quinta-feira, 15 de novembro de 2007

A SENSATEZ E O SABER NÃO SÃO UM EXCLUSIVO DE (ALGUNS) VELHOS






Não se encontra todos os dias um jovem com 35 anos com semelhante maturidade e um tal saber acumulado. Falo de Rui Tavares.

Numa espécie de desgarrada, de Segunda a Quinta, Helena Matos e Rui Tavares, em dias alternados, esgrimem entre si, numa coluna do Público que se chama, muito a-propósito, “Pingue-Pongue”, argumentos de direita e esquerda, respectivamente, sobre diversos temas.

Dirimem, cada qual para a sua plateia, e ambos para uma plateia mais alargada, os seus pontos de vista acerca de um tema em debate.



Hoje, Rui Tavares, no que eu considero uma lição de análise e atitude política, começou por fazer uma iniludível constatação: acerca da (tão convidativa e bem mais reconfortante) migração de militantes ou simpatizantes da esquerda (e quanto mais radicais e vanguardistas eles forem, mais apelativa ela é) para a direita, apresentou quatro exemplos paradigmáticos dessa evolução: Nick Cohen (autor de "O Que Resta da Esquerda", editado em Portugal por Zita Seabra; a mesma Zita Seabra a propósito desse trabalho e de outras suas azucrinadelas; José Manuel Fernandes a respeito de um seu recente editorial em que defendia Juan Carlos e o Papa; e Helena Matos, acerca das suas posições sobre o incidente Chávez-Juan Carlos (e Zapatero), durante esta última Cimeira Ibero-Americana.

E reflecte, então, RT:
“são, enfim, quatro exemplos de que é fácil as pessoas saírem do marxismo mas é mesmo muito difícil a retórica marxista sair das pessoas. Ela continua a reciclar os seus velhos vícios - as amálgamas, a rigidez, o maniqueísmo, a culpa por associação e até a pura fabricação - para o debate público.”

Creio que a ninguém restará a mínima dúvida sobre o acerto da reflexão.

Depois, RT detém-se numa outra análise: os epítetos lançados de “fascista” (Chávez, acerca de Aznar) e o de “ditador” (HM sobre Chávez), por um lado, e por outro as atitudes do rei de Espanha, que, sem defender liberdades ou democracia, se limitou a mandar calar o presidente venezuelano, e a de Zapatero que saiu em defesa do respeito pela democracia. E a propósito pondera:
”a grande diferença, antes de ser entre esquerda e direita, é entre quem gosta de deixar falar e quem gosta de mandar calar”, embora não escamoteie nem deixe de lembrar que “há gente de esquerda que gosta de mandar calar - Chávez é um bom exemplo - e também gente que gosta de ver mandar calar, por interposta pessoa, enquanto foi de esquerda ou quando passou a ser de direita”
.

Como para RT, conforme ele confessa, igualmente para muitos (todos?) democratas o autoritarismo, de qualquer sinal, é uma atitude desprezível, inaceitável.
Mas a verdade é que o autoritarismo irrompe em cada geração de políticos... Mesmo em democracia!

Até quando?

Sem comentários:

 

Web Site Counter
Free Dating Services

/* ---( footer )--- */