terça-feira, 11 de setembro de 2007

“ESTÃO SEMPRE DO BOM LADO”

Não é uma chusma qualquer. É um amontoado de “crânios”.
“Respeitáveis”.
“Respeitados”.
Felizmente que não os ouvimos, só a eles (e aos seus), e que há a memória e as palavras de outros.
Para que A Memória se não ressinta e A Palavra não esmoreça.

Por exemplo Pierre Rigoulot.
Não sei ao certo porque estalou o recente desaguisado entre
Leonor Baldaque e Pierre Rigoulot. (Claro que não foi, apenas, por uma mera mancha.)
Nem posso avaliar da verdade ou inverdade da afirmação concreta da actriz portuguesa (e do co-autor da missiva ao director do Público, Pierre Vesperini, historiador da Antiguidade) que despoletou a réplica do director da revista Histoire et Liberté. Uma coisa é certa – e é essa que pretendo realçar: o traço biográfico, a descrição da personalidade do sr Rigoulot, é uma realidade bem menos virtual do que se poderá imaginar.

Não posso afiançar que com razão, mas suspeito bem que sim: segundo a nossa actriz,
“o sr. Rigoulot fez sempre as boas escolhas: maoísta membro da Federação dos Círculos Marxistas-Leninistas nos anos 60, depois neoconservador fellow do Atlantis Institute e de seguida apoiante da invasão do Iraque em 2003. Agora incensa o sr. Sarkozy. Há pessoas que têm sorte, estão sempre do bom lado.”



Por mera coincidência (!?), no mesmo número do Público, Rui Tavares descreve o que poderia chamar-se o sr Rigoulot em lusa versão: Durão Barroso.
Os percursos não se correspondem milimetricamente? Ah! Mas são muito largos os traços comuns.
Todos conhecemos a trajectória do ex-líder do PSD, desde antanho.

A propósito do caso
Somague e de toda a trampolinice em que se têm enredado os responsáveis daquele partido, num vergonhoso alijar de responsabilidades, a coberto do folclore institucional, chegando ao cúmulo da safadeza, da desonestidade e da falta de carácter de atribuir a responsabilidade última a alguém que está impossibilitado, por grave doença, de se defender, RT remata assim a sua peça:



foto que ilustrava o artigo de RT
ora... "está na cara"...

“Nós acreditamos nisto [em tudo o que se tem descrito] porque Durão Barroso é um líder”, e “liderar significa achar normal que o partido pudesse receber presentes de duzentos mil euros sem que o seu presidente fosse informado de tal caridade. Liderar significa, em última análise, passar a batata quente para o fulano que teve um AVC. Não há dúvida: são grandes homens.”

Nem mais.
Grandes homens.
De enorme craveira.

Tantos são eles que, agora, constituem a regra.
Nos tempos que correm é assim: a raríssima existência de gestor, governante ou político com espinha dorsal, vem confirmar a regra de que a verticalidade, em princípio, não existe.

Os exemplos são inúmeros. Dos tais grandes homens. Dos tais sortudos que estão sempre do lado bom.

Até quando?


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