quinta-feira, 16 de agosto de 2007

INSÓLITO





A política traz-nos surpresas e reflexões inquietantes.

Nada que as novas sensibilidades na matéria não tenham, de há muito, entendido.
Mas quem persista em raciocinar em moldes de uma certa lógica, motivado pelo lastro de uma razoável experiência, imbuído de certos valores, guiado por velhos princípios, apoiado em ancestrais práticas... Não pode deixar de ficar perplexo.
Varado, é o termo.
Senão, vejamos.

Os jornalistas são, de há muito, em qualquer democracia aberta, um seu importante pilar. É difícil, mesmo, entender o exercício de cidadania plena sem o caminho desbravado pelo jornalismo sério, consciente e responsável. E INDEPENDENTE.

Mas, desde tempos imemoriais, quem defende a liberdade de expressão, pedra de toque e alimento daquele jornalismo?

Percorra-se desde quando se queira, e de ponta a ponta, a longitude ideológica, e sempre encontraremos a defendê-la a esquerda. (Deixemo-nos de conversas: a uns, nunca lhes conveio; para outros, deixou de fazer sentido. Mas é a expressão que melhor se quadra à situação).

Aqui chegados, e aportados aos dias de hoje, que verificamos? Aqui, em Portugal? Hoje, século XXI?

Pasmamos com esta coisa tão insólita: um presidente da República, da direita (eleito parece que não por engano, nem por acaso – embora mais por cedência da esquerda que por virtudes da sua área de influência), veta o novo estatuto dos jornalistas.
Bom – poderia um ET observar – está bem: presidente de direita, mas que não cedeu a uma rasteira feia de uma direita mais radical!...
Pois é aí que está o ponto: lei cozinhada por uma maioria, por um partido socialista que, como é geralmente sabido, tem, em princípio, um toque – pelo menos – de esquerda. Que ESTE nem isso tem.


Há, a propósito, a tendência para uma conclusão perigosa e precipitada: estaremos perante um PS e um governo menos de esquerda que um presidente de direita!

Nah! Não corro assim tão depressa a conceder um tal benefício da dúvida ao presidente. Vários motivos e, sobretudo, vários cálculos estarão na base (estratégica) deste veto. Que não, seguramente, a defesa da liberdade de expressão. Nah, nah! Isso, não.

E lá vamos cantando e rindo...
Até quando?



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