foto Tiago Melo
Há pouco, Vasco Pulido Valente dedicou uma das suas habituais crónicas no Público ao BE, em geral, e ao seu líder coordenador, em particular.
Excedia-se, manifestamente, em considerações em torno da postura e da maneira de se exprimir do dirigente bloquista e deleitava-se, venenosamente, na eventual perspectiva de um confortável e tranquilo futuro dos seus companheiros nas alas do PS, chegada uma idade mais veneranda e mais provecta.
Claro que dispararam as entrevistas a Francisco Louçã, que acorreu a todos os pedidos de comentário ou de resposta aos “excessos” de PV.
Desta vez foi Pedro Correia a entrevistá-lo para o DN, ontem.
Numa outra declaração sobre a matéria, Louçã mostrara-se um pouco agastado. Não desta vez, considerando, com evidente bonomia, que VPV não é mais que um “burguês enfastiado” que imagina ter deixado a trás de si, quando deixou a política, o caos.
(Ao contrário, quem hoje se mostrou muito afobado com o desenrolar deste acontecimento, foi o próprio VPV, na sua habitual coluna do Público. Mas, revelando inconsciência de tal facto, concluía, aí, com um acintoso: “Quem protesta demais...” Que lhe assentava às maravilhas.)
De comentário em observação, de observação em crítica, de crítica em constatação de autoritarismo, de constatação de autoritarismo em comprovação de sinais de preocupantes desvios, a aludida entrevista, em todos os seus fios, emaranha-se num nó inevitável: “mas o PS proclama-se socialista...” – ata, por todos nós, o entrevistador.
Louçã, agarra a mão, segura a oportunidade, mas não atira, logo, a matar. Com laivos de ironia, primeiro, confirma tão singelamente: “o PS é o partido da privatização da energia ou da água” – assim como quem encolhe os ombros e conclui: que mais é preciso para classificar tal socialismo?
Bom... Mas de seguida (e imagino que mudando de cor, de feição, de expressão) atira com extrema dureza, com rara mas serena violência, impiedoso: “o PS é um partido que vacila perante os fortes e mostra-se capaz de atingir os fracos com a maior brutalidade.”
Para mim, é líquido que ele visava ESTE “partido socialista”...
E, na realidade, relativamente a ele é um juízo terrível. É a sentença mais aniquiladora. É o desmascaro mais cruel.
Dá que pensar! A muitos deles! A alguns de nós.
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