terça-feira, 15 de maio de 2007

NÃO FOI HÁ MILÉNIOS, OU SÉCULOS. FOI AGORA

«Uma mulher caída no chão. Percebe-se que é o chão, porque se vêem pés à sua volta. A imagem não é nítida, mas percebe-se que a mulher é jovem - pelo corpo esbelto, pelo cabelo negro abundante e solto, pelo slip de corte moderno. Está semidespida - tem uma camisola cor-de-rosa ou vermelha de mangas compridas, mas as pernas estão nuas, a saia ou as calças que devia ter vestidas estão por baixo do corpo, parecem ter-lhe sido arrancadas. A mulher está caída no chão e os braços tentam proteger a cara, que não se vê. A mulher que está no chão chama-se Dua Khalil Aswad, é uma iraquiana curda, tem 17 anos e está a ser morta à pedrada e ao pontapé por ter tido uma relação com um homem da religião errada. Os pés que espreitam, os pés dos assassinos, são pesados pés de homens, vestidos de cinzento, que matam a mulher da camisola vermelha, do cabelo solto, do slip de corte moderno, que protege a cara, que vai ser espancada e pontapeada durante meia hora, que vai morrer com a cabeça esmagada por blocos de cimento, perante uma assistência de mil homens.»




O “espectáculo” e o assunto para que me faltaram palavras. Não as encontrei suficientemente adequadas.

Uma noite destas, aqui à atrasado, contou-me o Rui, lá de Coimbra, que tinha acabado de assistir à cena na apresentação de um dos telejornais. Ficou horrorizado. Falou-me da sua (falámos da nossa) repugnância por semelhante gente.

Gente?

D’ontem e d’hoje.

Mas hoje?

O facto ocorreu, não no séc XII a. C., nem nos memoráveis idos medievos (medievais? Só?) da Santíssima Inquisição...

Não! Foi agora, bem entrado, já, o séc XXI.



Vi as imagens de que se fala acima.
Instantânea, e involuntariamente, fiquei paralisado. Incrédulo.


Quis escrever. Não me ocorriam AS palavras...


Ao percorrer, hoje, o Público encontrei o texto (acima) que eu gostava de ter escrito: A mulher e os pés dos assassinos

que tinha como antetítulo: Os chamados "crimes de honra" são sempre assassinatos de mulheres.
Do jornalista José Vítor Malheiros.


(Vejam o resto do artigo, que todo ele devia ser de leitura obrigatória)

1 comentário:

aminhapele disse...

Salvo erro,foi na noite de 5ª feira que,sem querer,vi o video e confesso que faltou pouco para vomitar.
Acho que isto tem pouco a ver com a MULHER.
Creio que,infelizmente,estamos num processo de regresso à barbárie e a conotação com povos ou religiões é pura especulação.
Assistimos diàriamente a esse "regresso" no dito mundo civilizado.
É repugnante!

 

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