domingo, 26 de agosto de 2007

DO CAPITALISMO SELVAGEM ÀS TELECRACIAS ANTIDEMOCRÁTICAS




Falava, antes d’ontem, do capital.
Como fonte de grandes males e desequilíbrios para a humanidade quando não controlado, eficazmente, por um poder político independente e verdadeiramente ao serviço da causa pública.
Falava numa perspectiva realista, conquanto pudesse, a alguém, parecer a dos grupelhos de extrema-esquerda dos anos em brasa de 70.

Aludia, afinal, à mesma vertente que é hoje abordada por Mário Soares na sua quadrúplica a JMF, no pingue-pongue que com ele tem mantido acerca da evolução das “democracias”.

Recorda aí, o velho político, a bem pouco virtuosa e nada recomendável democracia liberal, na actual versão americana que o respectivo regime (maxime o partido republicano) não só pratica internamente como pretende impor a povos de outras latitudes e longitudes, doutras culturas e tradições.
Democracia que espezinha os Direitos Humanos (é “ensurdecedor” o “eco” de Guantánamo e de Abu Ghraib), que se verga ao poder económico, que compra partidos ou sensibilidades dentro deles, e determina escolhas eleitorais ao sabor dos seus venais critérios. São, afinal, as plutocracias que, rápido, resvalam para as telecracias (Céus! Que vias! Que processos!) antidemocráticas (tudo, segundo as calculadas previsões de Bernard Stiegler, o homem que na prisão se converte em filósofo).

E isto, insiste o ex-presidente, «para já não falar do descrédito ético - o pior de tudo, para o Ocidente - quanto aos valores e aos princípios proclamados, e na prática não cumpridos, em que tanto o capitalismo, na sua actual fase especulativa-financeira, como a democracia dita liberal, têm vindo a incorrer, nos últimos anos.»

Tenho pena é de não ver em Mário Soares um exemplo vivo e actuante – sempre - de político não impressionável por certos cálculos para garantir e “segurar” a democracia!

Uma coisa é camuflar uma situação com arrogante altivez (passe a enfática redundância), outra, a certeza dum rumo e o denodo em prossegui-lo.

Os jogos de poder não passam, essencialmente, disso mesmo: artifícios para o perpetuar. Nem sempre em benefício daqueles em nome de quem se jurou, na praça pública, fazê-lo.

A História regista os factos. A memória perdura. Não perdoa.


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