terça-feira, 21 de agosto de 2007

A SANHA DE VASCO GRAÇA MOURA

VGM retratado por kaos (WE HAVE KAOS IN THE GARDEN)

Os jornais enchem hoje as suas páginas com a história do acto de vandalismo praticado, no passado Domingo, no Algarve, destruindo um hectare de milho transgénico.

Não há grandes certezas sobre quem, exactamente, desencadeou tão reprovável acção.
Nuno Pacheco (em editorial do Público) fala de “algumas fotografias [que] mostram uma parada folclórica e multicor, óculos escuros, chapéus ou lenços enrolados nas cabeças, tambores em uso. Outras um grupo menos colorido e de ar ameaçador, caras semitapadas e um ou outro punho erguido”.

Tudo muito vago quanto aos autores do criminoso acto.
Tudo muito vago para um observador sensato e equilibrado. Não para um assanhado liberalóide de fancaria, como é Vasco Graça Moura (em artigo de opinião no mesmo diário).
Para um descabelado reaccionário, como VGM, uma (mesmo que desajustada) designação chega para fazer condenar ao degredo e à máxima pena os que se acoitam sob tal bandeira, ainda que abusiva ou oportunistamente.

VGM é do tempo, como eu, em que a PIDE e a direita trauliteira desencadeavam acções comprometedoras (assaltos, furtos e outros crimes e desacatos) com o aparente selo da esquerda para, precisamente, conseguirem que a generalidade dos inocentes e desprevenidos cidadãos condenassem tais “acções comunistas” que eles forjavam e encenavam.

VGM está sempre pronto a morder em tudo quanto lhe cheire a esquerda ou a democrata. Mas sabe, tão bem quanto todos sabemos, que a “esquerda” contra a qual ele investe é aquela que, daqui a nada, vem engrossar “o pelotão de desertores da extrema-esquerda que hoje engorda as engravatadas fileiras do liberalismo”. Que com ele emparceiram e fazem coro.

... A caravana prossegue sempre o seu caminho.


EM TEMPO: tinha já o texto acima concluído quando soube da intervenção de Miguel Portas sobre esta matéria, no DN do passado Domingo.
Pasmei. Não queria acreditar que MP fosse capaz de dar força e substância a um VGM.
Por inacreditável que parecesse, era verdade.

Só pode tratar-se de um lapso. (O de Miguel Portas, claro).

Lapso, é pouco. É suave: grave e grosseiro erro, direi antes. Tremenda calinada – em termos mais universalmente entendíveis e expressivos.

É evidente que o Bloco irá esclarecer este assunto. Para não desmerecer o capital de respeito que vem conseguindo.

Pela minha parte – com a enorme vantagem do descomprometimento em relação a qualquer partido, associação ou movimento político – lastimo o sucedido. E mantenho o maior repúdio pela sanha descontrolada e absurda do sr Graça Moura que mete no mesmo saco uma “esquerdalhice” irresponsável folclórica e inconsequente e uma esquerda sensata, responsável e a todos os títulos respeitável.
Como lastimo que certas figuras se deixem arrastar para o lodo onde se encontram todos os graças mouras e para onde estes os querem atrair.

Repito: não obstante, a caravana prossegue.

4 comentários:

aminhapele disse...

Cada vez há mais problemas com as portas.
As velhas estão cheias de caruncho.
As novas sofrem com as humidades.
Felizmente há sempre,com "graça",um frade com um rictus congelante que pretende olear as portas mas,coitado,deve ser por mau assento dos dentes,só as consegue fechar.

bettips disse...

Para mim, sanha é contra a estupidez de um qualquer dito movimento, da direita que, para mim, é mais estúpida, e da "esquerdice", quando ela serve os ditos interesses (como bem se viu nos aboletados MRs e Rs). Como quem diz: não havia necessidade do espectáculo grotesco e a armar ao pingarelho. Há movimentos ecológicos que enquadram esses protestos. Na verdade, aquilo pareceu-me fantochada de um grupo sem ter que fazer e já um pouco "alucinogénio". Preferiria um protesto com cartazes bem escritos e gente suficiente, acampada à porta de um golf desses que "se vão" constuir. Bem entendido que VGM e VPV bem como outros MRS ou MA ou mesmo AB, cantam bem mas desafinaram sempre na altura do coro. Para mim. MP continua com a minha consideração se se quis demarcar: e nada mais. Não li, não leio. Não gosto de figuras tristes e alegadamente "apolíticas". Abraço.

aminhapele disse...

Entre a graça do rictus e o rictus da graça,está uma completa barafunda.
Ora leiam no DN as "borboletas" do VGM...

jlf disse...

Que tristeza que uma certa esquerda esquizofrénica ofereça caução e argumento a uma direita completamente vesga e destrambelhada.

Como não há-de o sr VGM perorar da forma que o faz? Como conter o ímpeto progressista, como soe ser o de um leiriense, ainda para mais de tão esdrúxulo nome como o do sr Antides Rama de Oliveira Santo, que enfatiza com desajeitada ironia, que “no caso de Silves, os jovens (?) (...) ficaram em liberdade e satisfeitos com a sua nobre acção (...)? Como negar razão ao sr Manuel Brás, para quem “essa coisa de destruir colheitas e matar gente à fome tem a sua tradição na esquerda de referência do século XX”?

Aliás, as “Cartas ao Director” da edição de ontem, do Público, são uma importante peça a ter em conta para demonstrar à saciedade o quanta razão tem o mesmo referido lisboeta, sr Manuel Brás, quando, acerca do tratamento desta matéria pelos media, afirma que ela «revela bem o enviesamento ideológico de que enfermam as redacções dos jornais de “referência”».

Está carregado de razão o Sr Brás, então não é evidente?

Que seria de nós se a caravana se perturbasse!

 

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