sábado, 25 de outubro de 2008

CRISE? A EXPLICAÇÃO TÉCNICA E A ALEGÓRICA

Há teias e teias.
As das aranhas são inteligentes e não se desregulam.
As dos humanos interesses, em regra, desastrosas


«Quem lesse há dois anos A Idade da Turbulência do ex-presidente da Reserva Federal dos EUA tinha boas razões para acreditar no valor do seu “capitalismo libertário”.
Ontem, Greenspan admitiu o erro de acreditar que “o mercado livre pode regular-se a si próprio”. A sua confissão é um epitáfio à ideologia económica que dominou nos últimos anos»
- foi a síntese ontem feita por Manuel Carvalho, director-adjunto da redacção editorial do Público.

Seria interessante mergulhar, para além da análise do conceito, no mundo de sugestões a que nos pode conduzir o desfiar da expressão “
capitalismo libertário”!

Aquela perspectiva económico-ideológica acima avançada é, apesar de tudo, entendível pelo grande público.

Mas há, ainda, uma explicação alegórica, melhor entendível, da crise, com a vantagem de temperar a acidez da verdade com uma certa bonomia. E com indiscutível pendor pedagógico.
Vejamos então a bem humorada parábola que explica, por exemplo, como funciona o mercado de acções...
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«Estava-se no Outono e, os índios de uma reserva americana perguntaram ao novo chefe se o Inverno iria ser muito rigoroso ou se, pelo contrário, poderia ser mais suave.

Tratando-se de um chefe índio mas da era moderna, ele não conseguia interpretar os sinais que lhe permitissem prever o tempo, no entanto, para não correr muitos riscos, foi dizendo que sim senhor, deveriam estar preparados e cortar a lenha suficiente para aguentar um Inverno frio.

Mas como também era um líder prático e preocupado, alguns dias depois teve uma ideia. Dirigiu-se à cabine telefónica pública, ligou para o Serviço Meteorológico Nacional e perguntou: "O próximo Inverno vai ser frio?"

-"Parece que na realidade este Inverno vai ser mesmo frio" respondeu
o meteorologista de serviço.

O chefe voltou para o seu povo e mandou que cortassem mais lenha.

Uma semana mais tarde, voltou a falar para o serviço meteorológico:
"Vai ser um Inverno muito frio?"
- "Sim," responderam novamente do outro lado, "O Inverno vai ser mesmo muito frio".

Mais uma vez o chefe voltou para o seu povo e mandou que apanhassem toda a lenha que pudessem sem desperdiçar sequer as pequenas cavacas. Duas semanas mais tarde voltou a falar para o Serviço Meteorológico Nacional:
- "Vocês têm a certeza que este Inverno vai ser mesmo muito frio?"
- "Absolutamente" respondeu o homem "Vai ser um dos Invernos mais frios de sempre."
- "Como podem ter tanto a certeza?" perguntou o chefe.
O meteorologista respondeu
- "Os índios estão a aprovisionar lenha que parecem uns doidos."


É assim que funciona o mercado de acções.»


Verdade que – como contei à Rute L, que me enviou o “recado” – li, em tempos, o mesmo divertido mas profundo e interessante texto em que era outra a moral da história. (Não me recordo qual. Mas igualmente adequada – disso estou certo).

Como se vê, há várias maneiras de tentar esclarecer o dificilmente explicável.
São as teias do economês desenvencilhadas pelo generalês.
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