Não é difícil descortinar para que lado pendem, de uma forma geral e em termos de ideologia, as reflexões de Fr Bento Domingues, semanalmente, em sede de opinião, no Público.
Realmente, não será justo dizer-se dele como se pode afirmar da Igreja, enquanto instituição que, tradicionalmente, desde remota idade, fala à esquerda... mas come à direita! Ou que em cima da mesa põe as questões da pobreza e da marginalização, mas por baixo dela faz o jogo dos ricos e poderosos.
Ao Domingo sigo “religiosamente” estas homilias do dominicano.
Hoje o tema era “Sociedades do medo”.
“Vivemos um tempo de incertezas que nos tornam vulneráveis sob o ponto de vista social, económico e afectivo”, destacava uma pequena síntese antes do título.
“Há medos e medos”, explicava o colunista. Havendo-os, até, que “podem ser pedagógicos”.
E depois de uma breve incursão pelo mundo da ciência (“as leis, pelas quais a ciência se rege, deixam pouco lugar para Deus e o seu conhecimento substituirá as religiões”, o que, em sua opinião, não nos dá mais segurança), pelas teses capitalistas (onde, a propósito da presente crise, afirma: “não sabendo, no momento em que escrevo, as medidas que vão ser tomadas para vencer a crise, só vejo estilhaços em todas as direcções, nos cenários apocalípticos das grandes praças financeiras”), e após “recordar, apenas, o princípio típico da doutrina social cristã" (“os bens deste mundo são originariamente destinados a todos”), remata a sua coluna desta forma: “enquanto houver guetos de pobres e condomínios fechados de ricos, é de ter medo. Para evitar o medo omnipresente, é preciso reorganizar o espaço urbano, público, onde todos se possam encontrar e enriquecer a diversidade cultural. Juntos, não teremos medo”.
A verdade é que numa sociedade cada vez mais segura (?!), a insegurança é o sentimento cada vez mais generalizado dos nossos dias. Acompanhado pelo da impunidade dos que acometem a segurança de todos!
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2 comentários:
Bem prega Frei Bento...
O pior é que, na igreja, são menos as vozes que as nozes!
JR
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