domingo, 2 de setembro de 2007

A VELHA DICOTOMIA


Não é só a direita (certa direita) que anda perdida e não se encontra. Também a esquerda está em dificuldade.

São as ideologias que estão em crise, perante novas e inelutáveis realidades que alteram as suas posturas perante a magna (?) questão de tal identidade.

O que é ser de esquerda, hoje, está muito longe do que era ser de esquerda há umas três décadas atrás.

Todos nós o sentimos, sem que o saibamos definir com precisão.

Para os de direita, a questão não é tão pertinente. Menos ainda é preocupante.
Isto para a direita pura e dura. Porque para a que pretenda movimentar-se num quadro de um Estado democrático, aí, sim, ela vacila, já que, querendo as vantagens daquela, entende dever atingi-las por outras vias, que não através de um radicalismo descabelado e selvagem.

É, por demais, claro que a direita nunca pode sonhar com uma conquista de espaço político utilizando processos ou vias democráticas.

O espírito democrático é resultante de uma consideração do outro, mesmo que ele tenha menos que eu e possa menos que os meus. Aí, eu envolvo-me com outros; e os meus cruzam as suas acções com os deles, tornando-se nos nossos. Ou seja: o eu e o meu diluem-se no nós e nos nossos.

A solidariedade é o motor da conquista do bem comum, do interesse social. Tal solidariedade não se compadece com privilégios nem com estatutos de classe, de etnia, de credo, de sexo.

Onde se viu a direita admitir tal abrangência de conceitos e de acção?

Impensável.





O Bloco de Esquerda promoveu este fim-de-semana uma reunião para debater o que é o socialismo, hoje. E, mais difícil: o que é que ele deve ser.

É isso: no fundo, discute-se, aí, o que é a esquerda hoje, e – questão bem mais complicada – o que é que deve implicar tal postura.

Algo saltou cá para fora, sobre o que aí se discutia.
Mas agarrei-me a uma frase, apenas, e é essa que deixo aqui: em Portugal, oito mil milhões de euros fogem aos impostos. Não fazem parte da construção do nosso (colectividade mais alargada) futuro comum.

Creio não sofrer discussão possível que esses oito mil milhões de euros não podem deixar de ter a ver com certos eus especiais, que não prescindem dessa característica nem dos privilégios e estatutos que os impede de mergulhar na conquista do bem comum, do interesse social em que todos nós estamos empenhados.

Os politólogos e os políticos com muito traquejo diriam tudo isto de forma mais estruturada e clara.
Não sou um nem outro.

Talvez alguns me entendam, no entanto.



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