quarta-feira, 8 de outubro de 2008

IMPRESSÃO IMEDIATA

Acabado agora mesmo o debate em Nashville, Tennessee, é difícil a um comum mortal, não especializado nestas análises, deixar aqui, na bruma do espaço, mais que uma impressão. Aliás, para além de ser deixada em cima da hora, acontece a uma hora destas.

Não tenho dúvida de que Obama reúne um maior e mais valioso conjunto de qualidades do que o seu opositor. E soube demonstrá-lo.

O senador McCain deixou transparecer, iniludivelmente, um tremendo pavor ao debate. Para mais estando a viver-se, sobretudo aí, o momento que se vive.

Pequenino e saltitão, encostado ao bordo da alta cadeira para poder ter os pés no chão, o candidato republicano sentia-se diminuído.
Não é caricatura maldosa. É retrato sem qualquer retoque.
Nervoso, transmitia no palco, e fisicamente, aquilo que se passaria, segura e visivelmente, na sua cabeça: percorria saltitante e com dificuldade um curto espaço de manobra. Sublinhando, com esse jeito de andar, a sua senilidade. Agastado, aos olhos do mais complacente.
Aliás, entre outras seria mais uma das vantagens de Obama sobre McCain: se como este se sentisse confuso, pressionado pelos acontecimentos, acossado pelo descrédito do seu partido, não se daria por tal incómodo através da sua expressão facial: não se notaria que ficava lívido, transido, mais branco que a brancura do pouco cabelo do seu opositor, como aconteceu com o senador republicano.

Obama esteve melhor e mais seguro que no debate anterior. Sabe estar e sabe falar. Porque não tem telhados de vidro e porque tem do seu lado a razão e um maior apoio e maior preparação.

Obama falava a linguagem das pessoas e das famílias, uma linguagem entendível mas de quem consegue esmiuçar os grandes temas e os seus códigos para todos entenderem.

Uma das mais curiosas respostas do septuagenário conservador, de indesmentível e fácil previsibilidade, foi aquela de que Obama queria trazer de volta as tropas do Iraque com uma derrota, enquanto ele as queria trazer com uma vitória!
De indesmentível e assegurada previsibilidade o intuito de McCain, repito.

E a assistência mostrou quanto era disciplinada e respeitadora do que se passava ali ao resistir à mais monumental gargalhada quando o candidato republicano proclamou o governo do seu país como o campeão e o fazedor da paz no mundo!

Curiosamente, McCain foi mais o candidato dum outro e hipotético partido que não do seu, o republicano: todos os problemas tinham causa em falhas e na falta de competência de "Washington": como se na Casa Branca estivesse um fantasma (o que alguns, na melhor das hipóteses, também admitem).
Apresentou-se como uma consciência moral e reserva do seu partido, que ninguém lhe reconhece.
E foi insistente numa atitude paterno-tutelar para com o seu opositor, o que, sendo característica do seu perfil e idade, não foi grandemente abonatório para a sua pessoa, nem pareciado. Antes jogou contra si.

Este debate - também este - deve ter doído bastante à causa republicana.


Bom, mas tudo isto se passa nos EU, atenção.
Logo, o inesperado pode ser instantaneamente forjado. E acontecer.

Aguardemos a evolução do processo.

São 4:35: entrego-me nas mãos dos impiedosos críticos.


2 comentários:

José Ricardo Costa disse...

Não vi, portanto, não posso falar. Mas, ó ZL, tem alguma coisa contra os homens pequeninos?!...

JR

aminhapele disse...

Neste debate,ao contrário do anterior,Obama ganhou nitidamente.
No anterior,a meu ver,ganhou por pouco.
Uma coisa me parece certa:como os americanos irão votar,não sabemos.
Mas o resto do Mundo "vota",esmagadoramente,em Obama.
Se,desta vez,a plateia era de indecisos pareceu-me que decidiu!

 

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