A crónica de hoje de José Ricardo no Jornal Torrejano, acerca dos cientistas da educação, vem, como sempre, em doses equilibradas de ironia e lucidez. E conduz-nos, como habitualmente, à ilação mais sensata.
Quando se começou a falar de tal espécie de cientistas, em que pensávamos todos nós? Seguramente no mesmo com que JR confessa ter sonhado: “pessoas que dedicavam a vida a estudar a melhor maneira de levar as crianças, não só a saírem da escola sabendo muito mais do que quando entraram, mas também com a inteligência mais espicaçada.”
Nem mais. Ou então, pelo menos.
Todavia o que se constata não é exactamente isso. Antes, mesmo, e precisamente, o seu inverso, já que um cientista da educação mais não é – respigando novamente JR – que “alguém que passou anos a estudar para concluir que a educação deve estar centrada no aluno, que o insucesso escolar é sempre o resultado de um fracasso do professor, que este não é o detentor do saber nem está na aula para ensinar. É apenas um amigo que está ali para ajudar o aluno a pesquisar, a investigar, mas também para lhe dar quilos de auto-estima de modo a poder vir a ser um cidadão feliz.”
E o colunista (que é professor de filosofia, numa escola pública, recordo) prossegue num crescendo de cada vez mais desalentada desilusão, cuja leitura recomendo, não vá ficar-me demasiado aquém na minha interpretação.
O veneno de JR, hoje, vem em dose letal, já que conclui: “Mas que ninguém entre em pânico. Estamos em Portugal e a falar da morte de coisas como saber, cultura, inteligência e boa educação.”
Contudo, a ilação a que nos conduz não pode deixar de ser senão uma: claro que não podemos aceitar que os professores se resignem.
Acreditamos que a maioria dos pais não aplaudam, embora acreditemos que a grande maioria dos alunos rejubile.
Esperemos que seja bem efémera a vida dos talibãs de que ele nos fala, e que as suas raízes sequem, rapidamente.
Urge que o bom senso volte. É, de todo, evidente.
Mas não perca, leia o texto: “Os Cientistas da Educação”
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2 comentários:
A "normalização" vigente,talvez se tenha estendido ao mundo dos "cientistas"!
As expectativas,em relação às crianças que entram para uma escola serão(uma comparação aligeirada e talvez disparatadas)diferentes das de um preso que entra para uma penitenciária?!
Os resultados são semelhantes,o que demonstra a tal "normalização" científica.
Esta crónica é escrita com verdadeiro espírito político e de resistência.
O que está a acontecer em Portugal, na escola, é uma
catástrofe. E olhe que eu não sou propriamente uma pessoa dada a alarmismos e apocalípticos receios.
Também sou pai, encarregado de educação, e, nessa qualidade, misturada com a de actor directamente conhecedor da situação, tenho todos os motivos
para ter medo.São gerações que se perdem.
O José Manuel Fernandes tem toda a razão no que escreve hoje. Tudo delírios dos filhos de Rousseau e apóstolos do politicamente correcto.
JR
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