sábado, 4 de agosto de 2007
MR MAGOO
Nos anos 50 era freguês, mais ou menos frequente, da pastelaria onde a malta (o meu grupo) se reunia, um velhote baixinho, calvo e muito pitosga. Claro que logo o baptizámos de Mr Magoo. O velhote atravessava a esplanada e entrava na pastelaria resmungando sempre com alguém, por qualquer (desconhecida) razão, ou por razão nenhuma. E era também habitual o nosso Mr Magoo “rosnar”, sempre, a propósito de tudo e de nada, a mesma expressão: “é um paradoxo”. E ainda bem não repisava, mesmo, protestando contra alguém em concreto que, perplexo, sem descortinar o menor motivo, o olhava incrédulo: “é um paradoxo, não há dúvida. Um paradoxo. Sabe o que é um paradoxo? Claro que não sabe o que é um paradoxo!...” E prosseguia no seu caminho, barafustando sempre.
Propunha-me, hoje, escrever duas linhas acerca de Marques Mendes.
A verdade é que já lá vão mais de uma dúzia de linhas, e de Marques Mendes apenas mencionei o nome.
Mas porque motivo me terá ocorrido Mr Magoo: realmente, o líder do PSD não é velhote, nem calvo ou pitosga…
Ah, sim, já me lembro: era a propósito de paradoxo.
Exacto: bem vistas as coisas, trata-se de uma questão paradoxal e inexplicável a invocação de Marques Mendes, na entrevista dada hoje ao Diário de Notícias, das três ideias em que diz alicerçar-se a sua forma de fazer política: coerência, consistência e credibilidade!
Na verdade, será a mesma pessoa o presidente do PSD que há dias acompanhou Alberto João Jardim, na via sacra das tasquinhas e da romaria do Chão da Lagoa, descrito mais abaixo, no post de 30 de Julho, e o entrevistado de hoje daquele diário?
Reveja-se o mencionado post da passada Segunda-feira: o Marques Mendes de que ali se fala será, porventura, a tal personalidade que hoje se proclama politicamente coerente, consistente e credível?
Há políticos que são um espanto.
Um paradoxo, diria Mr Magoo.
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