terça-feira, 4 de setembro de 2007

A AMÉRICA NO SEU MELHOR?




O que nos surpreende, a muitos, e provoca uma certa admiração pela América, é que é um país onde até um GWBush pode chegar à chefia do Estado.

Mas se um indivíduo que toda a vida foi um madraço, somando insucesso atrás de desaire (as notas biográficas mais isentas e menos açucaradas assim o atestam), chegou onde chegou, é porque o grande capital nele descobriu alguma virtude que lhe convenha.
Mas é claro que isso é um segredo que só os próprios entenderão e não revelam. (O segredo sempre foi, e é, a alma do negócio).

Ora essa perspicaz criatura, essa inteligência iluminada, esse fomentador da paz no planeta, depois dos êxitos alcançados no Iraque, que mereceram os aplausos que conhecemos em todo o mundo, nomeadamente por grande parte dos seus concidadãos, vem garantir agora – e os media de todo o orbe divulgaram a notícia com contida hilaridade – que a continuarem os “êxitos actuais” do seu governo, naquela parcela da Ásia, poderá optar por uma diminuição, aí, do seu contingente militar.

Foi sobretudo altamente comovente a sua afirmação, na visita relâmpago que ali está a realizar, de que “a América não abandona os seus amigos”; e para que dúvidas não restassem, concretizou que, nomeadamente, “a América não abandona o povo iraquiano”.
Imagino quanto não sossegaram, tantos, por esse mundo fora. Calculo quanto não se deverá manifestar a gratidão do povo iraquiano. Talvez com pouco aparato, daí que nos não demos bem conta disso.






















Só por mera coincidência todo este espalhafato acontece na altura em que um dos principais responsáveis do Públco, José Vítor Malheiros, escreve a sua habitual coluna semanal, hoje sob o título “A conduta obscena da lei americana”, de que se salienta o seguinte destaque: “a prisão de Larry Craig é uma prova das muitas falsas liberdades apregoadas mas não praticadas nos EUA”.
O artigo de Malheiros anda à volta do seguinte: o mencionado senador do partido republicano, “conservador e puritano, anti-gay, foi preso por conduta obscena numa casa de banho de um aeroporto de Minnesota”, pois “terá tentado ter relações sexuais com um homem que estava na retrete ao lado”.
Depois - esclarece JVM – “seguiu-se o circo de condenação pública, embaraço político, desmentido com mulher ao lado, demissão”.
Contudo - ainda continua o mesmo jornalista -, o senador confessou-se culpado, depois de preso e das habituais formalidades de impressões digitais e fotos de frente e de lado.

Mas onde o jornalista leva ao máximo a sua revolta e indignação é no processo conduzido para a detenção e condenação do azarado (?) senador, como realça naquele destaque atrás referido. Processo todo ele tornado o mais público possível, estampado na net, nos seus mais pequenos e extravagantes pormenores, do qual se conclui qual o crime (gesto criminoso) do senador. Impensável, como já a seguir se verá.
Na verdade, conclui JVMalheiros: “Craig pode ser um hipócrita, uma pessoa execrável e a sua saída da política pode ser saudada. Mas a sua prisão foi abjecta e é uma prova das muitas falsas liberdades apregoadas mas não praticadas nos EUA, o sinal de um regime autoritário e moralista que se arroga até o direito de ditar as práticas sexuais permitidas - sob uma capa politicamente correcta. Os liberais podem alegrar-se com a partida de um reaccionário. Mas deviam preocupar-se com leis que permitem que um homem seja preso por tocar com o seu sapato no sapato de outro - seja o que for que ele pretenda com isso.”

É a política, em todas as suas vertentes, do espectáculo.
Abominável e perversa, quantas vezes, no seu farisaísmo.

Até quando?

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