Convém recordar:
Uma coisa que por certo não me falta (entre tantas de que careço imenso) é capacidade de autoavaliação e autocrítica. Que pratico.
O jovem tem metade da minha idade, mas uma capacidade de análise, um saber, uma estruturação e uma profundidade de raciocínio, um conhecimento do mundo (político) (é historiador, ajuda bastante, é certo), um interesse de discurso que são o dobro, pelo menos, dos meus.
Não é só mais perfunctória, a minha análise. É mais rudimentar.
Pairo mais ao nível dum sentimento comum, que se prende com uma sensibilidade, tal como a dele, diferente da conservadora ou da neoliberal, na apreciação, mas mais primária. Cavalgo o escândalo das evidências sem curar tanto da etiologia dos acontecimentos.
Fica demonstrada, à saciedade, a diferença entre o crítico conhecedor, profundo, maduro, e o amador atrevido e menos consistente.
Seja: ouso comparar o trabalho do jovem Rui Tavares, hoje, no Público, sobre o significado de Anápolis, e o meu desabafo de ontem sobre o mesmo evento.
Penalizo-me pela minha insuficiência, orgulho-me da sua capacidade de crítica e clareza.
Curiosamente, na mesma edição daquele periódico encontro um trabalho de Randa Nabulsi que parece poder servir, de algum modo, de suporte àquele meu desapontamento e exteriorização.
Mesmo assim, há uma considerável distância entre o que eu ali (pre)sinto e o que afirma a mesma Delegada Geral da Palestina na sua crónica (“É tempo de uma paz justa”) quando confessa: “O tempo é inimigo da paz e, neste momento, em Annapolis, não deveremos perder tempo com relações públicas e fotos de família, mas sim pensarmos que é uma oportunidade a não perder no avanço do processo de paz e estabelecer datas definidas”.
Na verdade não tenho a mesma esperança que Randa Nabulsi. Mas estou absolutamente de acordo quando ela diz que “é tempo de se alcançar uma paz justa e duradoura na nossa tão sofrida região”.
Sem dúvida.
Para quando?
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