segunda-feira, 26 de novembro de 2007

CIMEIRA DE ANÁPOLIS




Não acredito que a Cimeira de Anápolis (Washington), amanhã, adiante um segundo ou um milímetro, que seja, para a tão almejada paz no Médio Oriente.
Nem será sem um sorriso complacente dos menos conservadores, ou sem um esgar dos não conservadores, que alguém ouve falar na intenção de Bush de “relançar um processo de paz” naquela zona do mundo.
Os americanos e os restantes conservadores podem querer iludir-se com essa eventualidade, mas mais ninguém acredita nela.
Não nos iludamos: é por de mais evidente e está sobejamente demonstrado que o actual presidente dos EU não é um amante da paz.

Dizia, há dias, Esther Mucznik, no Público (“O verdadeiro teste da paz”, QI 22NOV): “contrariamente ao consenso generalizado nas chancelarias ocidentais, a chave da paz israelo-árabe não é o Estado palestiniano. É o abandono do sonho de liquidar Israel”.

A investigadora em assuntos judaicos talvez tenha a sua razão: é capaz de ser “o consenso generalizado nas chancelarias ocidentais”. Mas só (praticamente e em grande medida) dentro delas. De resto, creio estar longe tal consenso.

É irrecusável que o território do estado de Israel se encontra rodeado de paióis. É verdade que muitos palestinianos (e muçulmanos em geral) não aceitam o reconhecimento do Estado de Israel. Não tanto, talvez, pela atitude agressiva e dominadora, a qualquer preço, de Israel, mas pela presença, bem pouco subliminar, dos EU, em tal processo, na prática, contrariando aquele proclamado anseio. O que acicata palestinianos e vizinhos contra o estado israelita (o tal “sonho de liquidar Israel”) é, creio que acima de tudo, o indisfarçado apoio que os EU dão a Israel. Assim como Israel não tem a menor hesitação em assenhorear-se de territórios palestinianos e em agredir os seus habitantes, porque – passe o plebeísmo – sente as costas quentes.
O problema da paz no Médio Oriente, e em grande medida do anti-semitismo – estamos muitos (a maioria, seguramente) convencidos disso – está na intromissão dos Estados Unidos na matéria e no evidentíssimo apoio e protecção que dispensam a Israel.

Israelitas e palestinianos não teriam outra alternativa que entender-se, não foram as ajudas com que sabem poder contar.

Não é com o dúbio e – pior ainda – dúplice papel com que o presidente Bush se apresenta nesta tentativa de aproximação que se resolve o problema. Que se atinge a paz entre esses povos.

Bem pelo contrário – essa sim parece ser a convicção geral.



1 comentário:

aminhapele disse...

"...o abandono do sonho de liquidar Israel...".
Concordo em que não se avançará um milímetro na "cimeira".
Também não vejo que estejam empenhados nisso!
No fundo,esta encenação serve a todos para "lavar as mãos".
A culpa é sempre do outro...
O problema original mantem-se:
"Porque tenho um "Estado" plantado no meu quintal?!"

 

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