foto AFP
Ontem, aplaudi-o. Hoje, pateei-o.
Vasco Pulido Valente é dos tais: umas vezes, gosta-se; outras, tolera-se; outras, ainda, provoca a náusea e detesta-se.
Quando objectivo, como ontem, gosta-se. Vá, tolera-se, ao menos.
Mas quando sublinha a subjectividade (pior, a sua subjectividade, passe a redundância), quando emerge a sua sanha contra a esquerda... Não há quem o suporte.
Saramago (intencional e rasteiramente mais relacionado com a sua direcção do DN do que com o reconhecidamente merecido Nobel; mais recordado o de ontem, do que o actual, e desde há muito, não estalinista) está longe de corresponder ao ansioso “delírio” (aí, sim, e esse, realmente nos eriça) do plumitivo: “personagem hoje inócua”, esquecida e desprezada pelo mundo intelectual algures “num qualquer rochedo do Atlântico”.
Do meu ângulo é bem mais grave e preocupante a “reminiscência” que ressuma da inarrazoada prosa do colunista.
A experiência do DN – muitos concordamos – foi um momento de infeliz desvario, quando a loucura era a regra.
VPV olha-se no espelho – só pode ser – quando desabafa que “o fanatismo excede o tolerável”.
Na verdade, deixe que lhe confesse, PV, o seu costumado azedume de cronista... Desta vez vomitou-o sobre quem o não merece. Mais, deixe que lhe diga, também, que a imagem trazida pelo Nobel - que se refugiou e exilou na sua ilha dos amores (na sequência da fúria persecutória de “arejadas” e laras mentes como a sua) -, acerca da crise, é profundamente acertada.
Nem me venha falar de Estaline – de todos os estalines - como se, ao invés, uma andorinha fizesse a Primavera!
Pese, embora, poder beliscar – ligeiramente que seja – amigos que, de muito longa data, estimo e respeito (sou amigo do meu amigo mesmo em momentos ou circunstâncias que me possam incomodar), sempre lhe direi, ainda, que Estaline, para mim como para tantos fervorosos amantes da democracia e da liberdade, de há muito, muito, mesmo muito tempo (estou em avançado Outono do percurso translativo da minha vida) não é flor que se beije, nem santo que se venere, em fundamentais aspectos de humanismo. Até para Saramago, repito, segundo julgo saber e ressalta da sua vasta obra.
Não há vantagem ou ganho que minimize (menos, ainda, faça esquecer) o comportamento torcionário, o cariz assassino. Tenha o seu autor o nome que tiver, prossiga ele a ideologia que defender!
Daí (da inconfirmada base dos seus impropérios) ao seu vómito... Vai uma larga distância.
Tolerância?
Não atire, assim, com as palavras.
Já que, pelos vistos, nunca o fez, queda-se um pouco e analise a sua semântica.
Seja racional!
E depois de analisar o seu significado, seja tolerante.
E mais razoável e comedido.
Até...
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2 comentários:
Foram umas bengaladas bem dadas.
VPV,frequentemente,"passa-se".
Quando verte o vinagre,como desta vez,nem se dá conta de que está a ser "estalinista"...
Eu não sou um incondcional do escritor. Aliás, enquanto escritor está longe de me encher as medidas. Mas respeito-o enquanto tal e sobretudo o homem. A fase DN foi lamentável, mas naque contexto tem que se dar algum desconto.
JR
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