«(...) Na maior parte dos dias, não se dá pela existência da Câmara Municipal de Lisboa [CML]. Quando ela se faz notar, é invariavelmente pelas más razões. Quando a CML desperta da sua hibernação, a suspeita é que vem aí disparate. E na sexta-feíra passada (um feriado!) a CML decidiu fazer horas extraordinárias para confirmar essa suspeita. Por uma vez, nesta cidade onde um prédio pode cair antes de uma folha de papel transitar entre gabinetes, a CML foi célere. E nesta cidade entupida de poluição visual, a CML foi célere para arrancar talvez o único cartaz de grandes dimensões que recebeu os louvores quase unânimes de todo o país, da esquerda à direita: a sátira dos Gato Fedorento ao cartaz racista do PNR ali ao lado» - escrevia, hoje, no Público, Rui Tavares
Mas, para que não restassem dúvidas, o colunista explicou:
«(Digo "quase unânime", porque os racistas reagiram mostrando a sua face, com ameaças de violência física e a divulgação do endereço do colégio onde estuda a filha de um dos humoristas. Como sempre, estes cobardes incitam ao ódio na esperança de que alguém faça o trabalho sujo)».
Como pôde?
Como foi possível?
O amadurecido e talentoso jovem, e historiador, Rui Tavares, desta vez espalhou-se. (Claro que se tem espalhado mais vezes... Mas a gente faz de conta!)
Desta vez excedeu-se.
Murmurou umas coisas feias e injustas acerca da equipa do Sr Engº Carmona, extra-distintíssimo e ultra-competentíssimo sucessor do não menos distinto, competente e saudoso Sr Doutor Santana Lopes.
Ambos (e todos que tais) atentíssimos, venerandos e muito obrigados.
Murmúrio insolente. Atrevido. De evidente e persecutória sanha contra o poder autárquico instalado, defensor dos valores sagrados da Santa Igreja, da Santa grei e da exemplar família.
Como se atreveu o, por tantos, considerado conceituado colunista?
Acha, porventura, Rui Tavares, que a entidade autárquica alfacinha devia descurar o seu dever de nos (aos lisboetas e visitantes) deixar “respirar” o perigoso veneno contra os valores sagrados da Nação, desde tempos imemoriais?
Cuida o jovem (e ousado – digo eu) historiador que o Senhor Presidente nos iria deixar órfãos nas mãos de tão assassinas e horrendas e monstruosas e ignaras e despudoradas, obscenas e “fedorentas” criaturas?
Imagina que o sr Carmona (curvemo-nos respeitosamente perante a memória de um dos braços direitos do maior português de todas as eras!) iria abandonar-nos a tão triste e degradante espectáculo, e não dispararia, pressuroso, em defesa dos justiceiros nacionalistas do PNR?
Mas isso seria um crime de lesa Pátria, meu jovem amigo.
Isso seria o desconforto dos desconfortos. Seria a traição das traições...
Entenda isto, por uma vez, e acalme-se Rui Tavares.
É preciso topete [não encontrei registo de propriedade de autor].
Cuide-se Rui Tavares! A sua calúnia não tem remissão possível; ao serviço das trevas, que está.
Olhe qu’a “malta” não dorme!
Ni hablar!
2 comentários:
Não tenho tempo de ler o post. Comecei mas tive mesmo de interromper. De qualquer maneira gostei do que bocadinho que li. Acutilante. Fazes falta.
Isabel, "mana" amiga
Faço agora cá falta alguma!...
Nenhuma.
(Mas, claro que agradeço a tua boa vontade encorajadora!)
Ciao
jl
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