Como logo se vê, e a imagem ilustra, só após tremendamente difícil e "profunda reflexão"…
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Finalmente o tabu foi quebrado. Estávamos todos ansiosos por saber se Cavaco ia recandidatar-se ou não. Toda a gente vivia numa tremenda ansiedade há espera de desfazer essa dúvida.
Então não é que, para enormíssima surpresa de todo o mundo, o actual presidente decidiu recandidatar-se? Mas não foi decisão fácil. Muito menos já decidida… Não. Foi na sequência de uma “profunda reflexão”.
Daí a enorme e inesperada (passe a tautologia) surpresa!
Definitivamente não têm, a generalidade dos nossos políticos, até o sorumbático presidente, a mínima noção do ridículo. Também ele nos tratou, ontem, nessa declaração, como totós e imbecis.
“Profunda reflexão”, imagine-se!
Vamos ver, agora, se se confirma ou não que a memória do povo é muito fraca e que o povo português, muito calejado, esquece, de novo, coisas que devia ter bem presentes.
Cavaco foi ministro das Finanças e depois primeiro-ministro durante 10 anos. E Presidente no decurso dos últimos 5.
É, pois, embora lhe não convenha que disso se fale, um dos responsáveis pela situação em que nos encontramos.
Foi durante o seu longo consulado de chefia do Governo que houve, à fartazana, distribuições de facilidades e benesses à função pública (com natural projecção no sector privado), muito para além do que seria justo e razoável, não tendo tido o cuidado de calcular (conforme a sua formação académica e um normal senso aconselham) que a seguir ao tempo das vacas gordas do seu mandato, poderia surgir, como aconteceu, o tempo das vacas magríssimas. E que essas gordas ofertas viriam a tornar-se insuportáveis?
O sector público não ambicionava mais que a melhoria de situação que já era vivida no sector privado. Mas não, o chefe do governo, Cavaco, não se restringiu à reclamada e justíssima paridade. Pelo contrário, alargou-a, enchendo os bolsos dos funcionários para além do expectável.
Depois… Bem, depois de uma política de mãos rotas em que começaram os institutos públicos, as empresas municipais, as fundações, sei lá que mais, a multiplicar-se como cogumelos… é o que hoje se vê.
Pensará o Presidente que pode lavar as mãos desta situação?
Esquecerá o povo tudo isto e será capaz de o eleger, de novo, como um salvador da Pátria?
Esperemos um sopro de sanidade mental dos eleitores e que tal não aconteça.
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Três pequenas notas finais:
- Recusei-me a acreditar que Eanes tenha dado cobertura a esta farsa…
Mas parece que deu mesmo!
- Cavaco garantiu ir fazer a campanha mais barata… Desde agora, esqueceu-se de acrescentar. Não contando com a feita até agora, encapotada no exercício do seu cargo.
- E o continuado exercício do mandato, a partir de agora, dispensa-o bem de grandes gastos… Obviamente!
E uma derradeira conclusão, na sequência daquelas duas últimas notas:
Mais uma vez o presidente, agora também candidato, quis fazer de nós uns atrasados mentais…
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