuei a desenvolvê-lo mas com outras perspectivas e interesses, mais virado para um diferente e mais alargado universo de eventuais interessados.

É que alguns dos registos paroquiais (sobretudo os dos casamentos e passamentos) contém outros elementos, para além da simples referência aos nomes dos registados e seus parentes mais próximos: alguns são autênticas reportagens de factos e acontecimentos locais, nacionais ou mesmo internacionais (como relatos sobre a entrada e saída dos invasores napoleónicos numa dada freguesia; referências a mobilizados do regimento do Conde de Lipe; desentendimentos entre o poder civil e o religioso; informação sobre doenças de cada época, sobre a natalidade, como sobre a mortalidade e suas causas mais frequentes, assim como sobre a longevidade das pessoas; além de algumas autênticas crónicas sociais...)

Alguns dos problemas encontrados naquela primeira fase do trabalho eram os que decorriam do facto de se repetirem muito os nomes (nome e apelido), em diferentes famílias dos mesmos ou de diferentes lugares da mesma freguesia. Mas desta dificuldade deixarei um apontamento amanhã.


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