sábado, 28 de julho de 2007

DIZ-ME O QUE LÊS…




Para sabermos, mesmo, o que de relevante se passa no mundo, é preciso saber procurar e encontrar os bons meios de comunicação. Óbvio.

Hoje quis dar uma olhadela mais atenta pelo jornal que mais se vende no país. Claro que falo do Correio da Manhã (CM).
(Curiosamente, vejo-o debaixo do braço de pessoas que nunca imaginaria…!)

Na verdade, como poderia saber da (es/ins)tabilidade da vida conjugal da Bárbara e do Manuel Maria (e dos progressos do Dinis Maria) se não fosse pegar no CM? Bom, e aí, logo em caixa (cacha, dá muito mais sainete), na 1ª página, sou encaminhado para o Correio Vidas. Uma vez aí, sim, passo a pente fino tudo o que qualquer cidadão que se preze deve saber acerca da nata dos cidadãos do seu país.
Outras notícias, igualmente importantes e equiparáveis, ressaltam daqueles destaques sóbrios que, para além do CM, só podemos encontrar no melhor jornalismo nacional: no 24 Horas e no Crime.

Uma página adiante, eis que deparamos com um editorial extraordinário: uma voz se ergue no deserto proclamando aquilo que na “Cidade” todos contrariam.
Mas porque me habituei a respeitar as vozes clamantes no deserto (pudera, se não me habituara!), li com toda a atenção que um insigne Emídio Rangel merece, o seu editorial. E, sem qualquer equívoco ou sinal de hesitação, constatei: “acho injusto que Manuel Alegre olhe para o melhor Governo que se formou em Portugal depois do 25 de Abril com olhos de cego.”
Mas não é tudo. Acerca do artigo do velho senador, Rangel perorava, ainda: “a postura diletante de Manuel Alegre (…) não se compatibiliza com um Governo determinado e organizado. O MEDO É PURA FICÇÃO.”
Podia não ser. Era natural que não fosse: mas é mesmo meu o sublinhado.

E Rangel usa como termos de comparação Governos de antes e depois do 25 de Abril. É uma leitura possível. Bem provável.

E fala de Manuel Alegre com uma postura diletante. Aí sem conceder qualquer dúvida nem permitir quaisquer comparações.
Rangel dixit.
Ámen.



Mas há mais. Há muito mais e mais importante, talvez. Há um caderno de Economia.
Entrei.
“Bancos lucraram 4,7 milhões por dia”.
Como sou provinciano, como a maioria dos portugueses, fiquei de boca aberta. Mas não me engasguei.
Mais esmiuçado, podia constatar: “BES, BCP e BPI ganharam 867,8 milhões de euros no primeiro semestre de 2007.”
Podia lá mostrar espanto. Menos ainda indignação. Isso deixei para os que têm menos anos de “civilidade” que eu (ou que estão mais próximos das raízes provincianas).
Mais explicadinho?
Pronto: “BES, 307; BPI, 193; BES, 366.” Milhões, é evidente. Euros, claro está. Como na nossa doméstica contabilidade.

Bem tentei matérias menos dolorosas. Mas é difícil num diário que cuida da nossa actualização. Primando pela qualidade da mesma, é evidente.
Coisas agradáveis… Só se procurarmos o País de Alice.
Que eu não desespero.

E então entrei na área do noticiário nacional.
E em PORTUGAL encontrei os seguintes títulos, subtítulos ou destaques:
“Dor e emoção no funeral de Ricardo”. "Sacerdote recorda os Pastorinhos de Fátima para aliviara dor da família."

