José Manuel Fernandes tem razão. No seu serôdio neoliberalismo, está bem sintonizado com a nossa realidade social. Na verdade, se a culpa dos jovens de hoje, pelo facto de não conseguirem trabalhar, não é deles, é dos pais deles, como na fábula.
“Os portugueses, noutros países, reagem bem a quem os leva a correr riscos e a empreender. Por que hão-de, em Portugal, continuar a sonhar, como sucede com demasiados jovens, com a segurança de um pacato emprego no Estado ou numa empresa pública?” É como reflecte, hoje, com certa ligeireza e muita convicção nos mecanismos “miraculosos” de uma economia abertamente liberal e desregulada (com retracção do estado social e o desenvolvimento do Estado penal, ainda também, deve recordar-se), o director do Público.
De facto, os exércitos de jovens licenciados, e de outros, que mourejam por esse país além, não trabalham porque não querem. Que necessidade têm eles, hoje, mais que ontem tinham outros (atente-se bem neste pormenor), em procurar essa enseada tranquila onde aportam as empresas de sucesso? Ou, vá: sem grandes problemas?
Falta-lhes lá ímpeto externo, capital e condições para cerrarem os dentes, fecharem os olhos e irromperem mercado fora sem recear riscos ou temer dificuldades!
Com certeza, sr director.
A conjuntura – em ambas as vertentes – e a nossa particular situação estrutural não são de molde a refrear os ânimos. Nada disso. Pelo contrário, não é sr Fernandes?
Até se querem convencer – os coitados – que o simplex está aí, mesmo. (Ainda não atentaram bem que não por enquantex... E, em muitos aspectos primaciais, nem se sabe para quando)
Todos nós sabemos muito bem que muitos dos nossos jovens, a grande maioria deles, não são nenhuns madraços. Não são, exactamente, aquelas lerdas criaturas que os “inteligentes” deste país calculam. São responsáveis e competentes. O que não têm é nenhuma oportunidade.
Não é o mercado que os assusta. Não é a competição, que resulta da competência, que lhes tira o sono.
São os “cozinhados” que os srs fazem: leis, mercados, competências, perfis, capitais e todos os mais temperos...
Fora das fronteiras do poder, para além da sua muralha de influência, não sobra nada para o mais ousado, trabalhador, competente. Salvo alguma raríssima excepção. Entenderam bem, srs fernandes?
Claro que na pele do tal lobo da fábula está sempre o senhor do capital, dos empregos, aquele que está sempre especialmente “vocacionado” para seleccionar “os mais capazes”... Claro. Mas isso!...
Lérias, srs fernandes e “mailos” seus “compadres”! Lérias!
Até quando?
E depois?
1 comentário:
O Dr.Fernandes saberá o que é ter uma licenciatura de uma Universidade a sério,investir em dois ou três mestrados(estamos a falar de uma daquelas poucas áreas que se diz ter "mercado" assegurado) e acabar a vender camisas numa loja de um hipermercado,a receber 500 euros mensais
Arriscar?ONDE?!
Madraço?É um bom nome para ele chamar
à janela do prédio.
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