segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

O POLÍTICO

um exemplo de "o político" na perspectiva e na composição de Kaos

“Os políticos falam verdade e mentem indiferentemente. Realizam o prometido ou não, sem qualquer dúvida ou remorso. Defendem, sucessiva e metodicamente, o interesse geral, o partidário e o pessoal, sem nunca deixar de garantir que se trata do interesse nacional.”
(...)
“Tudo isto é sabido. Mesmo assim, os políticos persistem no seu comportamento e o público vai acreditando.
(...)
“Conhecem-se as regras, percebem-se os interesses, sabe-se que é ilusão e tem-se a exacta consciência da encenação. Mesmo assim, vive-se como se estivéssemos diante de factos genuínos e situações novas.”
.
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São três extractos de uma das habituais reflexões de António Barreto, aos Domingos, no Público – coluna intitulada Retrato da semana -, neste caso, na de ontem.
O sociólogo traça o perfil do político, generalizando-o, como se todos obedecessem à mesma matriz.

Creio que será sempre de evitar generalizações.
O próprio António Barreto, por certo, que não pretendia generalizar (designadamente porque também foi [?] político e até ministro).
Ou talvez AB queira dizer que se trata do retrato do político mais comum nos tempos que ora vivemos. Em todo o mundo.

É uma análise muito dura. Bem corrosiva. Não tão cáustica quanto alguns (a grande maioria) merecem.
Mas uma análise cuja síntese envolve os seus perigos, e AB bem o sabe. É o discurso que faz as delícias dos mais radicais conservadores, que a direita mais retrógrada anseia ouvir.

Uma das coisas que hoje mais falta nos faz é a esperança. O que mais nos afunda é a desilusão.

Os desiludidos somos incontáveis. Os esperançosos do fim de tal espécie de criaturas, os crentes na regeneração do político, como exemplo de dignidade (o que envolve, por exemplo, seriedade, honestidade, verticalidade) e de um verdadeiro sentido de serviço público, são poucos. E eu bem gostava de me incluir em tal número.

Esbracejar isoladamente, pouco ou nada adianta.
Mas quem é que nos consegue calar?

3 comentários:

José Ricardo disse...

Eu tenho, não a convicção, mas a seguinte impressão: se num qualquer país a actividade política estivesse submetida a princípios morais rígidos, acabaria por se tornar completamente ingovernável. A política não deve estar ligada, intrinsecamente, ao campo da imoralidade, mas, também não pode estar ligada, intrinsecamente, ao campo da moralidade. Os governantes não são os mesmos do tempo de Maquiavel. Mas a política é o que é, antes, durante e depois de Maquiavel.

bettips disse...

Comentadores desses são como humidade para cogumelos. E falam, falam eternamente...
Fica bem a loção liberal ao que já se perfila para "belém", não para o natal mas para o "lugar".
Vaidosos, não são, estes nossos políticos? Além do mais...
Um abraço: que o SOL te ilumine, a pena te seja lúcida e a Saúde te proteja! Abços

aminhapele disse...

Suponho que uma pessoa não tem que levar a vida inteira a"lamber feridas".
Os políticos são o que são!
O que sempre foram!
E se nos demontrarmos demasiado descontentes,os novos "democratas" civilizados,ainda nos hão-de perguntar:
"Mas prefere os políticos da democracia ou a polícia política?"
Temos que os aguentar e sustentar!
Um dia destes vou ao meu médico de família,para verificar se não sofrerei de "stress post-traumático" após tantos anos a aturá-los.
E se tal doença não me dará direito a uma choruda maquia!

 

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