segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
PS, “UM PARTIDO SEM ALMA NEM VIDA PRÓPRIA”?
É um mistério quase insondável. Melhor, é um quase mistério.
Ora bom, bem vistas as coisas nem será mistério nenhum.
Todos sentimos que ESTE PS que nos governa e representa na AR, não é um PS de lei.
Todos sentimos que se assenhoreou dos sonhos, planos e projectos do PPD/PSD. Que na deriva neoliberal arrancou a bandeira ao maior partido da oposição.
Todos sentimos que faz a gestão da crise sem evitar que ela se reflicta sobretudo – para não dizer somente, por soar a radicalismo – nos mesmos: numa classe que já foi média e neste momento está em queda acelerada e desamparada.
Classe a que pertenceriam alguns – muitos – dos que hoje recorrem ao banco alimentar para poderem subsistir ou pelo menos evitar que os seus também passem fome. (Referem-se cada vez mais, nesse crescente número, os casos de licenciados de vários quadrantes das artes e ciências, igualmente em progressivo aumento numérico).
Admiramo-nos, alguns, com a complacente (ou apenas supostamente indignada) anuência de certos democratas que militam no PS a tudo quanto vamos assistindo...
Esperamos, a todo o momento, por um sinal de reprovação do que se passa – melhor: de discordância de muitos factos, episódios e acções DESTE partido que nos governa... – mas têm sido raros esses sinais.
A certos socialistas, que não acreditamos que pactuem com tudo o que está a acontecer, vemo-los pegar nesta matéria com muitas cautelas: de luvas e pinças. É o caso paradigmático de Brederode Santos. Limitam-se a admitir que algo se vai fazendo, ainda que com algumas distorções, erros e outros desvios.
De Manuel Alegre ouvimos, perplexos, por exemplo, que se absteve (APENAS) na votação da lei eleitoral autárquica.
De João Cravinho tivemos uma chispa de declaração em que define uma sua mais clara distância DESTE Partido Socialista...
De Ana Benavente lemos uma expressão mais clara acerca do descontentamento de uma boa parte do PS acerca de muito do que se passa neste momento com o partido que nos governa.
Há elementos cuja inacção é bem preocupante: Ana Gomes, por exemplo, que dirá ela?
E Jorge Sampaio, se livre estivesse de especial estatuto que, geralmente, se traduz em grande moderação e maior independência, que diria ele?
De Mário Soares – que nem sempre foi o melhor exemplo de coerência - tivemos o recado, em tom bem-humorado, de que talvez já fosse altura de o primeiro-ministro, agora, se voltar um bocadinho para a esquerda...
Creio que as cautelas de alguns dos que, seguramente, não estão satisfeitos com o que se passa têm a ver com a intenção de evitar grandes tormentas ou desgastantes crises no interior do partido.
Mas há uma frase, de Elísio Estanque (um militante do PS de Coimbra – cidade onde o partido está cada vez mais decadente), que me deixa aturdido: “no actual contexto político, como sabemos, o PS é um partido completamente domesticado perante o governo e o seu líder (isto é, um partido sem alma nem vida própria)” – cfr O partido, as causas e os protagonistas, in Diário de Coimbra, 28 de Dezembro de 2007 (apud CES/Centro de Estudos Sociais, da U de Coimbra).
Sei que nestas matérias sou demasiado primário e muito pouco “político”, mas a minha alma pasma perante tão conformada declaração.
Será mesmo de lançar uma pá de cal sobre a urna do PS?
Será verdade e inevitável que dele apenas reste e se venha a manter este simulacro de socialismo triunfantemente levado a cabo por estes neoliberais social-democratas que nos governam?
A esse “partido completamente domesticado” de que fala EE não haverá, mesmo, ninguém capaz de dar o murro na mesa e dizer: basta!?
Dou a palavra aos contestatários e inconformados.
(Embora sem grandes esperanças de que o silêncio seja quebrado)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Moral e decoro, PRECISAM-SE!
****
E temos alternativa?
Aqui del-rei que vem o estalinismo, aliás já o chamam e o tratam por tu.
Que trabalhão nos dá a digestão disto tudo!
Por isso tenho azia e fujo para o sonho sempre que posso. Cumpro e fujo. Não estou!
Redondilhas e pacotilhas.
Um abraço amigo.
Talvez tenha vindo para ficar se quiseres blogar comigo. Eu quero blogar contigo.
Bjos
Enviar um comentário