segunda-feira, 12 de novembro de 2007

JOGADOR BATOTEIRO

aeroporto de Lisboa




Segundo, se não todos, uma grande maioria dos entendidos, impõe-se a construção de um novo aeroporto internacional na área da capital.
Concedamos o benefício da dúvida ao governo quanto à decisão sobre tal necessidade. Inevitabilidade, admitamos.

Mas a partir daí – dessa decisão – desde logo se começam a desenhar muitos circuitos com vista a esse objectivo.
Uma obra destas implica, assim, e desde logo, a constituição de múltiplos lobbies, visando os interesses de diversos grupos ou personalidades nas várias fases do projecto. A primeira das quais é, obviamente, a sua localização.

O ministro Lino apresentou uma proposta: localização na Ota.
Desfilaram, a partir de então, nos media, vários críticos, nomeadamente a título pessoal, em geral engenheiros e outros conhecedores da matéria.
A dada altura estavam na mesa, pelo menos, umas 4 propostas: na margem direita do Tejo, Ota e Portela+1 (consistindo esta hipótese na manutenção do actual aeroporto mas com a edificação de outra infra-estrutura de média dimensão); para a margem esquerda do rio propunham-se as hipóteses de Poceirão e Alcochete.
A reacção do ministro Lino às propostas da margem Sul do Tejo, de tão desastrada e ridícula, foi, além do mais, muito gozada: não houve humorista, caricaturista ou cartoonista que não produzisse várias piadas e trabalhos acerca do “deserto” de que falava o ministro, sem esquecerem as respectivas dunas e os vagarosos camelos.

Esquecendo as tristes “tiradas” anedóticas do ministro, foram feitas várias críticas e realizados alguns estudos.
De entre estes críticos destacou-se a CIP que apresentou, defendeu e fundamentou a localização de Alcochete.

O assunto revelava-se sensível, e o primeiro-ministro garantiu a entrega dos estudos da CIP ao LNEC para uma sua avaliação ainda este ano.
Só que o ministro Lino antecipou-se e, à revelia da autoridade do chefe do governo, entregou o estudo da CIP, não ao LNEC, mas a uma empresa dele dependente: a RAVE*. E então foi engendrada e “cirurgicamente” montada uma campanha, durante este último fim-de-semana, descredibilizadora do estudo da CIP.

Para já, e pelo menos, encarregou-se o Director do Público, no seu editorial de hoje, de desfazer equívocos e demonstrar a desonestidade e falta de fundamentação – ou fundamentação intencionalmente baseada em dados falsos, distorcidos e errados – do trabalho apresentado pela RAVE*, por encomenda da tutela, o dito ministro Lino.
Recomendo, pois, a leitura desse editorial. E só não remeto para ele, “lincando-o”, porque apenas os assinantes do jornal têm acesso a tal matéria, “online”.

Parece que, mais uma vez, o ministro das Obras Públicas quis ir à lã... e veio de lá tosquiado.
E ainda agora a procissão nem ao adro chegou...

Será que é nossa sina ter de suportar – e pagar – todas as barbaridades de governantes deste calibre?

Até quando?



* RAVE - Rede Ferroviária de Alta Velocidade, S.A.

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