sexta-feira, 13 de abril de 2007

BALANÇO


Toda a cuscaria estava d’olho arregalado: finalmente o José iria quebrar o insustentável silêncio.

Esclarecer?

Era a intenção.

Era...

“Não serei o primeiro nem o

último engenheiro técnico a ser

tratado por engenheiro” disse José, na entrevista.

“Prontos. Portanto... Prontos, tá certo meu! Prontos, atão tá tudo bem. Tá tudo xplicado. Tamos todos xclarecidos” – disse o psoal, da banda de cá.

“Atão pra quê tanto caga... Desculpem, simelhante lamaçal? Foi bué algazarra! Mas tudo nice, prontos” – ouviram-se, ainda, umas vozes.

A novela dos certificados e habilitações (académicas, claro) está primorosamente escalpelizado por António Barreto (veja, aqui, no APOSTILA), e é objecto de tão envenenada quão impiedosa análise do casal peçonhento: Vasco Pulido Valente, com comentário transcrito no referido APOSTILA, e Constança Cunha e Sá, em artigo de opinião, também hoje, no PÚBLICO.

Aliás, o APOSTILA de hoje congrega os comentários de quatro convidados do PÚBLICO, acerca da badalada entrevista.

«Agora, o mesmo político, que alguns viam como o sucessor natural do prof. Cavaco Silva, ocupando o espaço natural do PSD, aparece, de repente, enfiado numa estratégia suicida, incapaz de perceber os sinais do país e a lógica da informação, sem conseguir travar a sua arrogância e a sua teimosia de sempre. O estado de graça de um político acaba invariavelmente assim, quando as qualidades do passado se transformam, de um dia para o outro, nos grandes defeitos do presente. O eng. Sócrates, por muito favoráveis que lhe sejam as sondagens, não foge ao destino que tem triturado todos os nossos primeiros-ministros» - constata CCS. Para, quase de seguida, confirmar:

«O primeiro-ministro pode apresentar-se na qualidade de vítima. Falar de campanhas obscuras. Apresentar diplomas. Juntar certificados. Remeter para a Universidade Independente. Desculpar-se com os "lapsos" da Assembleia da República. Desvalorizar as alterações do seu curriculum oficial. Descrever o MBA que não completou. Referir a pós-graduação que não possui. O que não pode é apagar os factos que vieram a público nas últimas semanas: o facto de o seu plano de equivalências não estar sequer assinado; o facto de ter feito quatro cadeiras com um único professor que, na altura, era adjunto do Governo a que pertencia; o facto de ter passado no exame de Inglês Técnico sem que o regente da cadeira lhe tenha posto, alguma vez, os olhos em cima; o facto de se dar como engenheiro civil quando a sua licenciatura nunca foi reconhecida pela Ordem dos Engenheiros; o facto de não se lembrar do nome de nenhum dos seus dois professores; ou seja, o facto indesmentível do seu currículo académico não revelar a exigência e o rigor que o seu Governo gosta de exigir a todos os portugueses - revelando simultaneamente a imensa fragilidade política de um primeiro-ministro provinciano que tinha na modernidade e na qualificação a sua imagem de marca.»

E remata, assim, a mesma jornalista, o seu trabalho:

«(...) Este caso, na sua aparente menoridade, revela três factos que, em qualquer democracia, se podem tornar fatais. Antes de mais, mostra que a licenciatura do primeiro-ministro está longe de obedecer aos padrões de uma licenciatura normal. Em segundo lugar, prova que o primeiro-ministro se apresentou com títulos académicos que não possuía. E por último, confirma as fragilidades de uma comunicação social, que, apesar do esforço feito nos últimos dias, tem dificuldade em resistir à necessidade de controlo que se detecta no poder socialista. Alguém consegue imaginar o que não se diria se tudo isto que se passa com o eng. Sócrates fosse mais uma das "trapalhadas" que levaram à queda do dr. Santana Lopes?»

Eu talvez resistisse à tentação de generalizar: “necessidade de controlo que se detecta no poder socialista”, como generalizou CCS... Quanto a mim, talvez tivesse preferido sublinhar a necessidade de controlo que se detecta NESTE poder socialista... Ou num poder socialista da mesma raiz... Isso, sim.

A onda é infernal. E promete sepultar (já que os compromete, seriamente) figuras “ainda” (?) credíveis da nossa praça, que se associaram a TAL PS.

Claro que para muitos (onde me incluo) a questão não está na shakespeariana fórmula do ser ou não ser... Mas antes em usar, ou não, (ou contemporizar que usem) de forma indevida, certos títulos académicos.

“À mulher de César...”

1 comentário:

Meg disse...

Deixá-los andá-los que eles calarão-se-ão, diria uma minha antiga professora de História.
Usurpação digo eu, que não tenho canudos
Um abraço da mana

 

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