Como não sabia do que se tratava (não li o CM de ontem, nem acompanho os noticiários da TVI) procurei esclarecer-me minimamente: trata-se de um miúdo de 11 anos que foi “assassinado pelo irmão, em Caranguejeira.” (Pela minha saúde e “pelas alminhas que lá tenho” que falo a sério. Até porque nem são coisas com que se brinque. Mais: é matéria tratada pelo jornal que mais vende no país!)
(Com franqueza, nem sei onde fica Caranguejeira – ainda por cima, o Michelin recusou-se a uma ajudinha – nem conheço mais pormenores sobre o acontecimento. Mas creio que se alguém pretender saber mais detalhes poderá, com proveito, ler as anteriores edições do CM ou, quiçá, o 24 Horas ou o Crime.)

Outros títulos, subtítulos e destaques?
Pois não.
“Sequestrado aparece de calções no Alentejo”
“Baleado ao defender prima”
“Ex-GNR geria casa de meninas”
“Acidente mata casal e fere sete”
“Camião cai de viaduto no IC2”
“Bebé atirado de janela recupera”
.

(É tal e qual como quem “apanha” uma vacina!)

Mudei de ares. Que é como quem diz, virei a página.

Correio Vidas.
Ah, bom! Finalmente. Eu não falei no país da Alice?! (Tenho sempre razão.)

Em relevante e merecidíssimo destaque:
“Teresa de férias”
(Confesso: o nome provocou-me uma certa ansiedade. Mas, bem vistas as coisas…)
“Depois de ultimar os preparativos para a telenovela “Chiquitas”, Teresa Guilherme [foi aí que eu respirei mais fundo, descansado] PERMITIU-SE UNS MOMENTOS DE DESCANSO. Ausente uma semana, a produtora vai estar de férias fora do País…”
(Óbvio que o destaque não é da lavra do periódico, sóbrio que é. Mas meu. E preocupado: tadinha da criatura: PERMITIU-SE UMA SEMANITA!!! E pensar que há gente capaz de pensar certas coisas! Ele há pessoas tão incompreendidas!)

Mais adiante, de novo Carrilho. Que não faz mais barato: “é um absurdo!” (acerca da eventual crise no casamento).

Outro destaque:
“Casamento de 12 anos em risco.” “Ex-comandante da «1ª Companhia» e Elsa Gervásio podem estar à beira do divórcio.”

(Eu bem dizia à tia Ambrósia que havia razão para suspender aquele conselho de ministros e aquela sessão da Assembleia da República… É que não se tratava da Leonor Beleza, ou da Edite Estrela ou da Zezinha Nogueira Pinto… Não: era SÓ da Elsa Gervásio… [Valha-nos Deus!])

Mais?
Pronto.
“Cinha Jardim” “Romance com Mário Esteves chega ao fim.” “Namoro nunca foi aceite pela família Jardim, principalmente por Pimpinha”.
(Se já se viu! Um riquíssimo “colo” à mercê dum Mário qualquer! Depois… A Pimpinha, meu Deus!!!)

Bom, mas nem só de coisas importantes é feita a vida. Há também espaço para o lazer e os temas ligeiros, no CM.
Mas, dentro destes… Atenção! Os que merecem espaço pelos nomes carismáticos e de primeiro plano envolvidos.

Daí que também o CM tenha uma secção voltada para a política.
Assim, espreitei, e vi:

"Senhora Política"
“Marta Rebelo e Paula Teixeira da Cruz concordam que a direita não precisa de regeneração depois dos resultados em Lisboa. Reflexão é a palavra comummente aceite. Já quanto ao artigo de Manuel Alegre, Teixeira da Cruz fala em “claustrofobia democrática” e Marta Rebelo aconselha o deputado a ir mais vezes a reuniões do PS para verificar que não há medo”

(Deixemos a gentalha, os Sócrates, os Marques Mendes, os Mário Soares, os Cavacos… Etc.
Gente de primeira água, como Paula Teixeira da Cruz (PSD [ou PPD?]) ou, sobretudo, e acima de todos – tal a sua projecção intra e extra muros – Marta Rebelo)

E depois desta “volta” pelo jornal mais vendido em Portugal… Fiquei matutando: muitos se interrogam: jornal mais lido? Porquê?
Ora… Está na cara. Mais que justo.

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